Episódios semanais vs. maratonas ao estilo Netflix
| 17 Ago, 2019

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Quase durante toda a História da televisão, as séries regeram-se pela transmissão semanal – às vezes com paragens pelo meio – dos episódios, mas o surgimento de serviços de streaming como a Netflix, a Amazon e a Hulu mudaram esse paradigma. Muitas séries passaram a ter todos os episódios da temporada disponibilizados no dia de estreia e assim se popularizou o fenómeno das maratonas televisivas, muito menos cansativas fisicamente do que aquelas que obrigam a calçar as sapatilhas e transpirar.

Como a maioria dos seriólicos, também eu já fiz umas quantas maratonas na vida. Foi durante a minha mais recente, aliás, que surgiu a vontade de divagar um pouco sobre o tema que escrevo aqui hoje. Essa maratona foi a da 7.ª e última temporada de Orange Is the New Black – que já foi das minhas séries favoritas – e durou três dias. Bem sei que há quem veja temporadas inteiras num só dia, mas tive que trabalhar cerca de oito horas em cada um dos dias e teria sido impossível ser mais rápida. Fiz a maioria das refeições em frente ao sofá, portanto imaginem! Vi tudo muito rapidamente porque queria saber como é que a série ia acabar, mas também por consciência de que a internet é um lugar repleto de spoilers e quanto mais cedo terminasse, menos probabilidade havia de me deparar com um. Consegui esquivar-me a todos os spoilers, mas acho que estou arrependida de ter visto tudo tão depressa. Pareceu quase uma obrigação para terminar e não algo de que estivesse a desfrutar verdadeiramente. Confesso que realmente não gostei muito da temporada, ainda para mais tendo em conta que foi o final, mas também não vou atribuir culpas ao facto de ter visto a série em modo maratona, visto que também vi a derradeira temporada de Jessica Jones em pouco dias – cinco – e consegui tirar prazer dos episódios. No entanto, também sei que é muito difícil resistir à tentação de não ver tudo de enfiada, na medida dos possíveis, quando os episódios estão ali todos disponíveis, à nossa espera.

Quando se trata de uma série que começamos a ver depois de já terminado, a pressa é sempre diferente, pelo menos comigo é o que acontece. Levo o meu próprio tempo, vou ao meu ritmo. Não que tenha demorado muito tempo a ver as nove temporadas de One Tree Hill, mas a verdade é que nunca senti que estava a apressar-me. Continuava porque não conseguia parar de ver e não porque estava com pressa de terminar. Aliás, é sempre difícil despedir-me de uma série que foi tão importante como aquela, a série que mantém o estatuto de minha favorita incontestável desde que Grey’s Anatomy se tornou uma desilusão!

Não posso deixar de achar que não há nada melhor do que um episódio semanal de uma série. Sei que queremos muitas vezes saber imediatamente o que vai acontecer a seguir, mas acho que é essa ansiedade, esse período de espera em que nos interrogamos sobre o que nos espera, que torna as séries verdadeiramente emocionantes. O período de espera faz parte da vivência de acompanhar uma série. É de Grey’s Anatomy que tenho as maiores recordações nesse sentido. Durante muito tempo, naquela que já não era considerada a época de ouro da série, mas que por acaso foi a minha preferida, eu ‘respirava’ aquilo. Contava os dias até ao episódio seguinte e o dia anterior era sempre o mais complicado, quase como quando os miúdos mal conseguem esperar pela meia-noite para abrir os presentes de Natal; formulava hipóteses na minha cabeça acerca do que podia ou não podia acontecer; retirava tempo de sono para ver os episódios o mais rápido possível, formava fan-fics na cabeça – muitas passaram, inclusive, da cabeça para o Word… Era uma ansiedade boa. Desfrutava daquilo que ia ver antes, durante e depois. Com séries como OITNB ou Jessica Jones, se queremos saber o que vai acontecer, é só passar para o episódio seguinte (a não ser que já não haja mais). Acho que assim se perde aquela magia da expectativa… Todas as outras séries que agora acompanho correspondem a essa regra dos episódios semanais. Algo que é uma espécie de equilíbrio entre uma opção e outra é o que aconteceu este ano com The Handmaid’s Tale. Os primeiros três episódios da temporada foram lançados no mesmo dia, o que ajudou a matar melhor as saudades, e os outros saem um a um. Assim a temporada também dura várias semanas, em vez de nuns poucos dias.

Há vantagens e desvantagens em cada um dos modos de ver séries, como em tudo. Qual é o vosso preferido?

Diana Sampaio

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