This is Us – 03×03 – Katie Girls
| 13 Out, 2018

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Katie Girls é This Is Us no seu melhor, um episódio muito bem escrito, diálogos improváveis e repleto de pequenas grande vitórias, superação, vitória do sonho, mas sempre acompanhado de uma sombra de tensão crescente que nos guia através de um grande susto e no final nos deixa de sorriso no rosto.

A série mais uma vez prova que nada é contado por acaso, cada momento é uma ponta solta rumo a futuras possibilidades. Tivemos na semana passada um desabafo de Kate, talvez vítima das hormonas “a falar” mais alto, o que é facto é que exteriorizou que ela era a única hipótese de dar continuidade ao legado de Jack e gerar um pequeno “Jack Pearson”. Se por um lado notámos que o agora mais sério Kevin não gostara de não ser considerado nestas contas, Randall ficara ainda mais atormentado. E o confronto chegou rápido, tamanho era o incómodo, não tivesse ele tido duas filhas biológicas e sentido-se legitimamente e obviamente tão filho de Jack quantos os seus irmãos, depois de uma difícil adaptação a essa realidade. Por outro lado, o beijo de Kate a um “estranho” também não se ficou por ali, foi contextualizado e resolvido, para termos o puzzle completo e uma justificação para as nossas dúvidas.

Mas retornando ao confronto entre Randall e Kate: é o típico arrufo de irmãos, tenso e intenso, mas passageiro, pois a fraternidade entre irmãos que se amam, como é o caso, fala sempre mais alto, ainda para mais num momento tão delicado e decisivo na vida de Kate.

Comecei por dizer que foi um episódio de vitórias com muito significado, contagiantes e inspiradoras, nomeadamente na carreira de Kevin com a sua estreia no cinema, na reação emotiva dos irmãos ao resultado final do filme, no grande desafio de Kate e Toby e até no princípio do amor entre Rebecca e Jack, motivado por algo que tantas vezes guia as nossas decisões sem explicação aparente, um simples feeling.

This Is Us já nos mostrou diversas fórmulas recorrentes que consistentemente são bem-sucedidas, os flashbacks, os paralelismos plenos de significados partilhados entre gerações, momentos que se repetem  e lugares que se revisitam poeticamente, mas ainda assim os argumentistas não se limitam a repetir fórmulas. E a prova disso foi o momento gratificante durante a anestesia de Kate que nos permitiu ter em cena as três Kates, das três gerações (infância, adolescência e adulta) e ainda a gozarem da companhia do pai Jack – genial o diálogo entre as diferentes “fases” de Kate e os seus distintos estados de espírito a funcionarem como duo “anjo bom/anjo mau” e o seu melhor conselheiro, o seu pai, cuja memória vive no coração de Kate a ser a fonte da energia e força de que ela precisava para superar aquele momento crítico e voltar à realidade e ao seu compromisso com Toby, para com a sua família e consigo própria.

Já tínhamos tido num episódio da 1.ª temporada uma curta cena que juntou Sterling K. Brown a Milo Ventimiglia. Desta feita, e de modo mais extenso, tivemos a oportunidade de ver Milo com Chrissy Metz, Jack com Kate, um par que já tinha oferecido ternurentas cenas entre pai e filha, mas nunca antes com ambos no estado adulto.

Este episódio traz ainda para cima da mesa um acontecimento que infelizmente se repete vezes demais na vida real, quando trabalhadores profissionais e dedicados se veem forçados a abandonar os seus trabalhos depois de anos de entrega e compromisso. Melhores dias virão para esta força da natureza que é Beth!

A verdade é que a criatividade de quem escreve esta série permite reinventá-la ao ponto de juntar personagens e atores que, de outro modo, pelas vicissitudes das suas vidas, não poderíamos ver contracenar. Origina-se assim um mar de possibilidades para conhecermos e regressarmos a inúmeros momentos marcantes da vida desta família e em particular a tempos em que já estivemos, mas onde ficou algo por explicar, algo mais por relevar. Esse constante vaivém entre tempos resulta quase sempre em episódios fluídos, como foi o caso desta semana, e dá-nos a segurança de que nunca nos precisamos de despedir definitivamente de nenhuma personagem, porque podemos confiar que elas continuarão a visitar-nos quando o propósito da história precisar desses elementos.

André Borrego

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