The Comey Rule – Crítica da Minissérie
| 02 Out, 2020
7.4

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The Comey Rule é uma minissérie da Showtime que se propõe contar de que modo as eleições de 2016 nos EUA foram influenciadas pela Rússia, e de que modo as diversas personalidades políticas lidaram com a eleição de Trump.

Vemos o desenrolar dos acontecimentos pelo ponto de vista de James Comey, o diretor do FBI em funções durante o escândalo dos emails de Hillary Clinton. Jeff Daniels dá-nos uma representação ao nível que já esperamos dele e embora haja claramente um afloramento de “cavaleiro branco” de Comey (e outras personagens), retratando o antigo diretor como um paladino da justiça e da honra, um Ned Stark sem decapitação. Daniels  fá-lo com lucidez e consistência que lhe é reconhecida mas sem ser especialmente carismático. Isto porque o próprio Comey não o é. Mas o ator mereceu elogios do real Comey, por isso… Obviamente que o grande elefante na sala é o papel de Brendan Gleeson como Donald Trump e confesso que fiquei absolutamente deslumbrado. Gleeson não se limita a fazer uma caricatura de Trump, dá-lhe uma dimensão para lá das gafes. Retrata um presidente mais mafioso e menos cartoonesco. Seria muito fácil cair no ridículo mas o resultado é uma performance incrível e irrepreensível.

Para além destes dois titãs há ainda um campo cheio de caras conhecidas (Holly Hunter, Michael Kelly, Jennifer Ehle, Jonathan Banks, Oona Chaplin, Joe Lo Truglio…). Infelizmente é em termos de história que a série encontra o seu maior calcanhar de Aquiles.

Embora não um especialista, acompanho a política americana desde 2016. Logo, nenhum destes nomes e acontecimentos serão novidade para os mais informados. Não há revelações bombásticas, apenas alguns vislumbres mais pessoais que caminham a fina linha entre realidade e interpretação dos acontecimentos. A série serve, então, apenas para encenar relatos que ouvimos até à exaustão. Se por outro lado, tudo isto for parcialmente/ completamente novo para vocês ou o sistema político e judicial dos EUA for algo alienígena, vão passar um mau bocado. A quantidade de nomes e cargos que vos é vomitado para cima enquanto a ação desenrola pode ser avassaladora e confusa. Ao ponto de pouco ou nada perceberem o que se está a passar. A série faz por reenquadrar e diminuir o passo em alguns momentos, para ajudar a respirar, mas ainda assim é muita informação condensada em 3h30 de conteúdo.

The Comey Rule é uma “história” fundamental para perceber que tipo de homem é Donald J. Trump, que dilemas morais teve Comey de enfrentar e de que modo a política e sistema judicial americanos têm falhas profundas. As interpretações são irrepreensíveis mas o excesso de informação e a existência de demasiados cavalos brancos e pilares da moral, que só quem for muito inocente acredita que serão mesmo assim, mancham o pano. É preciso então manter o juízo crítico e aplicar um filtro enquanto estamos a ver o desenrolar desta história que assusta mais quando sabemos que uma grande parte é verdade…

Melhor Episódio:

Episódio 2 – Night TwoO segundo episódio contém mais Trump e é mais “mexido” que o primeiro. A tensão entre Comey e Trump é palpável.

Personagem de Destaque:

Donald Trump (Brendan Gleeson) – Não me irei alongar para lá do que refiro no texto. Mas é de facto Trump que dá uma vida maior à história e cuja performance de Gleeson mais se destaca. Copiar, com classe.

Vítor Rodrigues

The Comey Rule - Crítica da Minissérie
Temporada: 1
Nº Episódios: 2
7.4
9.5
Interpretação
6.5
Argumento
7
Realização
5
Banda Sonora

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