Dominion – 01×05 – Something Borrowed
| 21 Jul, 2014

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01x05 - Something Borrowed

01×05 – Something Borrowed

Muitas séries demoram um pouco a encontrar um chão firme e uma direcção a seguir, conseguindo-o pelo final da primeira época-meio da segunda. Isto é especialmente verdade para os géneros de fantasia e ficção científica, nos quais, além dos desafios da série comum, é ainda necessário apresentar um mundo alienígena e consequentemente integrar as personagens nesse mundo, sem alienar o espectador. Babylon 5, Buffy The Vampire Slayer e The Vampire Diaries são exemplos – e favoritos pessoais – que recompensaram largamente a paciência e boa-fé de quem continuou a acompanhar. É neste pé e é nesta esperança que me encontro com Dominion, que apesar do episódio da semana passada a poucos degraus de medíocre, voltou a subir esta semana.

Uma das minhas críticas foi as personagens não estarem desenvolvidas o suficiente para nos fazer preocupar com elas na situação de reféns. Este episódio corrige isso e os Whele que já eram os mais interessantes da história – para mim, pelo menos – tornam-se também as personagens mais complexas e aprofundadas. O flashback do cônsul David Whele mostra-nos o motivo da relação tingida em desdém com o seu filho William. De certa forma, David culpa-o pela morte da mulher e dos outros dois filhos às mãos de um 8-ball alertado pelo choro de William. No entanto, esse ódio mal sofreado e envolto em frieza foi o que tornou William no que ele é (como o próprio afirma).
A cena de medição de forças entre pai e filho foi a melhor de “Something Borrowed”. Luke Allen-Gale tem vindo a crescer no seu papel e foi capaz de contracenar ao nível do Anthony Head, um feito nada menosprezável.

A Claire também começou a ser aprimorada. Foi-lhe dado que fazer quando o David Whele, em conjunto com o colar da falecida esposa (uma das coisas que deu o título “Something Borrowed” ao episódio), lhe trouxe novas das intenções de voto “No Confidence” da Senadora Romero para remover o General Riesen do poder, dada a sua doença. É claro que a Claire percebe que o segredo da saúde do seu pai foi quebrado pelo cônsul no seu jogo de poder e que a ideia do voto pode muito bem ter sido dele também.
A tentativa de Claire manipulação do William foi deliciosa, tal com o seu tête-à-tête chantagista com o David depois de descobrir o que julgou ser a prova da implicação do cônsul com o culto. Ó pra a menina a mostrar que sabe brincar na lama! Upa upa!

Por oposição, o Alex, o protagonista, continua a ser das personagens mais desinteressantes. O que é que se passa pela cabeça dos escritores de Dominion? Pelos vistos não muito. Estão a guardar tudo para o final da época? Que pouco aconselhável.
O treino com o Michael neste episódio foi tudo menos interessante, com o Alex a disparar sobre o arcanjo com a precisão de um doente de Parkinson. Depois do exercício frustrante, o Alex teve uma visão em que a falecida Bixby o lembrou por quem deve lutar.
Santo desperdício de oportunidade de enredo porque foi basicamente isto que vimos de reação à morte da Bixby, mais uma cena ou outra dele a parecer muito perturbado. E o mesmo com a reação da Claire.

Por falar em desperdícios de enredo, após dois episódios praticamente a ignorar a relação do Riesen com a 8-Ball, de repente avançou depressa demais.  A cena em que a Clementine vai comprar a caixa de música e se vê obrigada a matar o dono da loja foi um ótimo exemplo de Dominion a ser boa. Eu estava à espera que a série parasse um pouco neste conflito pessoal da personagem, mas os escritores tornaram-na de imediato numa fugitiva a matar qualquer obstáculo no seu caminho. Isto não foi exatamente “mau”, claro, mas preferia a alternativa.

A reviravolta final foi a revelação de que a amante 8-Ball do General Riesen possuiu o corpo da sua mulher e mãe da Claire. Foi um excelente cliffhanger, surpreendente e que ofereceu de imediato a motivação do caso entre o Riesen e Clementine (e a outra razão para o nome do episódio).

Considerações:

– À parte da cena David-William, o confronto do William com o novo seguidor do culto também foi uma excelente forma de esculpir um par de presas à personagem.

– Vai ser interessante o confronto William-David, agora que o pai parece ter percebido o envolvimento do filho no culto.

– Também interessante será ver a reação de Vega e da Claire à Clementine.

– A relação entre a Thorn e o Michael continua meio-morta não servindo para mais nada a não ser como objeto de chantagem do Whele com a Thorn. Se era suposto eu ficar triste com o seu fim, lamento, mas não.

– A Noma acabou com o Alex para evitar que ele fosse expulso da Archangel Corps. O Ethan rouba bebidas ao William Whele e como há uns episódios foi revelado como gay, agora dá conselhos acerca de que tom de batom que combina com que cor de pele… Vou ali e já volto…Foram estes os desenvolvimentos no mundo das personagens marginalizadas.

– Por falar em bebida do Whele. O cônsul parecia a Cersei de Game Of Throne. Houve alguma cena em que ele não se agarrasse a um copo. Olha que par bonito que faziam, ele com o seu whiskey e ela com o seu vinho.

A meio da série e reflectindo sobre este e outros episódios, começo a adivinhar o que se passa aqui. Acredito que os argumentistas tenham um final bastante definido para a época e que algumas coisas tenham que acontecer depressa. Mas Dominion é bastante competente em passo lento e a focar-se nas personagens e pergunto-me se esta rapidez motivada realmente se justificará.

Apesar dos pontos mais fracos, foi um bom episódio, principalmente em comparação com o anterior.

Nota: 7/10

André F. Dias

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