Séries: Uma Fuga à Realidade
| 19 Mar, 2016

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Já te perguntaram porque é que vês séries? Já te perguntaste a ti próprio porque é que vês tantas séries?

As respostas provavelmente passam por coisas como “porque gosto”, “porque dá para passar o tempo de uma forma agradável”, “porque é uma boa forma de entretenimento”, “porque sigo histórias interessantes” ou até “porque sou amante de ficção e gosto de apreciar boas obras televisivas”. Talvez uns sejam mais específicos e digam, “porque gosto de ver comédias para me alegrar o dia”, “porque gosto de ver dramas para me afogar no sofrimento alheio e ficcional”, “porque gosto de ver séries de ação pela adrenalina sedentarista que isso me traz.”

Há muitas mais respostas, mas sejam quais forem as respostas que já deram a outros ou a vocês próprios, há uma coisa em comum a todas elas, e que está na essência daquilo que nos leva a ver, e a gostar de ver, séries: elas são, acima de tudo, uma fuga à nossa realidade pessoal.

De uma série simples que retrata o dia a dia num escritório de advogados numa pequena cidade americana a uma série complexa de ficção científica num universo paralelo, todas as séries descrevem e desenvolvem realidades fora da nossa, vidas fora das nossas, histórias diferentes, que nos fascinam de uma forma ou outra, que nos envolvem e a que gostamos de assistir, sentados em frente ao nosso computador ou televisão, acompanhados por um sentimento de que, durante aqueles cerca de 45 minutos, estamos a viver metafisicamente com aqueles personagens, na realidade daquela história, e não na nossa.

E será que o aumento da popularidade das séries televisivas, em particular no nosso país, está relacionado com um aumento da busca por uma fuga à realidade em que vivemos? Com a crise e as condições precárias não me admirava que se pudesse realmente verificar aqui uma correlação direta, mas bem, não possuo dados empíricos para afirmar isto.

O que se pode afirmar, contudo, é que, consciente ou inconscientemente, a maioria de nós procura séries por esta razão. E isto porque sempre foi essa a finalidade de tudo o que é entretenimento: exportar-nos para uma realidade que não a nossa, transcender-nos de nós próprios, nem que só por umas breves horas, dar-nos a sensação de viver mais do que aquilo que se passa no nosso – mais ou menos aborrecido – quotidiano.

A questão é que, ao contrário de um concerto ou peça de teatro, ao contrário de um filme, que nos transportam para a sua história durante um momento singular, ainda que com potencial de ser revisitado, as séries constroem-se, mais ou menos como lendo livros de uma trilogia ou saga, ao longo de um lato período de tempo. Um ano no caso de ser apenas uma temporada, podendo prolongar-se por vários. Vários anos durante os quais, todas as semanas, somos envolvidos e embebidos num enredo, somos apresentados e passamos a conhecer os seus personagens, assistimos ao seu crescimento e evolução ao longo do tempo e, a certa altura, passamos a “partilhar” com eles as suas vivências, cada um de nós à sua maneira.

Citando o senhor das reflexões da RFM: “Já agora, vale a pena pensar nisto.”

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