The Rings of Power – 01×01/01×02 – A Shadow of the Past/Adrift
| 02 Set, 2022
9.1

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The Lord of the Rings: The Rings of Power, uma das séries mais aguardadas do ano, estreou finalmente em dose dupla com A Shadow of the Past e Adrift, e devo dizer que o fez bem e em grande. A pequena ressalva que devo desde já fazer é que eu não sou uma fã hardcore do trabalho de Tolkien. O máximo que fiz até agora foi ver as trilogias de O Senhor dos Anéis e de O Hobbit, e o próprio filme sobre J.R.R. Tolkien. Logo, tudo o que é de livros ainda não tive o prazer de ler nem de mergulhar em todo o lore que envolve a Middle Earth. Sendo assim, a minha avaliação é a mera avaliação de uma fã de fantasia e do mundo que Peter Jackson trouxe ao ecrã. E, sim, é inevitável fazer comparações aos filmes, visto que se não fosse o sucesso dos mesmos, muito provavelmente esta série não veria a luz do dia. Há certas expectativas associadas, como é óbvio! Uns esperam que siga fielmente o trabalho de Tolkien, outros, como eu, esperam sentir a magia da Middle Earth a que fomos habituados com Peter Jackson.

Para dar algum contexto, Rings of Power retrata, pela primeira vez, as lendas da Segunda Era da história da Middle Earth. A história decorre 2000 anos antes dos acontecimentos dos filmes The Hobbit e The Lord of the Rings e mostra uma era onde grandes poderes foram forjados, reinos foram erguidos antes de caírem na ruína, esperanças foram criadas e onde um grande vilão quer cobrir o mundo de escuridão. O piloto faz um belo trabalho a apresentar-nos toda uma história do mal que muitos creem ter terminado. Ainda que comecemos com uma certa paz, ao acompanharmos as aventuras e o dia a dia de diversas personagens, algumas novas, outras já conhecidas, somos desde logo confrontados com o reaparecimento do mal na Middle Earth – se é que realmente chegou a estar extinto.

Confesso que o primeiro episódio foi um pouco pesado para mim, pois realmente foram introduzidas bastantes personagens e nomes de terras e, mesmo depois do segundo episódio, ainda não me familiarizei totalmente. Achei bem que lançassem logo os dois episódios, pois após ver o piloto, embora certos aspetos me tenham fascinado, a forma como montaram a narrativa e intercalaram as diferentes histórias não me agradou. Estava um pouco confuso e all over the place. Já no segundo episódio, talvez por já estar mais confortável com todo o enredo, senti que houve grandes evoluções e que tudo começou a fazer muito mais sentido na forma como os diferentes enredos se irão relacionar. No início senti apenas que “OK, em diversos sítios, diversas personagens estão a ver demonstrações de que o mal continua a existir”; soube a pouco. Acredito que, para os fãs deste universo, deva ser fantástico a introdução de todas as personagens e de todos os lugares que ainda não tinham sido explorados no grande ou pequeno ecrã. Para os mais noobies como eu, gostei muito que fizessem alusão ao mapa para contextualizar e que incluíssem os nomes dos locais.

Embora tenha gostado de ambos os episódios, acho que já deixei claro que o segundo me agradou mais. Considerei um episódio perto da perfeição a todos os níveis, pois conseguiu ser completo no sentido em que estamos habituados no mundo de LotR: desde toda a fantasia e magia que os hobbits traziam, agora desempenhadas pelos harfoots, a secções de ação com Galadriel e Bronwyn, e romance e comédia com Durin, Elrond e Disa. Em relação às personagens, sinto que as apresentações das mesmas foram bem feitas e é realmente fácil afeiçoarmo-nos a todos. Isto deve-se não só ao guião da série, mas a todo o elenco, que brilha de forma ímpar, sem que lhes consiga apontar nada. Em especial, Morfydd Clark – que vem preencher o papel de Galadriel ocupado por Cate Blanchett nos filmes – e Robert Aramayo – que representa Elrond, papel conhecido de Hugo Weaving – fazem um trabalho fantástico como antecessores das personagens já familiares de todos.

O segundo episódio vem aumentar as questões do primeiro, em especial em relação ao estranho que as harfoots Nori e Poppy encontram. Não creio que seja Sauron, pois ainda que seja uma personagem ambivalente, vejo demasiada bondade nele. Mas não faço ideia de quem será. Já li teorias de que poderá ser Gandalf, visto que falou com os pirilampos, mas também sei que Gandalf só deveria aparecer na Terceira Era. No entanto, pelo que percebi, há muitos fãs zangados com o afastamento da série em relação ao material de Tolkien, logo… quem sabe? Mais uma coisa para atear lenha à fogueira, possivelmente!

A nível de mistérios fica também a identidade do humano com quem Galadriel se cruza. Embora se diga que Halbrand foi uma personagem nova criada para a série, há teorias e eu faço parte dos que acreditam nelas: que ele deverá ser alguém com um papel mais importante, mas que está a encobrir a sua identidade. Isildur, és tu?

Realmente, todo o mistério em torno de algumas personagens fazem com que queira ver mais e mais da série para descobrir o propósito delas na narrativa. Adicionalmente, as relações criadas e estabelecidas entre personagens dão um enorme prazer de assistir. É muito nostálgico ver a relação de Elrond com Durin, pois é impossível não pensar em Legolas e Gimli – uns políticos, outros guerreiros.

Por fim, a nível técnico, na minha ótica, há coisas boas e más. Se há algo que não falha é a cinematografia! Cada segundo da série é extraordinário, os olhos perdem-se no que poderiam ser imagens de papel de parede do Windows. Os cenários são muito bonitos e a caracterização das personagens também. No entanto, a maior falha de Rings of Power é o quão esquecível a sua banda sonora é. E digo isto, obviamente, comparando com os filmes de Peter Jackson. A música sempre ajudou a criar um universo e, no caso da Middle Earth, acho que é um aspeto fundamental. Neste sentido, não senti que estava na Middle Earth. Embora adore o trabalho de Bear McCreary em Outlander, aqui não me agradou completamente. Mesmo a própria abertura da série, criada por Howard Shore, o responsável pela banda sonora dos filmes de Jackson, não me surpreendeu. Podiam ter usado partes da banda sonora já conhecida ou pelo menos fazer algo mais na mesma linha, tal como foi feito agora em House of the Dragon em relação a Game of Thrones (prometo que não volto a mencionar estas duas séries na review!). Há sempre espaço para melhorar neste aspeto e talvez estejam a guardar algo espetacular para momentos mais épicos. Assim espero!

Em conclusão, recomendo imenso a série a todos os fãs de fantasia. Quem viu The Witcher, His Dark Materials, The Wheel of Time ou Shadow and Bone vai adorar. Claro que se são pessoas presas aos escritos de Tolkien, provavelmente vão ter muito mais a apontar do que eu, pelo menos a nível de narrativa. Ainda assim, ninguém pode negar a qualidade do elenco, dos diálogos e da cinematografia e, só por isso, vale imenso a pena!

9.1
10
Interpretação
9
Argumento
9
Realização
7
Banda Sonora

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