Legacies – 04×12 – Not All Those Who Wander Are Lost
| 28 Mar, 2022
5.6

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A chegada de uma nova semana trouxe consigo um novo episódio de Legacies. Intitulado Not All Those Who Wander Are Lost, este representa o 60.º capítulo da série que, ao que tudo indica, poderá não chegar a ver o seu 100.º episódio.

De qualquer forma, Not All Those Who Wander Are Lost dá continuação à busca de respostas levada a cabo por Aurora, que acaba por encontrar informações que se podem vir a provar bastante úteis na sua luta contra a jovem Mikaelson. Enquanto isso, Hope coloca em prática o sire bond que partilha com Lizzie, comandando-a a seguir as suas ordens com resultados inesperados. Por fim, Alaric, Landon e Ted trabalham em conjunto de modo a planear os seus três desejos.

Se tivesse de resumir este capítulo de Legacies em apenas uma palavra, essa seria, sem sombra de dúvida, dececionante. Apesar do seu episódio anterior mostrar algum potencial em várias vertentes, Not All Those Who Wander Are Lost não hesita em colocar um abrupto ponto final ao que de mais interessante dele surgiu, destruindo, assim, qualquer réstia de esperança por uma narrativa mais elaborada.

De longe, a storyline do limbo surge, novamente, como a menos interessante deste episódio – e, infelizmente, como a sua principal linha narrativa. Alaric, Landon e Ted encontram-se de regresso após a sua breve ausência em Follow the Sound of My Voice, passando a grande maioria deste novo capítulo a tentar descortinar qual a melhor forma de usar os seus míseros três desejos e, de igual modo, tentando evitar quaisquer loopholes que possam importunar o seu objetivo final. Como seria de esperar, a sua estratégia não corre conforme planeado, culminando com o regresso de Alaric ao mundo real, com o aprisionamento de Ted (que regressa à sua forma enquanto Necromancer) e, ainda, com a permanência de Landon no limbo.

Por outras palavras, estes personagens de Legacies retornam (quase) ao mesmo ponto em que se encontravam em You’re A Long Way From Home o que, por si só, representa um problema de peso. Esta storyline já se arrasta há bastante mais tempo do que o necessário sem que o interesse da audiência pela mesma o justifique, pelo que vê-la formar um círculo e regressar àquele que é, na sua essência, o seu ponto inicial é algo frustrante. Resta-me esperar que o acontecimento tenha consequências reais na vida dos personagens, ao invés de voltar ao status quo das últimas temporadas. Para esse efeito – e uma vez que Legacies teima em não matar Alaric de vez –, gostaria de ver Landon alcançar a paz, não se tornando a razão pela qual Hope recupera a sua humanidade. No entanto (e estando familiarizada com a série), sei que as probabilidades não estão a meu favor.

Ainda assim, tenho a admitir que este não foi o meu maior ponto de discórdia para com este episódio. Teria de me preocupar minimamente com qualquer um destes personagens para assim o ser e a realidade é que há muito perdi o interesse por eles – salvo, talvez, Landon, apesar de Legacies não favorecer de todo as capacidades de Aria enquanto ator. Na verdade, é a abordagem à relação entre Hope e Lizzie que me causa um maior transtorno, colocando em evidência a incapacidade desta série em comprometer-se a uma narrativa de genuíno interesse por mais do que dois episódios apenas.

Após os acontecimentos de Follow the Sound of My Voice, esperava (erradamente, talvez) que o sire bond entre as personagens tivesse uma maior duração temporal, explorando esta nova dinâmica criada pela morte de Lizzie e pela subsequente perda de ligação entre a personagem e a sua irmã gémea. No entanto, a jovem Saltzman vê-se capaz de quebrar este seu elo já neste episódio ao resistir às ordens de Hope para matar Aurora, por quem tem vindo a desenvolver algum tipo de compreensão. Recordo que este arco narrativo – algo que, para as personagens de The Vampire Diaries e mesmo de The Originals teve bastante destaque – durou apenas três episódios. Três miseráveis episódios que culminam de forma pouco cerimoniosa com a traição de Lizzie a Hope, colocando assim um termo à sua parceria e fazendo com que Hope sinta algo.

Apesar de se intitular Legacies, a verdade é que a série tem vindo a ganhar fama por entre a sua audiência ao obliterar por completo determinados aspetos do mundo desenvolvido pelas suas antecessoras – e, desse modo, o legado por elas criado. A insignificância deste sire bond e a forma como Lizzie o quebrou com toda a facilidade contrasta em muito com os eventos de The Vampire Diaries. Ao longo deste franchise, também o momento em que personagens sem a sua humanidade revertem para o seu estado normal surge como algo de extrema significância, mas, aparentemente, não será este o caso para Hope. Até mesmo Aurora – uma personagem que, apesar dos seus problemas mentais, surge como uma séria ameaça em The Originals – parece estar out of character ao confessar sem qualquer hesitação a Lizzie os seus planos para Hope, sob a suposição de a personagem ser o seu falecido irmão – sem feitiços, ilusões, nem nada do género. Apenas uma crença, derivada da tortura (leve, em comparação com a forma como foi tratada no passado) que viveu.

Não te iludas: percebo (e, de facto, valorizo) a relação entre Lizzie e Hope. Apesar de acreditar que certos aspetos desta storyline entre as personagens estivessem originalmente pensados para Hope e Josie (nomeadamente, uma parceria incondicional, tendo em consideração o ênfase colocado sobre a leniência de Josie para com a tríbrida nos episódios que antecederam a sua partida), o sire bond despertou em mim algum entusiasmo. A sua dinâmica encontra-se entre as minhas favoritas desta série, o que apenas acrescenta às minhas frustrações. Gostaria que esta sua narrativa enquanto parceiras de crime perdurasse e que, de forma gradual, Hope começasse a baixar a sua guarda, mas longe de Legacies dedicar o seu tempo a algo merecedor. Valorizava o desenvolvimento da saúde mental de Lizzie (para além da ocasional instância em que esta se torna momentaneamente relevante para a série) e posterior simpatia para com Aurora, mas, mais uma vez, esta fica aquém das expectativas, não gozando da duração necessária para respirar e, assim, produzir o impacto necessário. Mesmo a falta de humanidade de Hope deixa algo a desejar, não possuindo a garra devida ao recusar-se a explorar todo o trauma por ela vivido, a verdadeira raiz da sua relutância em sentir novamente.

Em suma, Not All Those Who Wander Are Lost aparece, assim, como mais um entre muitos episódios que ficam aquém do esperado para uma série cuja premissa parecia promissora. Tem-se vindo a tornar cada vez mais evidente que Legacies se afasta de forma crónica de qualquer narrativa que a equipare, em termos de qualidade, às suas antecessoras, optando, ao invés, pela resolução mais fácil uma e outra vez. A sua saving grace passa pela prestação do seu elenco, mas nem todo o talento do mundo seria incapaz de encobrir um terrível enredo para sempre. A maior desilusão, talvez, resume-se ao potencial que a série tinha para vingar neste seu meio e à forma como este mesmo potencial foi, e continua a ser, deitado por terra.

Legacies encontra-se numa pequena pausa, com regresso marcado para breve. Até lá, podes assistir à série na íntegra através da plataforma de streaming HBO Max.

5.6
7
Interpretação
3.5
Argumento
6
Realização
6.5
Banda Sonora

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