Vida Perfecta – Review da 2.ª temporada
| 23 Dez, 2021
7.88

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Chegámos à 2.ª e última temporada de Vida Perfecta, que alia a comédia ao drama e acompanha a nossa protagonista, María (Leticia Dolera, também a criadora da série), a sua irmã Esther (Aixa Villagrán) e a sua melhor amiga, Cris (Celia Freijeiro), na montanha-russa que é a vida adulta. Adorei a 1.ª temporada por motivos variados e não podia estar mais contente pela chegada da segunda.

Seis meses após o nascimento de Juanito, assistimos a uma nova fase de vida para os seus pais, María e Gari (Enric Auquer). Esther e Cris também passam por mudanças e dificuldades, debatendo-se com dúvidas. A temporada inicia-se com um sonho de María, que revela o stresse associado ao facto de ser mãe solteira de um bebé com poucos meses. Este sonho aliado aos comportamentos de María fazem-nos rapidamente perceber que a sua saúde mental se ressentiu bastante. Sente-se sozinha e é evidente a difícil relação com o seu corpo no pós-parto, bem como consequentes complicações na exploração da sexualidade. Observa-se ainda um medo persistente de abraçar a vida nesta nova fase: de mãe.

Já Cris, a amiga aparentemente mais organizada e mais bem encaminhada, afinal não tem uma vida assim tão perfeita, pelo menos não aos seus olhos. É generosa, muito amiga dos seus amigos e trabalhadora, mas também aventureira e de mente aberta, procurando adrenalina principalmente a nível sexual. Esta busca constante por uma vida melhor acaba por mexer com a sua estabilidade e põe à prova os seus valores morais.

Esther, a artista lésbica aluada e precipitada, enfrenta dúvidas associadas ao seu medo do compromisso e a incerteza relativamente àquilo que quer, além dos obstáculos profissionais enquanto artista. Tem dificuldade em comunicar e dizer o que sente e acaba por cometer alguns erros.

Gari é uma personagem muito bondosa com uma deficiência mental que me fascinou na 1.ª temporada e também não me desiludiu nesta segunda. Tem consciência da sua incapacidade, tentando a todo o custo ultrapassar os obstáculos que esta acarreta para ser um bom pai. Vemos nele uma certa revolta relativamente às limitações impostas pela sua condição, mas é determinado e lutador, portanto não desiste assim tão facilmente. Infelizmente não aparece tanto nesta temporada como na anterior, aspeto que me desiludiu um pouco.

Gostaria de realçar um diálogo entre Gari e María que resume muito bem aquilo que sentem e as diferentes dificuldades que enfrentam relativamente à paternidade/maternidade. Maria pergunta a Gari se não tem medo e este pergunta “De quê?”. Maria responde “De o fazer mal.” Gari afirma assertivamente: “Não, tenho medo que não mo deixem fazer.”.

Ao longo da temporada são, portanto, abordadas várias temáticas importantes e sérias, mas de uma forma leve e, por vezes, cómica. Entre elas a sexualidade no pós-parto, os problemas conjugais, a abertura de horizontes a nível sexual, as diferentes orientações sexuais e a traição. Encontramos ainda temáticas ao nível da saúde mental como a depressão, baixa autoestima, insegurança, solidão, terapia e dificuldade em aceitar ajuda.

No que diz respeito à banda sonora, a presença de uma música que adoro, Serenade, dos Dover, logo no primeiro episódio surpreendeu-me pela positiva e conquistou o meu ouvido. É pena que a restante escolha musical não tenha esta qualidade. É composta por música de língua espanhola, nomeadamente pop e eletrónica.

Gostei muito desta 2.ª temporada de Vida Perfecta quase tanto como gostei da anterior. Os temas e problemáticas abordados são ligeiramente diferentes, mantendo-se sempre a agitação da vida adulta. Recomendo sem qualquer dúvida, principalmente a quem apreciar séries que abordam temas sérios e importantes de uma forma leve e com alguma comédia à mistura. De que estás à espera para ver a última temporada desta viagem de emoções?

Melhor episódio:

Cuando intentas volver a empezar (Episódio 2)  – Este episódio traz ao espectador várias representações realistas da psicoterapia. Achei particularmente interessante uma das técnicas utilizadas pela psicóloga para fazer María chegar a uma conclusão, pedindo-lhe para enumerar as emoções que determinado acontecimento despertou nela. Ao longo do episódio vamos entendendo cada vez melhor o que afinal há de errado com a nossa protagonista. Vemos também alguns progressos relativamente à sexualidade, ainda que pequenos. Está presente também a sua relação com a irmã e dificuldades na relação de Esther. Cris entra numa nova fase do seu casamento, com a qual se sente entusiasmada, mas ao mesmo tempo com a qual não é fácil de lidar, o que tornou este episódio ainda mais apelativo para mim. Vemos ainda alguma frustração em Gari com o seu papel de pai. É portanto um episódio bastante completo e que se foca no tema da saúde mental, que me atrai bastante.

Personagem de destaque:

María – A nossa protagonista passa por uma grande evolução no que diz respeito ao autoconhecimento e à aprendizagem das suas necessidades, fazendo avanços no sentido de melhorar a autoestima. Apesar de as três personagens principais terem passado por mudanças, esta foi aquela que teve mais significado para mim por estar tão conectada com o crescimento pessoal e com a saúde mental. A personagem está tão bem desenvolvida que acabamos por sentir empatia por ela e orgulho pelas suas pequenas vitórias.

Inês Rodrigues

Temporada: 2
Nº Episódios: 6
7.88
8
Interpretação
7.9
Argumento
8
Realização
7.1
Banda Sonora

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