Dare Me – 01×01 – Coup D’État
| 04 Jan, 2020

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[Pode conter spoilers]

Beth Cassidy (Marlo Kelly) e Addy Henlon (Herizen F. Guardiola) sempre foram melhores amigas. Como no cheerleading, Beth comandava e Addy seguia. Mas Beth está diferente e Addy também e a chegada de uma nova treinadora (Willa Fitzgerald) tem consequências graves para as duas amigas. 

Bem… nunca é bom quando se acaba um piloto sem ter nada a dizer sobre a série. Este caso não é excepção. Dare Me é o tipo de série que talvez tivesse algum impacto num mundo pré Pretty Little Liars, mas que ainda assim dificilmente manteria o nosso interesse. É uma óptima recriação da chamada small town America e o dark motif à moda de Riverdale promete algum potencial. Infelizmente, como no próprio fim do mundo suburbano em que se desenrola a acção, tudo é lento e silencioso, a cor parece esbatida pelo sol e, no fundo, nada acontece. 

Utilizando PLL e Riverdale como pontos de referência, a série falha em vários pontos. Ambas as séries têm a qualidade de não se levarem demasiado a sério, incorporando o dramatismo exagerado da adolescência na acção, nas personagens, e na própria história, enquanto Dare Me peca por tentar demais. Quer ser muito séria, muito dura, e acaba por perder o interesse na tentativa. Não tem as cores nem as personagens vibrantes de Riverdale, que nos mantêm agarrados mesmo quando o enredo nos falha; nem tem a dinâmica caótica das protagonistas de Pretty Little Liars, que nos conseguia entreter mesmo quando não acontecia nada de especial e até conseguiu salvar alguns momentos naquela altura em que já ninguém sabia muito bem o que se estava a passar. Ambas as séries, com todas as falhas que possam ter, têm a seu favor pontos fortes que as fazem valer a pena: personagens de quem gostamos e por quem torcemos e as típicas amizades ou relações que não deviam resultar, mas resultam; uma estética visual de cortar a respiração; momentos que nos surpreendem com a sua intensidade e que resultam porque surgem como resultado do desenrolar da acção em vez de serem falseados numa tentativa de chocar o público… Este último geralmente falha a partir da 3.ª ou 4.ª temporada, mas parece-me uma flagrante red flag que Dare Me falhe logo no piloto. 

Também não ajuda que já tenhamos visto tudo isto antes e que nada seja feito no piloto para sugerir que isso vai mudar. Beth Cassidy não é mais do que uma Alison DiLaurentis nos seus piores momentos e pouco mais é que uma ferramenta cénica de criação de drama onde não o há. A sua personalidade mesquinha e cruel desculpa e justifica praticamente todo o tipo de comportamento, mas a sua falta de profundidade denunciam o seu papel meramente tático. Até aquele que me pareceu ao início o possível ponto de interesse desta série, o inside look ao mundo do cheerleading competitivo, desilude. 

Podiam ter pegado neste aspeto que até tem o seu “quê” de interessante, para nos mostrar algo diferente da habitual superficialidade associada às cheerleaders. Bem vistas as coisas, até é o que acabam por fazer. No entanto, esta face mais dura e profissional deste desporto, acaba por ser igualmente superficial uma vez que se foca menos na dureza do desporto e mais no aspecto estético e nas rivalidades de backstage. Rivalidades estas que são alimentadas pela treinadora do esquadrão, Collette French, que apesar de ser a única adulta a protagonizar a série, se comporta como uma das suas atletas adolescentes. Não é surpresa, portanto, que o grande escândalo de fim do episódio seja que French seja apanhada a trair o marido, por Addy e Beth; mas não deixa de ser decepcionante. 

Não quero com isto dizer que a série seja completamente descartável. As performances das três protagonistas e a interação desse trio, dão-me um pouco de esperança de que a série possa ir para além do piloto, mas acaba por não ser o suficiente para me agarrar. Creio que para os fãs do livro de Meg Abbot poderá ter algum interesse, pode ser que encontrem aqui algo que o resto de nós não vê. Para todos os outros, o que quer que procurem aqui, encontrarão melhor noutra série. 

Raquel David

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