Séries para manter à distância
| 17 Abr, 2021

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Quase todas as pessoas que conheço veem séries das quais não gostam assim tanto. Quer porque às vezes há pouco para ver e se sujeitam a algo que começaram por acaso ou na companhia de outra pessoa, quer porque a série já foi boa e agora nem por isso, quer porque se considera que há potencial e se fica à espera que este seja atingido… Também eu tenho séries destas, e muitas mais haveria para mencionar, mas quero focar-me apenas naquelas das quais vi um número significativo de episódios, porque é injusto criticar uma série quando só se viu apenas o pilot ou pouco mais. Há várias razões pelas quais acho que estas séries se devem manter à distância, por isso se decidires ver alguma, estás por tua conta e risco!

Vou começar com uma série que eu acho absolutamente intragável, mas cada um com a sua opinião. Sei que há muitas pessoas que gostam, mas, para mim, 2 Broke Girls é uma daquelas comédias sem graça absolutamente nenhuma. O conceito da série até é engraçado, mas posto em prática não funciona. As piadas são básicas e muito forçadas, o elenco é tão pouco natural que me apetece mandá-los a todos ter aulas de representação, mas, lá está, parte da culpa talvez seja, precisamente, do argumento. Fiquei sem vontade de ver, seja o que for, com Kat Dennings, mas 2 Broke Girls não é uma série acerca da qual me possa alargar muito, visto que era apenas uma daquelas infelicidades que apanhava a dar quando o meu irmão tinha a posse do comando da televisão. A comédia é aquele género que eu considero sempre que tem as piores séries e acho que esta se encaixa perfeitamente nessa lista negra.

As histórias de adolescentes são muito populares no universo televisivo e duas das minhas séries preferidas enquadram-se nesse género, mas a verdade é que, no geral, não tenho muita paciência. Já não trazem nada de novo, o género está bastante desgastado. Há três, em particular, que vale a pena mencionar: 13 Reasons Why, 90210 e The Secret Life of the American Teenager.

Todavia, antes de mais, tenho que fazer os devidos louvores à 1.ª temporada de 13 Reasons Why. Pode não ter sido uma série que adorei, mas a história era interessante, agarrou ao ecrã e promoveu a discussão de alguns temas relevantes para a sociedade, coisa que nem todas conseguem. No entanto, esticou-se ao comprido na 2.ª temporada, provando que há séries que não sabem parar quando devem. A história desviou-se completamente do seu propósito e nem sequer parece ter sido capaz de respeitar algumas das mensagens que nos tentou passar ao início. A partir daí não continuei a ver (e já foi demais), mas pelo que ouço e leio por aí, terá mesmo sido a melhor decisão. O sucesso de 13RW acabou por se virar contra a série, prolongando-a para além do razoável, quando a história do livro tinha ficado contada logo no ano da estreia.

90210 foi uma daquelas séries que comecei a ver por sugestão de uma amiga e apesar de nunca me ter prendido especialmente ao ecrã, foi capaz de me entreter de forma bastante razoável durante uns tempos. Contudo, chegou a uma altura em que os defeitos que lhe via abundavam e foi uma daquelas séries das quais desisti com a maior facilidade, sem qualquer espécie de remorso. Nunca vi a original Beverly Hills 90210, portanto não tenho qualquer ponto de comparação, mas esta tinha um estilo muito à novela. Havia sempre muito drama, os personagens passavam frequentemente por problemas graves e, o pior de tudo, é que nenhum deles era relatable. Não havia um único personagem da série de quem eu dissesse que gostava realmente. Depois, havia também um problema que não é novo: atores muito mais velhos do que os personagens que interpretavam. Michael Steger e Trevor Donovan, os casos mais flagrantes, tinham idade para dar vida a professores e não a alunos do secundário. Está longe de ser uma série péssima, mas não sobressai em nada e não deixa nenhuma marca duradoura.

Bem pior é The Secret Life of the American Teenager, mais uma série que prova o quanto o meu irmão tem um péssimo gosto televisivo. Porque é que eu não pegava num livro nessa altura, não é? Excelente questão, mas não tenho uma boa resposta para isso. Esta é uma daquelas séries que não recomendava nem ao meu pior inimigo. A gravidez adolescente está no centro desta trama, mas o que faz com isso e tudo o resto na narrativa é agarrar-se a um sem número de estereótipos. Se o objetivo era ser educativa de alguma forma, falhou redondamente. Para uma série da ABC Family, ainda por cima, revela-se o tipo de coisa completamente a evitar por jovens mentes em construção. Já apontaram The Secret Life of the American Teenager como pior série e, embora não saiba se isso é mesmo verdade, parece-me uma justa candidata ao título. O elenco é péssimo, o que é um sinal também bastante claro de um argumento imensamente infeliz em termos de qualidade, porque Shailene Woodley e Molly Ringwald já deram provas de serem atrizes competente, e os personagens são, basicamente, todos detestáveis. Diálogos terríveis, plot lines irrealistas e altamente improváveis são mais alguns dos defeitos que se lhe pode apontar, mas alguém deve ter gostado, porque a série durou cinco temporadas. Qualquer série de adolescentes que eu já vi, por muito má que seja, é imensamente superior.

Costumo ter um grande fraquinho por séries passadas em cidades pequenas (One Tree Hill, Everwood e Once Upon a Time, olá para vocês!) e, apesar de Bluebell ter os seus encantos, o mesmo não posso dizer de Hart of Dixie. Confesso que tenho um certo problemas com séries da The CW no geral e esta representa um dos motivos para tal. Há coisas piores para ver, sure, mas a série revela-se pouco credível em muitos aspetos, a começar pela premissa da herança que faz uma rapariga da cidade virar a sua vida do avesso e ir para o meio do nada. Além disso, Rachel Bilson não convence nada no papel de médica e não digo isto por ela ser gira e nova (há várias em Grey’s Anatomy totalmente credíveis), mas sim porque a própria parece não se levar a sério. A série tem demasiados clichés, faz um uso muito básico dos seus personagens, tornando-os quase caricaturais, o argumento é bastante medíocre e o elenco, no geral, mostra-se ao nível de Bilson, o que não é a mais positiva das críticas. Até a Lemon de Jaime King, que é o tipo de personagem a quem costumo achar imensa piada, desilude. É capaz de ser, ainda assim, a parte mais engraçada da série, mas está muito longe de ser o suficiente para compensar tudo o resto. Acredito que Hart of Dixie podia ter sido uma série bem gira se pertencesse a outro canal.

Deixo para o fim duas séries que não considero más, mas que também têm os seus problemas. Uma delas é Reunion, uma série de 2005, da FOX, que foi cancelada ao fim de apenas uma temporada. Se bem me recordo, foi transmitida cá em Portugal num daqueles canais de séries, já não sei em qual. A série não é nada de especial, mas é envolvente, agarra ao ecrã e fica-se a ansiar por respostas. A trama centra-se num grupo de seis amigos e vamos acompanhando, a cada episódio, um ano das suas vidas. O principal interesse da série passa por descobrir qual deles foi assassinado, por quem e porquê, mas a dinâmica entre o grupo também se revela interessante. No entanto, a série é cancelada sem que tenhamos respostas, algo que senti que me arruinou completamente a experiência. Não costumo chatear-me com cancelamentos, mesmo quando as histórias ficam por contar, mas este caso foi demasiado flagrante.

Para o fim deixo Gypsy, uma série da Netflix protagonizada por Naomi Watts. O elenco é mais do que competente, mas a série falha redondamente porque parece nunca encontrar um propósito. Cheguei ao fim dos dez episódios sem perceber que tipo de história é que tinham tentado contar. Tinham a premissa de uma terapeuta que se envolve demasiado na vida dos pacientes, mas depois parece que não souberam o que fazer com isso. Ela é muito intrometida, isso é um facto, mas por si só não chega. A série tem um certo tom, não exatamente asfixiante ou pesado, mas há uma sensação de desconforto, de apreensão, porque está-se sempre à espera que algo muito mau aconteça, mas esse sentimento, que até é bom em ficção, é arruinado quando de facto esse clímax nunca é atingido. Apesar de não ter desgostado de Gypsy, a verdade é que fiquei com uma sensação de perda de tempo depois de ter visto a série.

Quais são, para ti, aquelas séries que recomendas aos teus amigos que NÃO vejam? Confesso que ainda ponderei incluir Grey’s Anatomy nesta crónica, mas eu fui louca por aquilo durante 12 temporadas, portanto vou abster-me de comentários que poderiam legitimamente ser usados contra mim, visto que sou culpada de continuar a acompanhar.

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