Alice & Jack: Vida, Retornos e Amor, com Domhnall Gleeson
| 20 Jun, 2024

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Alice & Jack é uma minissérie sobre o amor, protagonizada por Andrea Riseborough (The Regime, Black Mirror) e Domhnall Gleeson (Run, The Patient). Honesta, íntima e surpreendentemente engraçada, a série mostra o amor e as relações em toda a sua beleza inesperada.

Em entrevista exclusiva, Domhnall Gleeson conta-nos o que o atraiu no argumento da série, o que acha sobre a relação de Alice e Jack e os desafios em entrar na pele de Jack.

Lê a entrevista na íntegra a Domhnall Gleeson sobre Alice & Jack:

P: Quem é o Jack?

Domhnall Gleeson (DG): Jack é muito como eu em várias coisas. É um rapaz irlandês – e é aí que terminam as semelhanças, na verdade. Ele é aberto para o mundo, bastante otimista, em geral teve uma infância feliz, apesar de ter perdido os pais. Depois encontra alguém e a sua vida muda.

P: O que o atraiu no argumento da série?

DG: Recebi os guiões há muito tempo, o primeiro e o último episódio já estavam escritos. Eram maravilhosos, muito curtos e diretos. Falavam de amor. Eu já tinha tido procurado algum projeto para fazer sobre o amor e estes [guiões] pareciam ser pró-amor. É fácil estes temas serem meio melosos ou cínicos e este guião não era nem uma coisa nem outra, estava a meio. Achei que a combinação de Jack e Alice era algo que eu ainda não tinha visto antes nos ecrãs e acho que foi disso que mais gostei.

P: Como é que Jack e Alice se encontram pela primeira vez?

DG: Conhecemos Jack e Alice 15 anos antes do momento “presente”. Aplicações de namoro e coisas dessas ainda só estavam a começar a aparecer e as pessoas eram críticas em relação ao seu uso, ou preocupadas, ou achavam que poderiam ser maneiras estranhas de conhecer pessoas. Jack acaba por começar a usar uma app de namoro e a primeira pessoa com quem ele faz match é Alice. Ele encontra-se com ela, não sabendo bem o que esperar, e ela é muito diferente do que ele pensou, mas muito melhor do que o que poderia imaginar.

alice & jack

P: O que os mantém a regressar um para o outro ao longo de 15 anos?

DG: Eles são uma combinação incomum de pessoas. Continuam a regressar um para o outro porque não o conseguem evitar. Encontram um no outro algo que não têm sozinhos. Têm muitas arestas que acabam por os afastar, mas há algo dentro deles que está ligado. Acho que Victor [Levin] acredita na ideia de almas gémeas – alguém que, acima de todos os outros, pode tornar a tua vida melhor e para quem tu podes tornar a vida melhor. Acho que é isso, eles são almas gémeas. É maior do que cada um deles.

P: Pode expandir o conceito de tempo na série?

DG: O Jack tem conceitos mais tradicionais ou usuais sobre como um relacionamento funciona melhor. Alice é mais anti-relacionamentos no início do encontro deles. Existem grandes períodos de tempo em que não estão juntos e depois períodos muito curtos em que estão. Mas são os momentos em que estão juntos que importam. Jack não quer passar nenhum desses momentos longe de Alice. Ele preferiria estar com ela o tempo todo e acha que essa é a maneira de ser feliz. Ela não sente o mesmo. Eles passam a conhecer-se mais no tempo em que estão separados e isso é importante para a série. Além disso, muitas coisas acontecem nesse meio termo: nascem filhos, pessoas adoecem. A vida a passar por eles também faz parte do tema da série.

P: Como foi voltar a trabalhar com Andrea Riseborough?

GD: Tem sido interessante porque trabalhámos juntos duas vezes antes deste projeto, mas há muito tempo. Interpretámos namorado e namorada há dez anos num projeto que também era sobre a brevidade da vida e o impacto do amor. É engraçado estarmos juntos novamente tanto tempo depois e com muito mais experiência, mas a trabalhar temas semelhantes. Termos trabalhado juntos antes certamente ajudou. Há uma linguagem e confiança comuns. Tanto Jack quanto Alice têm momentos difíceis juntos e acho que é mais fácil mergulhar de cabeça nesses momentos quando se pode confiar na outra pessoa.

P: Como foi entrar no personagem de Jack, houve algum desafio?

GD: Jack é provavelmente mais inteligente do que eu. A inteligência dele é diferente da minha. Embora nem sempre esteja emocionalmente afinado, ele é bastante maduro emocionalmente. Também o trabalho dele é muito diferente do meu. Ele é um homem das ciências, o que não tem nada a ver com o que eu faço. Mas foi nas nossas semelhanças que tentei chegar ao coração de Jack. E acabas por descobrir todo o tipo de coisas, boas e más, sobre ti mesmo nessa jornada. Não foi o trabalho mais difícil de preparar, mas a própria jornada que ele percorre é intensa. Portanto, esse foi o maior desafio, preparar-me para os desafios que ele enfrenta, em vez de me limitar apenas a ser ele.

P: Que semelhanças há entre si e o personagem?

GD: O sentido de humor, embora o dele seja menos escatológico do que o meu, e gosto de pensar que acredito no amor e numa generosidade de espírito da mesma forma que ele. Não tenho a certeza se sacrifiquei tanto na minha vida quanto ele, mas também tive muita sorte. Ele foi muito azarado e a maneira como lida com isso talvez seja um pouco melhor do que eu teria feito se estivesse numa situação semelhante.

alice & jack Aisling Bea

P: Quem é Lynn e como é que a paternidade muda Jack?

DG: Lynn é interpretada por Aisling Bea, que é fantástica. Depois de Jack e Alice terminarem, ele tenta seguir em frente e conhece alguém maravilhoso, com quem se dá brilhantemente, e essa pessoa é Lynn. Ela é uma pessoa muito forte, confiante, engraçada, que compartilha as ideias mais tradicionais sobre como seria o relacionamento ideal e como o amor funciona. A paternidade parece afetar ou mudar a maioria das pessoas boas. Há um lado bom e um mau. Jack torna-se mais responsável com a paternidade e encontra um novo tipo de amor, mais abrangente do que o que ele conhecia antes. Mas sente também uma pressão subjacente, com o tentar ser boa pessoa, e entra em conflito com o que o faria mais feliz, fora do seu relacionamento com Lynn. Esse conflito é muito difícil para ele.

P: O que torna esta história diferente de tantas outras histórias de amor?

DG: Acho que a nossa história é engraçada. Muitas histórias que são engraçadas acabam por ser menos profundas ou sentidas porque se concentram no humor. É difícil fazer os dois bem, manter o foco no humor e no emocional, em simultâneo. Espero que quem assista sinta a parte do humor e a parte calorosa, apesar de tudo o que acontece aos personagens. E que seja genuinamente romântico, não de uma maneira lamechas ou sentimental, mas romântico. E espero que transmita amor verdadeiro.

A minissérie de seis episódios Alice & Jack chega a Portugal pelos Canais TVCine a 24 de junho, segunda-feira, com horário marcado às 22h10, em exclusivo no TVCine Edition.

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