A nova plataforma de streamingOPTO SIC estreou no sábado a sua nova série, Esperança, em simultâneo com uma emissão especial do primeiro episódio na SIC. Esta nova produção televisiva destaca-se pela participação de César Mourão no papel de uma viúva lisboeta de quase 90 anos.
Com realização e argumento de Pedro Varela e com uma banda sonora original de Miguel Araújo, a série é uma adaptação da peça de teatro “Esperança – A Velha”. A peça é da autoria do próprio César Mourão e de Frederico Pombares, e estreou no Teatro da Trindade, em 2016. Quanto à série, vai voltar-se para a personagem da Esperança, que está a ser pressionada pelo senhorio para abandonar o seu apartamento, no centro de Lisboa. Após um acidente com o senhorio, Esperança torna-se arguida e a família tenta convencê-la a assinar o acordo de despejo, como forma de remediar a situação.
Vou começar por dizer que eu provavelmente não sou o público-alvo indicado para esta série, como jovem de 24 anos que raramente vê televisão nacional. Para mim, o César Mourão a interpretar uma senhora idosa típica de Lisboa não faz qualquer sentido. Isto porque a série, apesar de ter partes cómicas, não pretende ser uma paródia, abordando até assuntos bastante sérios. Também não se prende com o facto de não estar realista, até acho que a caracterização e mesmo a representação está muito bem conseguida. Mas então porquê escolher um homem? A menos que a série fosse uma paródia ou que a personagem fosse transsexual, não consigo entender. Acredito que em formato de peça teatral é capaz de resultar mas eu pessoalmente, quando vejo séries televisivas, a menos que sejam de fantasia, procuro sempre uma representação o mais fidedigna possível do mundo real, tornando este tipo de escolhas algo que me afasta logo da realidade da série.
Já a narrativa centrada na gentrificação, tão comum em várias cidades europeias como é o caso de Lisboa, é um assunto muito relevante e atual. Além desta temática, parece que a série vai explorar a realidade da terceira idade portuguesa, principalmente a crescente solidão, mas também o sentimento de que as visitas de familiares são feitas por obrigação, parecendo que os idosos são cada vez mais um fardo para as famílias. A partir da Paulina, empregada da Esperança, conseguem também explorar a situação de imigração em Portugal. Paulina não é apenas uma companhia para Esperança, como a própria Esperança se torna uma família para Paulina, que já não vê a sua há muitos meses. Como referi, apesar dos momentos cómicos, a série aborda de forma séria vários assuntos que devem ser discutidos na realidade portuguesa atual.
Este episódio foca-se no significado do Natal para uma família e realça a mensagem de que estamos sempre a tempo de nos redimirmos e aproveitarmos tempo com a família – a nossa ou a que escolhemos. Apesar da mensagem ser bonita e importante, esta foi transmitida como uma lição de moral, de forma demasiado direta. Mais uma vez, acho que é capaz de resultar para um certo tipo de audiência, mas para quem vê séries há muito tempo é capaz de sentir que foi transmitida de forma demasiado banal.
Esperança, como uma série de drama com comédia, é algo que não funcionou para mim neste primeiro episódio. Se a série fosse assumidamente uma comédia, era capaz de retirar a maior parte das minhas críticas, mesmo sabendo que a série nunca seria para mim. Assim, fica numa espécie de limbo, como um drama que é difícil de levar a sério e uma comédia que não enche completamente as medidas.
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