A Murder at the End of the World – 01×01 – Homme Fatale
| 15 Nov, 2023
8.75

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Tendo crescido a ler os livros de Agatha Christie com o seu Poirot, acompanhado as aventuras de Sherlock Holmes, escritas por Sir Arthur Conan Doyle, e a tentar deslindar os casos passados na barra do tribunal de Perry Mason, trazidos até nós por Erle Stanley Gardner, estava curioso para conferir o buzz que se gerou à volta de A Murder at the End of the World, descrita como “Sherlock Holmes da geração Z”. Posso dizer que este primeiro episódio não desiludiu, embora se note amplamente que bastante longe vão os tempos descritos nesses livros.

Vamos misturar a onda de documentários, que ocupam a televisão atual, com investigações de true crime, adicionar a premissa clássica de um bom whodunnit e colocar os personagens num sítio remoto e inóspito ao estilo dos livros de detetives nórdicos? E ainda misturar-lhe, por nossa conta e risco, vibes de anos 80/90 à banda sonora e realização e preocupações sociais atuais ao argumento? Why not? Deve ter sido esta a linha de raciocínio dos criadores, que importa referir são os mesmo de The OA, Brit Marling e Zal Batmanglij, pois este facto torna-se importante para perceber de onde vem a palavra que define este primeiro episódio: estranho.

E neste caso convém referir que estranho não é mau, pois resulta, mas tanta amálgama de banda sonora, inspirações distintas, fazem-nos ter aqueles momentos de: “mas o que é isto que estou a ver?” ou “de onde veio isto?” e ainda “a sério que misturaram estas coisas?”, mas não só não nos dá vontade de desligar a televisão, como nos prende a atenção e acabamos por querer ver onde aquilo vai dar, pois também no que realmente interessa acertam: o argumento e o tom.

A história em si é interessante, ficamos investidos nas personagens e envolvidos no mistério e neste ponto estamos em pé de igualdade com a personagem principal, a detetive amadora Darby Hart, que, como nós, não faz a mínima ideia no que se vai meter. Não posso deixar de destacar a interpretação de Emma Corrin (The Crown), como esta detetive amadora, que aqui faz um trabalho bestial. Com uma personagem tão tímida, apagada e fechada, Emma consegue conceder-lhe magnetismo e profundidade, conferindo um encanto especial que a distingue dos demais detetives listados acima. Embora partilhe da inteligência aguçada deles, e até de algumas características antissociais, como é apanágio destes personagens, e provavelmente devido a esse mesmo facto, é uma personagem à século XXI, dos pés à cabeça, desde a caracterização ao discurso, abordando alguns dos temas mais prementes da atualidade.

Todos os outros personagens não são muito aprofundados, mas o grupo que foi reunido no fim do mundo é carismático o suficiente, nesta primeira abordagem, para fazer antever boas dinâmicas entre eles e o mistério à volta do casal de anfitriões (Clive Owen, de American Crime Story e a própria Brit Marling), que os convoca a todos para o meio do nada, também aguça a curiosidade.

Este primeiro episódio de A Murder at the End of the World tem uma rara qualidade: prende sem mostrar demais. Sabemos apenas o básico, alguma backstory com um bem utilizado recurso a flashbacks, mas a maioria do tempo estamos só a tentar perceber o que vai sair dali. Claro que logo pelo título percebemos que as coisas não vão ser fáceis, mas até mesmo esse facto é bem escondido até ao surpreendente final de episódio, que nos deixa a querer saber mais e descobrir que mais excentricidades os criadores se lembraram de adicionar à já caótica composição da série. Vou definitivamente acompanhar até ao fim.

Podes acompanhar a série no Disney+, com novos episódios lançados às terças.

8.75
9
Interpretação
9
Argumento
8.5
Realização
8
Banda Sonora

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