Solos – 01×01 – Leah
| 22 Mai, 2021
5.9

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[Contém spoilers]

O que acontece quando usas várias versões da mesma atriz sem qualquer filtro ou possibilidade de respirar entre cenas? Bom, infelizmente acontece mais uns milhões desperdiçados pela Amazon. Com Leah, Solos não faz sequer por explicar quais os motivos para ver o resto da temporada.

Como falamos de uma antologia, é  impossível dizer para onde caminha o resto de Solos depois deste piloto. Talvez haja um fio conector entre todas as histórias dos sete episódios, uma lição maior para lá das lições individuais. Um dos problemas deste piloto é que não há vislumbre desse fio condutor, apenas um “monólogo”, um local e uma atriz de gabarito mundial sem sumo para debitar no final. Simplesmente não chega para convencer.

Em Leah, Anne Hathaway passa meia hora em plena explosão emocional. Só põe uma pausa no overacting, nos gritos e no choro quando brevemente adormece ou quando o foco da câmara orientada por Zach Braff é a emocionante viagem temporal de um botão da máquina de lavar. Toda a ciência relacionada com a viagem no tempo limita-se aos clichés de 1001 lâmpadas acesas, números mágicos, LED’s e ecrãs transparentes.

O argumento mais sóbrio é outro. Esta é uma viagem de vida e não é a ciência que interessa. Nem sequer interessa as piadas que tentam martelar, como o Trump fugir para a Rússia ou a análise fidedigna ao desastroso final de Game of Thrones. O que é relevante é que Leah percebe, quando vê o seu futuro, que a tentativa de fugir do presente não é o caminho certo, e cabe ao passado corrigir isso. Interessa que por detrás de um episódio completamente megalomaníaco está um enorme amor pela mãe.

Solos não é uma má ideia, se fosse mais que uma oca e autoindulgente viagem pelo sci-fi. Uma tentativa de talvez copiar Black Mirror, mas aproveitar apenas os lados mais aborrecidos. Uma Hathaway em modo destravado, um blabla cientifico com pressionar de teclados ao calhas não fazem televisão de qualidade. É preciso dar algo mais ao espetador e não senti isso porque a escrita simplesmente não é tão boa como deveria ser, muito menos em 30 minutos. Quando a premissa da série que te propões criar é tão singular no que toca ao espaço e tão restritiva quanto ao número de personagem, é bom que a escrita faça tudo brilhar. É esse a grande falha (fatal) de Leah em particular e de Solos no geral.

Dito isto, não coloco de parte que outras pessoas possam ficar curiosas ou que os estridentes monólogos da protagonista sejam alguma categoria de masterclass. Só acredito que há de momento séries no ar muito melhores para ver… e se discordam, façam como Hathaway e ide ao passado. De certeza que vão encontrar boas respostas lá também…

Vítor Rodrigues

5.9
7
Interpretação
6
Argumento
5
Realização
5
Banda Sonora

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