Women of the Movement – 01×01 – Mother and Son
| 09 Jan, 2022

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[Pode conter spoilers]

Women of the Movement era uma das séries desta mid-season que mais ansiava, mas o episódio piloto foi mediano. A trama tem como inspiração um caso real e um livro, Emmett Till: The Murder That Shocked the World and Propelled the Civil Rights Movement, dando-nos a conhecer a história de um menino negro de 14 anos que foi vítima de uns racistas que acharam que um miúdo tinha que pagar com a vida por ter tido o “atrevimento” de convidar uma rapariga caucasiana para sair.

Se, nos Estados Unidos, no século XXI, os pais das crianças negras têm que lhes ensinar desde tenra idade algumas formas de se protegerem para não serem mortas, o que é que podíamos esperar em 1955, no Mississippi, um estado do sul em que o racismo estava imensamente enraizado? Aquelas mães deviam morrer de medo de cada vez que os filhos saiam da vista delas… E a verdade é que Mamie não queria que Emmett viajasse, mesmo indo para casa do tio, onde poderia passar tempo com os primos.

O episódio começa com Mamie em trabalho de parto, prestes a dar à luz. O parto foi complicado (a negligência nunca ajuda) e esperava-se que o menino crescesse com sequelas, mas não foi isso que aconteceu. É imenso o amor que aquela mãe tem para dar desde o primeiro minuto e que é sempre visível daí para a frente. Ela tem toda a consciência de que se trata de um mundo cão para um menino negro crescer e mesmo quando nada de mau se está a passar, há uma sensação qualquer de desconforto que senti enquanto espectadora. É claro que já sabia que a história resulta na morte de Emmett – essa informação faz parte da sinopse – e esse facto nunca deixou de estar presente na minha mente, mas acho que também tem muito a ver com o estado de ansiedade daquela mãe desde que aceitou que o filho fosse para o Mississippi.

Já lá, esse sentimento de perigo iminente parece aumentar. O sul não é nada como Chicago e Emmett não tem total consciência disso. Ele não faz nada de errado, mas é mesmo preciso fazer quando se é um miúdo negro num país imensamente racista? O ritmo do episódio é um pouco lento, com várias cenas familiares que servem para nos fazer sentir uma ligação com aquelas pessoas e depois com os primos a aproveitarem para passar alguns bons momentos juntos. O elenco é competente, mas ainda nenhum dos elementos conseguiu destacar-se verdadeiramente. Aliás, o ponto forte da série acaba por ser mesmo a própria temática do racismo, que nunca consegue deixar-me indiferente e mexe verdadeiramente comigo, ainda para mais porque se trata de uma história verídica, mas o episódio não me deixou com aquela ansiedade louca de ver o que se segue. Até porque o destino trágico de Emmett já está traçado e, o que aí vem, é a luta desta mãe para fazer justiça pelo filho. Se há potencial nessa luta? Claro que sim. A luta pelos direitos civis da população negra é uma parte muito importante da História americana (e do mundo, obviamente), mas como resultará em série? Estou a torcer para que voltem a mostrar imagens reais de acontecimentos ligados à luta pelos direitos civis, porque conferem um fator importante de emoção que faz todo o sentido numa série como esta e que acho que acabou por faltar noutros momentos.

Se gostas de histórias focadas no tema do racismo, sugiro que espreites, mas não fiques à espera de encontrar o brilhantismo alcançado por When They See Us.

Diana Sampaio

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