Jessica Jones – Review da 3.ª Temporada
| 21 Jun, 2019

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Temporada: 3

Número de episódios: 13

[Contém spoilers]

Não é segredo que nunca fui muito fã de super-heróis, mas Jessica Jones sempre despertou em mim alguma curiosidade e quando se tornou uma das minhas séries, rapidamente me conquistou. No entanto, foi sempre a protagonista e a sua relação com Trish a cativar-me e não a parte dos vilões ou tudo o resto que suponho que conquiste a maior parte dos fãs deste género. Tinha a plena noção de que provavelmente não era o tipo de série que ia querer acompanhar durante muitos anos. Felizmente, foram só três. Não digo isto porque deixei de gostar de Jessica Jones (não deixei), por não ter gostado desta temporada (porque gostei), mas porque acredito que mais vale uma série pecar por ser curta do que comprida demais.

A segunda metade da temporada foi muito mais interessante para mim do que a primeira porque me deu sobretudo aquilo de que gosto mais nesta série. Tivemos Jessica e Trish a trabalharem em conjunto e a voltarem a ser as irmãs e as melhores amigas que nunca duvidei que eram; tivemos ação, coisas a acontecer, um ritmo mais acelerado, e um verdadeiro debate sobre o que é certo e errado. Por vezes, a linha que separa uma da outra é ténue, mas há outras vezes em que é tão longa que qualquer pessoa razoável teria tempo suficiente para perceber o seu erro enquanto a percorre. Principalmente quando se tem pessoas que se preocupam connosco a gritarem-nos para pararmos! Ou quando temos um homem cujo super poder é identificar se as pessoas são boas ou más e ficar com dores de cabeça terríveis quando está na nossa presença.

Qual era a ideia de Trish? Não faço a mais pequena ideia de quantos assassinos, violadores, pedófilos, raptores ou outros da mesma espécie haverá no mundo, mas provavelmente são milhões. A intenção seria então ‘limpá-los’ a todos ou apenas a alguns? Porque uns e não outros? E como ter a certeza de que são mesmo culpados? É que a pretensa heroína nunca sequer se certificou. Espancar ou torturar pessoas até que elas confessem crimes não é o método mais falível para identificar a culpabilidade de alguém. As pessoas confessam coisas que não fizeram se pensam que não há alternativa. Se de repente começássemos a eliminar todos os maus da fita, o que é que acontecia? Até porque quem é que define o tipo de crime pelo qual alguém deve pagar com a vida? Onde é que está o limite? Onde é que se traça a linha? Trish perdeu o norte e durante aquele tempo todo não parou para se questionar, para duvidar do que estava a fazer, e não foi capaz de confiar no judgement de Jessica. Ela, sim, é a verdadeira heroína, como eu sempre disse. Entregar Trish à polícia, apesar de ser a única coisa certa a fazer, foi a coisa mais difícil que Jessica fez na vida. Gosto de pensar que, um dia, Trish vai despertar da ilusão em que viveu nos últimos tempos e agradecer à irmã.

Jessica Jones não teve uma última temporada de arromba, mas também não me desiludiu e acho que se manteve fiel à série que é. Só Jessica, uma personagem que não gosta de pessoas no geral, mas com a cabeça e o coração nos sítios certos, para me fazer gostar de super-heróis!

Melhor Episódio:

Episódio 12 – Pensei escolher outro episódio, mas acabei por reconsiderar, pela importância que este penúltimo capítulo da série teve para o desfecho. Este é o episódio em que Jessica manteve Trish acorrentada e vigiada por Malcolm. Este personagem também teve um percurso interessante ao longo da temporada! Enquanto isso, a nossa heroína, com a ajuda de Erik, fazia os possíveis para que Sallinger fosse preso. Com provas de que ele tinha sido o responsável por vários assassinatos, a polícia não podia fazer nada que não prendê-lo para a vida toda. Com Sallinger preso, o mundo estava mais seguro e a alma – a humanidade ou o que lhe queiram chamar – de Trish estaria também a salvo.  Com o responsável pela morte da mãe preso, ela não precisaria de fazer justiça pelas suas próprias mãos. Ou assim pensou Jessica (e eu). Acho que deveria ter previsto isto, porque os sinais estavam lá e Trish tinha-se mostrado demasiado obcecada em fazer o suposto bem, mas a verdade é que acabei por acreditar sempre que Jessica conseguiria salvá-la dela mesma.

Personagem de destaque:

Trish Walker – Escolher Jessica seria demasiado óbvio e a verdade é que Trish acabou por ter grande parte do foco desta temporada. Já não é de agora que a personagem toma decisões duvidosas, mas desta vez levou as coisas a uma dimensão completamente diferente. Ela quis tornar-se um tipo de heroína diferente daquilo que Jessica é, mas a sua vontade de fazer justiça tornou-a numa vingadora que não olha a meios para acabar com os verdadeiros maus da fita. Ao querer combatê-los, Trish tornou-se, também ela, a má da fita. Consigo perceber que ela não tenha descansado enquanto Sallinger estava morto; afinal de contas, ele matou-lhe a mãe, não sem antes a ter feito sofrer, mas a forma como o fez… E as outras mortes… Há imensos tipos maus neste mundo, mas no que é que a humanidade se tornaria se começássemos a caçá-los? O mundo estaria melhor? Possivelmente não. O sistema legal está longe de ser perfeito, mas mesmo com todas as suas imperfeições é preferível a qualquer alternativa. Trish quis ser essa alternativa, mas a única coisa que conseguiu foi obrigar Jessica a lutar – figurativa e literalmente – contra ela e, sobretudo, tornar-se naquilo que mais detesta. Trish não é fundamentalmente má, mas é a prova de que as pessoas se podem perder completamente mesmo quando pensam que estão a fazer a coisa certa.

Diana Sampaio

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