Arcane – Crítica da 2.ª Temporada
| 24 Nov, 2024
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A 2.ª e última temporada de Arcane chega e termina como a primeira, sempre em grande estilo. Arcane volta a provar que a maldição de produções adaptadas a partir de videojogos não é para todos. Esta temporada final foi incrível e vamos ver o porquê.

A produção da Riot Games e Fortiche, aliadas à Netflix, começou logo por se destacar num ponto, cada vez menos comum. A 1.ª temporada e a segunda foram separadas por três anos. Num mundo de ritmo rápido, conteúdo consumível em cada vez menos tempo, onde até um episódio de 50 minutos já parece muito e os níveis de capacidade de concentração estão a diminuir, é surpreendente que tenham conseguido os três anos que demoraram. E ainda bem, porque tiveram tempo para fazer as coisas bem feitas: a parte visual está magnífica e a história está muito bem contada.

O segundo ponto que fez a diferença foi definir desde o início que a história de Arcane teria apenas duas temporadas. Independentemente do sucesso, não iriam prolongar e arriscar descer a qualidade. Atenção que é possível que venhamos a ter mais deste mundo, afinal de contas, Piltover, Vi (Hailee Steinfeld), Jayce (Kevin Alejandro), Jinx, entre outros, são apenas alguns dos sítios e personagens de League of Legends. No entanto, teriam que começar de novo, novas personagens, nova história, e isso acaba por ser bom. Se correr menos bem não vai estragar as memórias da série que começou tudo. Nada está confirmado, mas um dos criadores da Riot Games deu um pequeno teaser que poderiam haver mais séries a caminho.

Sobre esta 2.ª temporada de Arcane, começamos no seguimento da primeira, com Piltover mais dividida que nunca, Vi e Jinx completamente separadas, uma nação dividida em fações e sem rumo. Pelo menos, quando Silco estava vivo e Piltover tinha líderes, as coisas funcionavam, até um certo ponto. Esta temporada continua a explorar os temas que a primeira começou: traição, família, desigualdade social e inovação vs. ética. Arcane não finge saber a resposta. Algo que cativou muito os espectadores foi isso mesmo: as personagens não são boas nem más. Usando o exemplo de Jayce e Viktor, Jayce tinha os motivos para impedir Viktor. Ele viu um possível futuro onde Piltover foi destruída pela ganância da inovação. Por outro lado, Viktor viu o potencial de ajudar as pessoas e, durante algum tempo, estava a conseguir criar uma sociedade evoluída e pacífica. Se não o tivessem parado será que tinha sido possível? Até mesmo sobre Silco, que na 1.ª temporada parece um pouco um “vilão” mais tradicional, acabámos por ir descobrindo mais, em termos de passado e motivações.

A complexidade das relações em Arcane são outro dos pontos altos, especialmente entre Vi e Jinx. O passado não pode ser apagado, mas o futuro pode ser escolhido é a grande mensagem desta temporada. Com tudo o que as separou, quando as coisas pareciam irreversíveis, Jinx consegue quebrar o ciclo de violência e traição. O curioso foi que, quem despoletou isto foi Ekko, que a detestava depois do que aconteceu na 1.ª temporada, após ter uma experiência num mundo alternativo. Vi nunca desistiu completamente de Jinx e, diversas vezes, foi desapontada, o que tornou ainda mais satisfatório quando finalmente Jinx a salva. Era previsível, mas isso não é necessariamente algo mau. Arcane equilibra bem o previsível que faz sentido com o inesperado, tal como equilibra a ação com a parte emocional.

Não querendo estar sempre a bater na mesma tecla, não posso deixar de referir novamente a animação. É uma das obras de arte mais belas e espetaculares que vi ser trazida à televisão. Cada cena de batalha e de ação é maximizada devido à forma como foi animada. Foi um trabalho incrível! Assim como a banda sonora, tal como escrevi sobre o Ato 1, Arcane usa, de forma muito regular e muito inteligente, música e som para potenciar o que o espectador deve sentir, seja excitação para uma batalha, emoção para um momento sentido ou triste, ou perceber que uma personagem se está a apaixonar. Tudo com a subtileza da música escolhida. Isto é o que uma banda sonora deve ser.

Se despirmos tudo o que está envolvido em Arcane, ou em qualquer série, o que fica é a mensagem. Qual foi o objetivo desta história? Que temas é que são discutidos durante os 18 episódios? Para mim isso é o núcleo de uma boa série se a história for boa e tiver um sentido/objetivo. Arcane faz um trabalho excelente a pôr-nos a pensar sobre diversos temas. Será que seríamos capazes de tomar a mesma decisão de Jinx no final? Será que a teríamos tomado mais cedo? Ou nunca? Até que ponto é que a ética deve parar o progresso científico se esse trouxer coisas exponencialmente positivas no futuro? Onde é que desenhamos a linha? Eu não sei, mas gostei de ser confrontado com estes temas, ao mesmo tempo que estava envolvido na história contada.

Melhor Episódio:

The Message Hidden Within the Pattern (Episódio 6) – Este episódio foi, de longe, o melhor e para mim teve dois dos melhores momentos da série. O momento mais óbvio é o sacrifício de Isha, a irmã adotiva de Jinx. Esse momento foi crucial para a decisão final de Jinx. Alguém que a conhecia, gostava dela como uma irmã, independentemente do que ela tenha feito no passado, sacrificou-se com um sorriso na cara para a salvar de Warwick. O que nos leva ao outro momento, descobrir que Warwick, a besta, era o pai de Jinx e Vi. Como já joguei League of Legends conhecia perfeitamente Warwick e não estava nada à espera desta revelação. Este episódio foi também bom porque foi a última altura onde as coisas estavam bem, até certo ponto, antes do clímax final. Foi a destruição daquela comunidade que levou a história a avançar como avançou.

Personagem de destaque:

Jinx (Ella Purnell) – Há muitas personagens que podia colocar aqui, que têm evoluções tremendas. No entanto, nenhuma é tão cativante como Jinx. O mundo falhou-lhe e ela tomou muitas decisões moralmente erradas, mas cuidou de Isha como foi cuidada por Vi quando era mais nova. O sacrifício de Isha levou-a a tomar a decisão correta no final. Jinx é uma versão diferente e, até certo ponto, mais realista de uma Harley Quinn. E quão curioso é Ella Purnell estar diretamente envolvida em duas das melhores adaptações de videojogos atualmente, sendo a protagonista de Fallout também?

Arcane - Crítica da 2.ª Temporada
Temporada: 2
Nº Episódios: 9
10
10
Interpretação
10
Argumento
10
Realização
10
Banda Sonora

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