The Little Drummer Girl – Review da Minissérie
| 02 Jan, 2019

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Minissérie

N.º de episódios: 6

A AMC e a BBC juntaram-se para nos trazer uma fantástica minissérie de espionagem e thriller, baseada no livro de John Le Carré e produzida por Park Chan-wook, realizador que está a receber bastantes elogios por parte da crítica pelo seu mais recente filme, The Handmaiden.

Esta minissérie passa-se na década de 70 e segue uma equipa de espiões israelitas nos seus esforços para travar um grupo terrorista palestiniano que está a colocar bombas em vários sítios da Europa, com o objetivo de matar judeus israelitas. Este grupo israelita decide que para chegar mesmo ao fundo da organização precisa de um espião infiltrado e, para isso, decidem recrutar e treinar Charlie (Florence Pugh), uma jovem atriz londrina, que deve tentar ganhar a confiança dos palestinianos e ajudar na sua detenção.

A ideia principal é Charlie representar o papel de alguém que consiga entrar na rede dos palestinianos. Para isso, Charlie irá representar a namorada de Salim (Amir Khoury), como forma de chegar ao seu irmão mais velho, Khalil (Charif Ghattas), o chefe da organização palestiniana. O início da série a partir do momento em que Charlie começa a entrar nesta ficção é um pouco confuso, já que a linha entre a realidade e a ficção se começa a esbater. Começamos a deixar de ter noção em que momentos é que Charlie e a equipa que a treina são eles mesmos e em que momentos é um treino para a ficção, mas, prometo, se aguentarem uns primeiros momentos de confusão, tudo acaba por fazer sentido! Há até vários momentos, mais tarde na série, em que são mostrados flashbacks de cenas anteriores que, com a nova informação e contexto adquirido, têm um sentido completamente diferente e percebe-se perfeitamente a sua intenção.

Apesar deste início um pouco confuso, funcionou também como uma forma de manter o suspense e eu tive que continuar a ver até que as peças do puzzle fizessem sentido! Além disso, senti que a minha evolução a ver a série foi como a de Charlie, que começa sem perceber o porquê de estar a ser recrutada, e no clímax da série está tão envolvida emocionalmente como eu e esta evolução é fantástica de ver! Charlie fica na corda bamba entre os dois lados desta história, fazendo-me duvidar constantemente da sua posição. Esta dúvida entre os lados leva-me a um aspeto que gostei imenso na série: o herói e o vilão da história não são claros. Nenhum dos grupos (israelita e palestiniano) é escrito de forma a o espectador puxar mais por um lado ou odiar mais o outro, mas sim como pessoas que têm as suas razões para agir da forma que agem, humanos com as suas qualidades e defeitos.

A série é quase totalmente focada na aventura de Charlie e acho que esta é uma boa decisão, pois é uma personagem carismática e, de certa forma, traz o público consigo enquanto explora estes novos mundos. É também explorada a dinâmica dela com Becker (Alexander Skarsgård), pessoa que primeiramente a recruta, mas nunca chegamos a saber muito sobre Becker fora dessa dinâmica e foi algo de que senti falta! Gostava imenso de conhecer mais a fundo as razões pelas quais cada membro da equipa se juntou e como foram recrutados e, no geral, gostava de saber mais sobre as suas personalidades. Temos pequenos vislumbres dos seus temperamentos, mas não o suficiente. Percebo que isto se deve aos poucos episódios e ao facto de ser um thriller em que o grande objetivo é chegar ao momento final de resolução, mas mesmo assim fiquei com curiosidade.

Tenho que deixar aqui um grande elogio ao elenco, que tem todo uma prestação excelente, com destaque para Michael Shannon como Kurtz, no seu papel de implacável chefe de equipa de espionagem, e para Alexander Skarsgård como Becker, que representa uma personagem ambígua durante toda a série, sendo excecional nesta posição.

Em termos visuais, a fotografia da série é fantástica! Adoro a conjugação do guarda-roupa vibrante dos anos 70 com a própria colorização das cenas, que faz com que tudo tenha uma cor muito característica da época. Além disso, há cenários incríveis pela Europa. Logo no primeiro episódio temos aquele final com a Acrópole de Atenas como background que me deixou boquiaberta.

Aconselho a série a toda a gente que esteja interessada em espionagem e história! Apesar de um início um pouco mais lento, a história rapidamente alcança o seu potencial e a partir daí os episódios veem-se num instante até à resolução do plano. Tem um elenco incrível e uma realização muito bem cuidada que me fazem desejar uma 2.ª temporada, apesar de saber que estas produções resultam melhor quando são feitas em poucos episódios.

 

Melhor episódio:

Episódio 4 – Apesar de não ser o episódio clímax da trama, este foi o episódio em que comecei a ligar as peças do puzzle. Até aqui muitos dos diálogos não faziam sentido, a linha entre a ficção e a realidade era demasiado esbatida, e aqui finalmente percebi o esquema e começou tudo a ficar mais nítido na minha cabeça. Os restantes dois episódios a partir daqui voaram completamente! O ritmo aumenta imenso, bem como a tensão, em preparação para o evento final!

 

Personagem de destaque:

Charmian “Charlie” Ross – Sem sombra de dúvidas, Charlie faz a série. É daquelas personagens por quem toda a gente se apaixona a partir do primeiro minuto em que entra em cena e a partir daí continua sempre a surpreender. A evolução de Charlie em seis episódios é gigantesca, mas ao mesmo tempo tão bem feita que não parece apressada, nem falsa. Florence Pugh faz um excelente trabalho de interpretação, mostrando todas as facetas de Charlie, o que ajuda imenso a dar dimensão à personagem.

Ana Oliveira

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