Game of Thrones – 06×09 – Battle of the Bastards
| 21 Jun, 2016

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David Benioff e D.B. Weiss prometeram e cumpriram. Foi-nos assegurado que a batalha entre Jon Snow e Ramsay Bolton seria épica. Estavam tão confiantes que submeteram o episódio para a pré-nomeação dos prémios Emmy. Depois de estar 60 minutos coladinha ao ecrã percebi o porquê. Battle of the Bastards foi, muito provavelmente, dos episódios mais bem conseguidos que já vi na televisão. Fez-me lembrar, de uma maneira mais modesta (mas não muito), as batalhas n’ O Senhor dos Anéis. Os 10 milhões de euros gastos, 25 dias de filmagens, 86 horas de filmagens resultaram no episódio que deu à série a melhor cotação do IMDB.

Aliás, uma das coisas a referir é o facto de o fator surpresa, que tantas vezes jogou a favor da série, não ter sido necessário aqui. Toda a gente sabia como isto ia acabar. Não fazia sentido Ramsay vencer. Ele está em Winterfell há demasiado tempo e os Starks não podiam ser os mártires o resto da série. Estava na altura de os lobos se erguerem mais uma vez! Não se trata de fazer a vontade aos fãs, agora que já não têm os livros por onde se guiar. Trata-se de fazer aquilo que fazia sentido. Além do mais, Ramsay estava a tornar-se num vilão cansativo. Sim, ele é um monstro. Provou isso vezes sem conta. Já chega, não? Game of Thrones não precisa de vilões como Bolton quando existe um exército de mortos-vivos do outro lado da Muralha.

Muitos esperavam que o icónico nono episódio se passasse apenas em Winterfell, mas a situação em Meereen era demasiado complicada para ser resolvida à pressa em The Winds of Winter. Na verdade, Meereen quase que acabou por compensar os episódios em que andou a engonhar com esta resolução. Drogon, Rhaegal e Viserion em todo o seu esplendor, a dupla Dany & Tyrion a espalhar magia e os Greyjoys finalmente a chegar à cidade.

Fogo em Meereen e gelo em Winterfell. Daenerys Targaryen e Jon Snow começaram a série como os renegados. Ela foi vendida a Khal Drogo para Viserys conseguir um exército para reconquistar Westeros. Jon Snow partiu para a Muralha para passar o resto dos seus dias como patrulheiro. A série trocou-lhes as voltas e nunca foi tão óbvio como neste episódio que eles conseguiram erguer-se e brilhar como nenhuma outra personagem fez.

Meereen

Dany deixou Meereen durante o cerco dos Filhos da Harpia e voltou com o cerco dos Mestres de Astapor e Yunkai. A Cidade Livre passou de uma situação má para uma horrível. Fosse de que maneira fosse, tudo gritava que o tempo da Khaleesi em Essos tinha os dias contados. Para além de tudo, a atmosfera indicava que assim fosse.

A conversa entre Daenerys e Tyrion foi muito importante. Já sabem o quanto eu adoro estes dois (não consigo escapar ao cliché de as minhas personagens favoritas serem eles e o Jon) e receava o que ele pudesse fazer ao descobrir o que tinha acontecido.

Dany é estranha. Há episódios em que tenho a certeza que ela vai seguir as pisadas dos seus antepassados, noutros penso que ela é apenas uma rainha a tentar mostrar o seu valor. Seja qual for o caso, ainda bem que Tyrion lá está para a aconselhar e lhe disse o plano do fogovivo do seu rico papá. Viu-se o medo na cara de Dany.

Feitas as conversas, foi tempo de ação. Os Mestres esquecem-se sempre do fator “dragões” quando confrontam Daenerys. Pode ter circulado pelas Cidades que ela andava com problemas com os filhotes, mas parece-me que esses tempos já lá vão. Drogon e ela criaram um laço a sério, aquele apenas criado por cavaleiros de dragão.

Há tanto, tanto tempo que não víamos os três dragões juntos e a arrasar com tudo! Rhaegal e Viserion sentiram que a família precisava deles e não foram tímidos a sair da prisão . Desde o final da quarta temporada que os pobrezinhos estão fechados na pirâmide. Esse tempo acabou.

Este episódio foi mesmo estrondoso em termos de efeitos especiais. O pessoal em Westeros, especialmente os Lannisters, que tenham muito medo do que está para vir… Porque estes dragões não são do tamanho de gatinhos como foram os últimos. Aegon, o Conquistador ficaria orgulhoso do que Dany está a fazer. Veremos se ela será capaz do mesmo feito.

Antes de nos despedirmos de Meereen, ainda houve tempo para Yara e Theon Greyjoy. Gostei da cumplicidade das duas rainhas. Ambas querem reinar num mundo que não lhes reconhece qualquer autoridade. Cem navios em troca da independência das Ilhas de Ferro e a morte de Euron. Parece-me justo. Os navios andam realmente a chover em Meereen e nós agradecemos. A última coisa que esta história precisava era Drama dos Navios 2.0. Com os navios dos mestres mais os dos Greyjoy, já dá para meter os pés dali para fora. Só falta chegar Varys da super missão secreta (em Dorne?) para a equipa estar completa. Se Daenerys não acabar a temporada a sair dali para fora em direção a Westeros acho que choro. Mas acho que até D&D já se cansaram de esperar. Que melhor altura para Dany ir para lá do que quando os Caminhantes Brancos invadirem o país?

Winterfell

Ramsay tinha de perder. Tão simples quanto isto. Nós sabíamos. O ator sabia. O Dan e o David sabiam. Só se pode esticar a corda até certo ponto. Ramsay servia para espalhar o terror e para usurpar o lugar em Winterfell que não era seu. Desde que Sansa e Jon se reencontraram que todos começaram a festejar o retorno do estandarte com o lobo no maior castelo do norte.

Jon é casmurro que nem um burro. Não sei se Sansa lhe omitiu a carta que enviou ao Mindinho por não querer dar falsas esperanças ao irmão ou mesmo porque não confia nele a cem por cento? De qualquer das maneiras, ele devia ter-lhe dado ouvidos acerca de Ramsay. Jon pode ter lutado selvagens e Caminhantes Brancos. O problema é que Ramsay é um perigo diferente. É uma causa pessoal e não as missões pelo bem do mundo a que Jon está habituado.

Nunca achei grande piada a Kit Harington enquanto ator. Pouco carismático. No entanto, Jon Snow não é a pessoa mais expressiva do mundo. Aqui foi diferente. A cara dele, o terror no seu rosto ao ver o irmão mais novo, Rickon, a correr para ele enquanto Ramsay brincava ao tiro ao alvo… Jon a cavalgar desesperadamente e a baixar o braço para apanhar o irmão e então… Uma seta no coração.

Eu sabia que Rickon ia morrer no momento em que Ramsay lhe disse para ir ter com Jon. Nunca na vida ele iria deixar um herdeiro legítimo vivo. Sansa é mulher, Jon um bastardo. Desde a terceira temporada que não morria um Stark e D&D quiseram fazer o gosto ao dedo. Perder Rickon foi menos doloroso do que os pais e Robb (já nem falo de Jon!), mas um Stark é um Stark. Só acho que ele devia ter sido mais inteligente do que correr numa linha reta em vez de despistar Ramsay. Ele é um bom arqueiro, mas não um deus.

Nossa senhora… Acho que nunca tinha visto o Jon tão zangado em seis temporadas da série. Ele não estava em Porto Real quando Joffrey Baratheon mandou decapitar o pai nem no Casamento Vermelho quando Robb foi esfaqueado por Roose Bolton. As únicas preocupações de Jon sempre foram os Caminhantes Brancos. Quando Olly mata Ygritte o seu sentido de justiça não lhe permitiu virar-se contra o jovem (e depois isso custou-lhe caro). Mas aqui? Nunca conhecera Ramsay e o bastardo nunca lhe fizera nada diretamente. Mas os horrores que fez passar Sansa e ter morto Rickon tão cruelmente… Despertaram algo em Jon que nunca tínhamos visto. Finalmente Jon podia fazer o que lhe andava a ser negado há tanto tempo… poder vingar a família. Viram bem a real sova que ele deu a Ramsay?! O “Lorde Bolton” nem sequer teve hipótese! Se fosse noutro caso qualquer ele ter-se-ia limitado a espetar-lhe a espada no coração. Jon não estava a bater só em Ramsay. Estava a esmurrar em todas as pessoas que traíram a sua família. É quase trágico Jon só ter entrado no “jogo” nesta altura. Porém, mais vale tarde do que nunca.

A chegada dos Cavaleiros do Vale já era esperada, mas eu queria do fundo do coração que tal não acontecesse (Mindinho tem Sansa quase na mão por ter sido ele o salvador da pátria). Até ao último minuto ainda esperei que Smalljon Umber se virasse contra Ramsay e provasse que as teorias de que ainda era leal ao Stark são verdadeiras. Odiei estar errada. O Norte é leal? Nos livros, só. Malditos traidores.

Quando Jon e Ramsay ficaram finalmente frente a frente já em Wintefell, a diferença entre os dois era abismal. Jon estava coberto de sangue, cansado e destroçado pela perda do irmão. Ramsay parecia ter acabado de sair de uma bela banhoca. Jon acertou. Ramsay só luta pela sua causa e não quer saber de mais ninguém. Jon foi o primeiro a chegar-se à frente (a pé feito parvo como só ele consegue ser) para lutar pela sua causa. Estes dois são perfeitos opostos. Como o Batman e o Joker.

Fiquei honestamente feliz por Jon não ter morto Ramsay com aquela carga de pancada. Não é que seja grande adepta de violência, mas depois de tudo aquilo que o bastardo do Bolton fez em quatro temporadas, qualquer morte parecia pouco para ele. Jon vingou Rickon com aquela sova. Sansa vingou-se a si própria quando alimentou Ramsay aos próprios cães. O sorriso de Sansa era o sorriso de todos nós. Ela merecia ser a pessoa a fazê-lo. YEEESS!!!

Ao fim de tanto tempo, Winterfell volta a ser da Casa Stark, de quem nunca devia ter fugido. Esta batalha foi por Ned, por Robb, por Rickon e até por Cat. Agora que venha quem vier. Como se diz no futebol… Até os comemos!

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Maria Sofia Santos

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