A 3.ª temporada de From, já disponível na Max, foi, numa palavra, morna. Começou bem, pegando exatamente onde a 2.ª temporada nos deixou, e arrancou com força: um episódio cheio de ação, tensão e dúvidas — muitas dúvidas — com um momento chocante que prometia grandes coisas. Parecia que finalmente íamos ter uma temporada focada em respostas, em vez de mais perguntas. Puro engano. Pelo menos até ao último episódio, mas já lá chegaremos.
Depois de um início promissor, a série foi perdendo gás. Os primeiros episódios ainda trouxeram algumas boas revelações, especialmente as consequências de Tabitha (Catalina Sandino Moreno) ter conseguido sair da cidade e as novas informações que surgiram, tanto fora como dentro dela. No entanto, a partir do meio da temporada, foi um desfilar de episódios que pouco ou nada acrescentaram. Muito enrolar, pouco desenvolver. Salvou-se o enredo de Fatima (Pegah Ghafoori), que, apesar de bizarro, conseguiu ser intrigante, e o de Julie (Hannah Cheramy), que, embora apenas sugerido, deixou aquela pulga atrás da orelha. E o último episódio só veio confirmar algumas suspeitas — ou, pelo menos, dar mais munições, porque nesta série até o que parece certo pode ser enganador.
Os enredos de Tabitha (Catalina Sandino Moreno) e Henry (Simon Webster), apesar de durante grande parte da temporada terem sido um exercício de voltas sem fim nem destino aparente, pelo menos levaram a algum desenvolvimento. O de Tabitha, em particular, redimiu-se no final com uma revelação importante, oferecendo um vislumbre do que está para vir. Já os de Jim (Eion Bailey) e do xerife Boyd (Harold Perrineau), que deveriam ser os motores da ação, especialmente Jim, pela sua motivação familiar, acabaram por não trazer nada de significativo. Jim passou a temporada inteira preso em negação e acessos de raiva, sem tomar qualquer iniciativa, enquanto Boyd, outrora central, transformou-se num figurante de luxo, sem impacto na narrativa. Em contraste, Jade (David Alpay) destacou-se como o único personagem verdadeiramente ativo na busca por respostas. Mesmo que as suas ideias nem sempre fossem coerentes, pelo menos tentou algo, trazendo movimento a um mar de inércia. E convenhamos, não é uma série que tenha representações de topo, portanto sem enredos cativantes acabam por alguns plots cair no absurdo.
Vou ter que elaborar aqui um bocado sobre o último episódio, pois destacou-se dos restantes e foi onde efetivamente tivemos mais para digerir. Não foi brilhante, mas trouxe algumas respostas e desenvolvimentos que finalmente valeram a pena. Algumas revelações foram redundantes, das que nos fazem pensar: “Tanta coisa para isto?”, mas outras trouxeram claridade a uma série até aqui mergulhada nas sombras. Nos últimos minutos obtivemos mais respostas do que nas três temporadas anteriores juntas, o que foi um alívio. No entanto, também ficou a sensação de que, se tinham estas respostas na manga, poderiam ter desenvolvido melhor cada tópico ao longo da temporada, em vez de arrastar a narrativa e guardar tudo para o final, apenas para chocar e deixar tudo em suspenso.
No geral, foi uma temporada banal. Não foi má, mas ficou aquém do que a série já nos deu. Continuo a gostar do mistério e de criar teorias, mas desta vez deram-nos pouco sumo para isso, o que foi genuinamente uma pena. Fiquei contente com a renovação para uma 4.ª temporada, porque depois de tantas horas investidas, seria frustrante ficar sem respostas. Só espero que a próxima seja a última e que a série acabe enquanto o saldo ainda é positivo.
Todos os episódios da 3.ª temporada de From já se encontram disponíveis na Max.
Melhor episódio:
Episódio 10 – Revelations: Chapter Two – Marcou uma viragem crucial, ao contrário dos anteriores, que pouco avançaram na narrativa. Finalmente surgiram revelações que mudaram o panorama geral: algumas surpreendentes, outras a clarificar elementos já sugeridos. As informações foram apresentadas de forma condensada, dando-nos a sensação de estar, finalmente, a desvendar partes do mistério. O ritmo acelerado e as novas pistas oferecidas renovaram o interesse. No entanto, o título podia ser só Revelations, o parte dois foi esticar a corda.
Personagem de destaque:
Jade (David Alpay) – Emergiu nesta temporada como um dos poucos personagens verdadeiramente ativos na procura de soluções. Enquanto outros se deixaram levar pelos acontecimentos ou ficaram presos na inércia, ele mostrou iniciativa e determinação. Mesmo que os seus métodos fossem questionáveis ou por vezes desorientados, a sua vontade de agir e explorar alternativas fez dele um ponto focal importante. A sua perseverança trouxe momentos de tensão e alguma esperança, destacando-o num grupo onde a maioria parece resignada ao destino que os aprisiona. A revelação final sobre o personagem não só explicou muito sobre o que se está a passar com ele desde o início, como o torna ainda mais interessante e a meu ver faz dele uma peça central para desenredar este labirinto de fios.