Precisamos de falar sobre… Faking It
| 08 Fev, 2017

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Quando, numa segunda-feira, comecei a ver Faking It, estava longe de imaginar que em oito dias (alguns deles de trabalho) teria visto os 38 episódios que constituem a série. Nunca fui muito de maratonas de séries, só que, ao fim de alguns episódios, Faking It tornou-se um verdadeiro guilty pleasure, o que até me valeu o gozo do meu irmão. Como se fosse uma surpresa eu ver séries com personagens e temáticas LGBT!

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Não sabia o que esperar, nunca tinha lido nada específico sobre a série e atirei-me de cabeça. Fiquei logo muito satisfeita ao descobrir que o liceu de Hester era em tudo diferente dos restantes, um lugar onde o bullying e a discriminação não têm lugar e é a diferença que é celebrada. É claro que há alunos populares e outros nem por isso, mas a pessoa mais popular é Shane Harvey, um rapaz gay e super cómico, sempre acompanhado do melhor amigo, Liam Booker, um heterossexual engatatão que já andou com quase todas as miúdas giras da escola.

Mas no centro da história estão Karma e Amy, melhores amigas desde a infância e nada populares na escola. Ninguém sabe que elas existem! Até que um mal-entendido (chamado Shane) leva todo o liceu a acreditar que elas formam um casal lésbico, o que as torna imensamente populares. Logo ali alinham na mentira, mas rapidamente se percebe que para uma delas a coisa até é a sério.

Faking_ItÉ nesse sentido que a série evolui, na dinâmica da amizade entre as duas e na forma como Amy lida com os seus recém-descobertos sentimentos em relação a Karma. Sentimentos de que Karma acaba por ter conhecimento, sempre com muito drama pelo meio, nomeadamente rapazes e outras raparigas, zangas e tréguas.

Numa série que claramente celebra a diferença, somos também apresentados a personagens transgénero e intersexuais e a questão da intersexualidade é particularmente explorada de forma bastante interessante, já que a pessoa em questão nunca quis ser tratada de maneira diferente, considerando que isso não define quem é. Em várias alturas houve uma preocupação das personagens atribuírem rótulos a elas próprias porque se orgulham de serem quem são. Depois, no sentido oposto, houve uma demonstração de que os rótulos não nos definem, são apenas parte de um todo e que por isso não importam assim tanto, até porque às vezes não sabemos bem quem somos, estamos ainda a descobri-lo.

Faking It aborda assuntos relevantes com leveza e não tem menos mérito por isso. Aliás, devia haver mais séries com tanta diversidade, porque nunca é demais alargar horizontes e conhecer novas realidades. Além disso, traz alguns momentos musicais bastante agradáveis protagonizados por Katie Stevens (Karma), antiga concorrente do American Idol e de origens portuguesas do lado da mãe. As próprias raízes portuguesas da atriz são exploradas como parte da sua personagem e até temos a oportunidade de ouvi-la falar (bastante bem, aliás) a língua de Camões.

O lado menos bom acaba por ser o fim da série, que não dá uma sensação de ‘encerramento’ ao enredo, mas esse é o mal generalizado dos cancelamentos. Amy e Karma nunca chegaram a tornar-se um casal, mesmo que várias pistas tenham indicado que o sentimento não era afinal unilateral. Talvez tenha sido melhor assim, mas confesso que ficou a curiosidade de descobrir como funcionariam como namoradas.

Resumindo, há muito tempo que não me divertia tanto a ver uma série! Foi engraçado da minha parte pensar: “toca a ver um episódio antes de ir dormir” quando afinal acabaram por ser sempre vários.

Diana Sampaio

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