Extraordinary, a nova série britânica do Disney+ criada por Emma Moran e produzida pela Sid Gentle Films, a mesma produtora responsável por Killing Eve, tem lugar num mundo alternativo em que toda a gente com mais de 18 anos adquire um super-poder – toda a gente exceto Jen (Máiréad Tyers), uma jovem que há mais de seis anos que espera pelo seu.

Extraordinary é uma lufada de ar fresco numa plataforma de streaming saturada por histórias de super-heróis, mesmo que a série não trate exatamente de super-heróis no sentido mais tradicional. Neste mundo alternativo, todos parecem ter um super-poder, exceto a protagonista. Até aqui, nada na premissa da série é particularmente original, ainda para mais quando nos apercebemos que Jen vive num apartamento inexplicavelmente agradável com dois amigos, um deles desempregado.

Os super-poderes que encontramos em Extraordinary, porém, são poderes como andar atrás no tempo uns minutos, ter força suficiente para levantar um sofá com um único dedo, mudar de canal sem ter de usar o comando da televisão ou mesmo ter a capacidade de levar qualquer pessoa a ter um orgasmo com um simples toque. Para alguns, estes super-poderes são uma bênção, para outros uma maldição e, para a maioria, um bocadinho de ambos. A colega de casa de Jen, Carrie, por exemplo, tem a capacidade de falar pelos mortos, um poder que a jovem usa no seu trabalho para resolver conflitos familiares sobre heranças e na sua vida pessoal para animar os amigos quando traz o Hitler para a mesa de jantar só para eles o insultarem. De qualquer das formas, Carrie sente que nunca a querem ouvir a ela.

Ao concentrar-se em Jen, interpretada por uma cativante Tyers, Extraordinary prefere, na verdade, explorar o ordinário, insistindo que talvez não seja tão mau assim que a protagonista não tenha nenhum super-poder e brincando com a ideia de que ser medíocre num mundo repleto de pessoas extraordinárias possa ter a sua beleza.

O primeiro episódio de Extraordinary, intitulado Have Nots, pareceu-me bastante promissor, com uma inesperada reviravolta que prova a qualidade da escrita. A série não deixa de cair nalguns clichés, mas também é consciente o suficiente para fazer pouco deles, não se levando muito a sério. Não esperes rir-te à gargalhada, mas podes esperar um momento bem passado com uma série que “nem sempre é extraordinária, mas nunca é aborrecida”, como escreveu Benji Wilson na sua review para o The Telegraph.

Os oito episódios da 1.ª temporada de Extraordinary, que já foi renovada para uma 2.ª temporada, estão disponíveis no Disney+.