Servant – 01×01 – Reborn
| 03 Dez, 2019

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[Contém spoilers]

Servant é uma série de terror que conta a história de uma família que perdeu o seu filho e para ajudá-los a ultrapassarem o que se passou, arranjaram um boneco que era muito semelhante a um bebé real. Aliás, perturbadoramente semalhante. Começamos a história no ponto onde a família, que neste caso é apenas Dorothy e Sean Turner, contratam Leanne para ser a ama do filho.

Leanne apresenta-se logo como uma personagem bastante esquisita e assustadora, desde a banda sonora que a acompanha até à lentidão com que se mexe e as coisas que faz. Por exemplo, depois de Sean lhe ter explicado que a criança não passava de um boneco para ajudar Dorothy a ultrapassar a morte do filho, mesmo assim Leanne falava com o bébé como se este fosse real e levava-o a passear.

O casal é bastante disfuncional, como seria de esperar, e o lado do luto também é muito explorado neste episódio de 34 minutos, desde as discussões, até à cena, logo no começo, onde Sean pega no boneco e senta-se no chão a chorar. O que mais gostei é que não é a tipica série ou filme de terror, que se autocaracteriza deste modo porque mete cenas assustadoras a cada momento de suspense, faz um jogo com a música de fundo e mete o espectador a saltar ou a ver imenso sangue. Há uma frase de Stephen King em que este diz que existem três tipos de nível de terror: o primeiro e mais baixo, onde se alimenta o terror apenas com sustos e carnificina; um segundo nível, onde é o próprio monstro, pela sua própria descrição e ações que causa a sensação de medo no leitor ou espectador; por fim, o terceiro e mais alto nível é o terror psicológico, onde a simples promessa que pode acontecer alguma coisa, sem chegar realmente a acontecer, é o suficiente para introduzir medo e pânico em quem está a ver. É neste último nível que a série se encaixa, assim como outras como The Haunting of Hill House, e que na minha opinião é o melhor tipo de terror.

A banda sonora cumpre todos os requisitos de uma série de terror, especialmente quando nos faz crer que há qualquer coisa iminente a acontecer, sem que chegue mesmo a isso. Um exemplo é a cena em que Sean vai ao quarto do bebé depois de a colher em que Leanne comeu ter sido dobrada. Parece mesmo que vamos apanhar um susto a qualquer momento. Adicionalmente, os três atores principais estão muito bem nos seus respetivos papéis: Lauren Ambrose no papel de Dorothy, uma mãe que está em negação e que recusa qualquer argumento que a possa chamar à realidade; Toby Kebbell como Sean, que vive frustrado com a situação toda e parece que não teve tempo de fazer o seu próprio luto; e, por fim, Nell Tiger Free como Leanne, que domina o ar de rapariga inocente, mas assustadora.

A série irá ser composta por dez episódios e, se já poucas dúvidas tinha de que iria acompanhar o resto, quando vi o final do episódio, com aquele desenrolar, não totalmente inesperado, até pensando no nome do episódio, tinha a certeza. Estou neste comboio até ao fim. A boa notícia? Já há mais dois episódios disponíveis.

O que acharam?

Raul Araújo

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