Não há dúvida de que The Stolen Girl (A Rapariga Roubada) é uma minissérie empolgante mas os plot twists e as constantes revelações de segredos prejudicam a qualidade do drama. Às vezes mais é menos e este é um desses casos. Algumas das reviravoltas foram interessantes e tinham que existir, é óbvio, mas no fim é demasiado. A mãe tem segredos, o pai tem segredos, basicamente tudo aquilo que julgávamos saber ao início é desconstruído… Talvez a série tenha querido mostrar que a linha entre “vilão” e vítima pode ser ténue ou que pessoas boas podem fazer coisas más, mas talvez pudesse tê-lo feito de uma forma mais subtil e com menos personagens. Acho isso preguiçoso em termos de argumento e de história. O elenco, contudo, é muito bom, com interpretações convincentes que passam para este lado do ecrã e nos fazem sentir mais próximos dos personagens. O pânico, por exemplo, que Elisa e o marido transmitem no primeiro episódio quando não sabem o que aconteceu a Lucia é palpável e gera tensão no espectador.
A série consegue entreter do primeiro ao último minuto dos seus cinco episódios. Mais do que isso, agarra ao ecrã e faz-nos querer ver tudo seguido, o que acaba por ser o mais importante. Agora se ficou aquém daquilo que prometeu no episódio piloto? Ficou, mas nem por isso deixa de valer a pena se gostas destas séries que envolvem crimes. The Stolen Girl não é uma pérola, mas é bom entretenimento.
Melhor episódio:
Episódio 4 – Elisa é atacada em todas as frentes. Na imprensa, nas redes sociais, até por pessoas com quem se cruza… Vemos uma tremenda falta de empatia e apontar do dedo a esta mãe por ter deixado a filha com uma estranha. Estou certa de que ela se culpabiliza o suficiente, embora não me tenha passado pela cabeça, nem por um segundo, considerá-la responsável pelo que se passou, portanto é mesmo necessário adicionar mais à sua culpa? A jornalista alimenta um pouco esse fogo, obcecada com o passado de Elisa, mas ao mesmo tempo descobre coisas importantes que podem verdadeiramente ajudar a encontrar Lucia. Não adorei foi que houvesse tantos segredos enterrados, mas a série não parecia querer ter momentos mortos.
Personagem de destaque:
Elisa Blix (Denise Gough) – Parece que não paro de descobrir atrizes irlandesas awesome desde Bad Sisters! Elisa acaba por ser a personagem central de The Stolen Girl. Gostei dela desde o início, achei que teve uma presença muito forte no ecrã. Foi capaz de mexer comigo enquanto mãe a lidar com uma situação impossível, conquistou a minha solidariedade quando todos a atacaram e mesmo nos seus momentos menos positivos, acho que não a julguei demasiado. Gough conseguiu encontrar um equilíbrio na forma como se entregou à personagem que me faz pensar que, nas mãos de uma atriz menos competente, Elisa podia ter sido alguém com quem deixamos de nos preocupar.