As nossas ‘duplas’ preferidas das séries
| 11 Fev, 2017

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Já aqui se escreveram crónicas sobre casais, melhores amigos, pais/mães e filhos(as), irmãos, um pouco de tudo. No entanto, há relações que não se enquadram total e propriamente em nenhuma dessas categorias, mas não queríamos deixar de lhes fazer uma homenagem, já que são especiais para nós. Aliás, todas as duplas desta lista trouxeram algo de especial às respetivas séries com a sua dinâmica, por isso aqui deixamos as nossas dez (onze, vá!) escolhas:

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Addison Montgomery e Amelia Shepherd (Private Practice)

Uma é a ex-mulher de Derek Shepherd, a outra a irmã mais nova do cirurgião. Certa vez, Amelia disse que Addison tinha sido mais uma irmã para ela do que as próprias irmãs o foram e é sabido que Amelia sempre se sentiu a ‘ovelha negra’ da família. Se em certas alturas Amelia parece incrivelmente ‘velha’ para alguém da sua idade, noutras é apenas uma ‘miúda’ que precisa que lhe mostrem que não está sozinha e que há alguém que a ama incondicionalmente e Addison foi certamente essa pessoa para ela, apoiando-a nos momentos mais difíceis (e foram muitos!). Mesmo depois de Amelia a ter afastado, dizendo que a odiava e que se ressentia dela por ter um bebé e o de Amelia estar destinado a morrer, no momento do parto era Addison quem lá estava para a ajudar. Além disso, em momentos de descontração, ninguém conseguia ser mais divertido do que esta dupla: Amelia nunca teve filtro, Addison também sempre disse uma série de coisas cómicas, portanto… São a prova de que não é preciso ser-se realmente do mesmo sangue para se considerar alguém a nossa família.

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Lily van der Woodsen e Chuck Bass (Gossip Girl)

Numa série que, apesar de ter acompanhado, não me marcou, confesso que havia apenas duas relações em Gossip Girl que me diziam alguma coisa. Uma seria tema para outra crónica, outra é a de Lily e Chuck. Lily foi sempre a minha personagem favorita da série, Chuck nem por isso (embora lhe reconheça o crescimento que teve), mas sempre achei que a ligação que os dois tinham era totalmente adorável. Lily era a figura maternal que Chuck tinha perdido, a pessoa a quem podia recorrer, que o amava incondicionalmente e lho mostrava. Mesmo tendo filhos ‘seus’, sempre achei que a ligação que Lily partilhava com Chuck era mais especial do que a que tinha com Serena ou com Eric.

Nicky Nichols e Red Reznikov  (Orange Is The New Black)

Nicky cresceu no seio de uma família abastada, mas isso nunca lhe trouxe felicidade. Como qualquer miúda que sente que ninguém ‘repara’ nela, Nicky começou a meter-se por maus caminhos para chamar a atenção, mas não resultou. Acabou na prisão, mas foi precisamente aí que encontrou a família que sempre desejou. Red, uma espécie de figura materna para algumas das reclusas mais novas, aceitou Nicky como uma filha e proporcionou-lhe aquela que será, provavelmente, a relação mais a sólida que a jovem já teve. Nicky conseguiu manter-se ‘limpa’ na prisão durante alguns anos, mas voltou a sucumbir às drogas. Red sentiu que tinha falhado como mãe já que Nicky não a procurou quando se sentiu a ‘descarrilar’. Apesar de ser muito amada por Red, Nicky vai ser sempre o tipo de pessoa que se sente sozinha e que acha que não vale nada, resultado da infância e adolescência que teve. No entanto, aconteça o que acontecer, é óbvio que Red estará sempre presente para Nicky, por muito que esta sinta que é apenas uma desilusão.

Olive Snook e Chuck Charles (Pushing Daisies)

Na teoria, Olive e Chuck não se deveriam dar nada bem. Olive passou imenso tempo apaixonada por Ned, sem ser correspondida, e quando Chuck entrou em cena foi mais do que óbvio que a possibilidade de acontecer alguma coisa entre Olive e Ned era nula, já que Chuck foi sempre o amor da vida de Ned. Olive sofreu com os ciúmes, mas rápido percebeu que aquela não era a típica relação de namorados e que havia ali algo de estranho, não só no que dizia respeito ao casal, mas também com Chuck. No entanto, mesmo sem saber o segredo que os dois escondiam, a verdade é que, à sua maneira, Olive começou também a proteger Chuck, acabaram por trabalhar juntas em algumas das investigações conduzidas por Emerson Cod e foram-se tornando próximas, sendo até justo dizer que alcançaram o estatuto improvável de melhores amigas.

Zelena e Regina Mills (Once Upon a Time)

Zelena cresceu sem uma família, Regina teve tudo. Uma tornou-se a Wicked Witch, a outra também cedeu à sedução do mal e assim nasceu a Evil Queen. Quando se cruzaram, Regina já se tinha redimido e lutava do lado dos ‘bons’, enquanto Zelena continuava a fazer jus ao título de vilã. As duas lutaram com o objetivo de só uma delas sobreviver, mas as coisas não poderiam acabar assim, porque de outra forma não conheceríamos um dos arcos mais interessantes de Once Upon a Time. As duas são irmãs, embora Cora tenha abandonado a filha mais velha à sua sorte. Zelena acabou por guardar ressentimentos em relação à irmã mais nova por esta ter tido a vida que ela invejava. No entanto, Storybrooke não foi palco da primeira reunião entre irmãs. As duas foram família no passado, amaram-se como as irmãs se devem amar, mas Cora apagou-lhes as memórias (nada de surpreendente na série) desses tempos felizes. Foi o restituir dessas memórias que voltou a aproximá-las e Zelena provou ser merecedora da confiança e do amor da irmã. Contudo, a morte de Robin Hood veio abalar a relação das duas e mostrar um lado mais vulnerável de Zelena, em detrimento de uma Regina mais dura e injusta e que, toldada pela dor da perda do amado, não é capaz de perceber que o único culpado é Hades. Estejam de bem ou de mal, ver estas duas personagens interagirem é sempre dos momentos mais interessantes da série. Fico a torcer para que façam as pazes em breve.

Joey Tribbiani e Chandler Bing (Friends)

Não podemos falar de duplas sem falar daquela que, para mim, é a melhor dupla de sempre em séries de comédia: Joey Tribbiani e Chandler Bing. Os companheiros de casa de Friends brindaram-nos com intermináveis momentos de rir e chorar por mais e apresentaram-nos uma amizade tão divertida como verdadeira e sentimental. Complementando-se sempre um ao outro, Joey consegue ser a parte menos inteligente da dupla, mas curiosamente mais racional enquanto que Chandler, ainda que provido de maior inteligência, era menos adaptável e menos propício a relações humanas. Juntos partilharam medos, emoções, sucessos e por mais que, por vezes, as ideias de ambos fossem opostas, acabavam sempre por fazer jus à música do genérico: “I’ll be there for you”. Uma amizade que passou dos ecrãs para a vida real e que todos nós idolatramos como uma das mais perfeitas. Quem não tem um amigo/amiga tal qual Joey ou Chandler?

Rick Grimes e Daryl Dixon (The Walking Dead)

Juntos desde os primeiros episódios da aclamada série, Rick e Daryl são, para muitos, parte fulcral da história de The Walking Dead. Quando comecei a ver a série tornaram-se sem dúvida as minhas personagens favoritas, tanto pela história em si como pelas capacidades de representação que ambos possuem, mas agora confesso que dos dois apenas Rick se mantém nesse posto, achando mesmo (vão-me matar, já sei!) que a personagem de Daryl já está um pouco a mais. Contudo, isso não invalida que até ao presente momento não sejam das melhores duplas que já vi em séries e que evoluíram muito um com o outro: Rick com um lado mais fervoroso e Daryl com uma faceta mais calma e estratega. Qual o rumo que a história irá tomar nos tempos vindouros não sabemos, mas que foi fantástico o momento em que estes dois se reencontraram e deram aquele abraço lá isso foi e aposto que até o mais sensível dos espectadores soltou um sorriso.

Jack Shephard e James “Swayer” (Lost)

Sou suspeito ao falar do que quer que seja relacionado com Lost, já que a série é a minha all time favourite. Lost estava inundada de fantásticos personagens e sub-histórias dentro de uma trama principal que me fez embarcar numa viagem surreal, numa experiência além-série. Dois dos melhores papéis em Lost pertenciam a Matthew Fox e Josh Holloway, respetivamente Jack e Swayer. Dois personagens muito diferentes, mas ao mesmo tempo bastante parecidos. O primeiro ponto em comum entre os “rivais” era a sua capacidade de liderança e de influenciar na tomada de decisão, pois ambos eram as vozes que se faziam ouvir maioritariamente, levando à ação, fosse ela qual fosse e por que razão acontecesse. Como é de esperar, muitas quezílias entre os dois ocorreram devido à relação que ambos tinham com Kate, que foi interesse amoroso de ambos. Contudo, no final de vários arcos com que a série nos presenteou, incluindo no tão badalado final, Jack e Sawyer sempre expressaram o respeito que tinham um pelo outro e o quanto aprenderam a ser pessoas melhores, incitando assim uma amizade algo confusa, mas verdadeira.

Steve Murphy/Javier Peña e Pablo Escobar/Gustavo Gavíria (Narcos)

Narcos tem tudo: uma história cativante baseada em factos reais, desenvolvimento gradual e não forçado, banda sonora excelente (muito, muito boa!) e duas das melhores duplas que já vi em séries. Por mais tentativas que tenha feito de escolher só uma dupla de Narcos, não consegui. Tanto uma como outra têm as suas particularidades e pontos positivos. Falemos da primeira: os good guys, Murphy e Penã, agentes da DEA que travam uma luta desenfreada contra o tráfico de droga vigente na Colômbia e se alastra para os Estados Unidos da América. Quando Steve Murphy chega ao país para ajudar na luta contra o narcotráfico, Peña é “nomeado” seu parceiro de campo e, ao início, a relação entre os dois não é a melhor, pois os métodos de trabalho são extremamente diferentes. No entanto, isso muda e passam a ser verdadeiros comparsas numa batalha que é ainda maior do que pensam. Antes de prosseguir para a próxima dupla não há como não destacar a excelente atuação de Boyd Holbrook e Pedro Pascal que conseguiram, até segundo os verdadeiros agentes Murphy e Peña, captar a essência dos seus papéis, fazendo uma réplica quase exata da personalidade de ambos. Pois bem, para todos os good guys têm que haver bad guys e a mudança na relação de Murphy e Peña é, em grande parte, graças à dupla Pablo Emílio Escobar Gavíria e su primo Gustavito Gavíria. Embora Narcos retrate uma época de terror, marcada por atos desprezíveis cometidos por ordem de Escobar, é impossível ficar indiferente ao companheirismo que Pablo e Gustavo partilham. Pablo, um sonhador, um suposto libertador dos pobres e oprimidos, um explosivo prestes a rebentar, e Gustavo, que apesar de partilhar muitos dos ideais do seu primo, era maioritariamente a voz da razão e um conforto em épocas e acontecimentos mais negativos. A relação entre estes dois é tão forte que nota-se bastante bem que Pablo fica mais agressivo e extremista após a morte de Gustavo, como se um buraco negro invadisse a sua vida, faltando-lhe aquele braço direito. Destaco igualmente a interpretação dos dois atores responsáveis por dar vida a estes icónicos personagens, Wagner Moura e Juan Pablo Raba.

Eleven e Mike (Stranger Things)

Stranger Things é um sucesso mundial e talvez tenha sido a série que mais apreciei ver no passado ano de 2016. Uma narrativa diferente ao que estamos habituados, um ambiente situado nos clássicos anos 80, personagens que me marcaram tanto pela sua individualidade como pelo sentido de comunidade entre elas. Mas a relação que destaco é a de Eleven e Mike. A química entre os dois é visível até em entrevistas, mas a verdadeira conexão sente-se no ecrã quando assistimos ao amadurecimento de ambos ao longo da série. Mike sente que deve proteger a todo o custo Eleven, tanto dos “mauzões” que a procuram como dos imprevistos da sua adaptação a uma envolvente nova e estranha, não só por ela poder vir a ser a chave para descobrir o que levou ao desaparecimento de Will, mas porque Eleven não é uma criança normal e com tenra idade já passou por muito. Mike, mesmo sem Eleven contar a totalidade do que passou, apercebe-se disso de uma maneira inocente, criando uma pequena paixão pela menina. Já Eleven retribui essa segurança e carinho, ao início com um sentimento de culpa por ter colocado em perigo a vida do rapaz, mas à medida que a temporada avança começa igualmente a nutrir sentimentos por Mike, fazendo desta dupla uma das mais bonitas histórias de “pseudo-amor” e companheirismo, em última instância levando mesmo ao sacrifício de Eleven para proteger Mike e o resto do grupo. Importante ainda destacar o profissionalismo destes pequenos grandes atores, que conseguem mostrar aos crescidos como é ser competente ao envolverem-se completamente nas personagens criadas para si. Não consigo encontrar uma dupla de miúdos com tanto talento como estes dois.

Diana Sampaio e João Alves

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