Legacies – 04×14 – The Only Way Out is Through
| 15 Abr, 2022
6.37

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O Super Squad volta a reunir-se para, com a ajuda de Vardemus, testar as suas habilidades num novo episódio de Legacies. Neste The Only Way Out is Through, Hope é confrontada por sonhos lúcidos, os quais lhe causam um mix de emoções. Entretanto, Landon continua a sua busca pela paz enquanto Lizzie e Aurora se deparam com um novo percalço no seu plano.

Se este capítulo de Legacies foi, efetivamente, mais tolerável que os anteriores ou se apenas me apanhou de bom humor, o veredicto permanecerá no segredo dos deuses. Somente partilho que, pela primeira vez em algum tempo – e não obstante a storyline do limbo –, senti-me genuinamente entretida pela série. Prometo não estar doente; de facto, tenho as minhas razões (mais ou menos válidas, claro). 

A existência dos deuses e a ameaça dos mesmos para Hope, assim como a necessidade de recuperar Lizzie, levam os nossos alunos a recorrer a métodos pouco convencionais de modo a descobrir não só como melhor lidar com a situação em que se encontram, mas também de que forma se podem preparar para um possível stand-off com esta nova ameaça. Assim, Vardemus regressa à Salvatore School munido de um objeto mágico pelo nome de Manticulum, o qual tem por objetivo ajudar o Super Squad a derrotar os deuses ao permitir a encenação de várias hipóteses estratégicas e o cálculo da sua mesma eficácia. 

Confesso que, apesar de me lembrar uma versão barata do tabuleiro de xadrez de Harry Potter e a Câmara dos Segredos, achei este plot device relativamente interessante. Se ignorar a sua semelhança a outros dispositivos já utilizados (e abusados) pela série e, ao invés, me focar naquilo de positivo que do Manticulum surgiu, consigo admitir que foi uma boa oportunidade, não só para explorar a luta entre os dois lados de Hope – com e sem humanidade – num cenário onde as suas ações não serão capazes de produzir consequências duradouras, como também proporcionar alguns momentos significantes para os restantes personagens.

Após os eventos do episódio anterior, Hope começa este The Only Way Out is Through num cenário em tudo semelhante ao waverider de Legends of Tomorrow (um detalhe algo engraçado, visto que nos tempos áureos de Legacies não tinha qualquer hesitação em comparar ambas as séries), onde se depara com uma manifestação física da sua humanidade. Desde logo, acho interessante – ainda que The Vampire Diaries tenha estabelecido que apenas os vampiros mais antigos têm dificuldades em manter a sua humanidade em modo off – vermos a jovem Mikaelson debater-se com este mesmo problema. Se, por um lado, não acredito que Legacies entrará em grandes explicações sobre a razão por detrás desta sua falta de controlo, por outro, deparo-me com pensamentos sobre a condição de Hope enquanto tríbrida e se poderá ter algo a ver com o assunto.

De qualquer modo (e independentemente da tragédia grega que é o argumento desta série), uma coisa é certa: podemos sempre contar com Danielle para produzir uma boa performance. Não é segredo que Legacies como um todo é um autêntico desserviço aos talentos da sua protagonista – mas, na rara ocasião em que a mesma é presenteada com um momento digno, Danielle brilha. Neste contexto, existe uma cena neste capítulo, escrito por Thomas Brandon e José Molina, que claramente se destaca, colocando Hope e a sua humanidade em confronto direto ao ponto de a mesma implorar aos seus colegas que coloquem um termo à sua demanda, antes que faça algo do qual não poderá regressar. Trata-se de uma cena com um impacto tremendo, trazendo à memória a Hope Mikaelson que carrega todo um mundo de responsabilidades, arrependimentos e mágoa às suas costas desde The Originals.

Ainda assim, e apesar do peso desta mesma cena, não consigo abstrair-me das pequenas coisas que fazem com que Danielle seja a pessoa perfeita para interpretar uma protagonista como Hope, em especial nesta fase delicada em que se encontra e com o desafio acrescido que é desempenhar duas facetas de uma só personagem. De facto, adorei ser capaz de distinguir entre a tríbrida e a sua humanidade através de nada mais do que a sua voz, sendo possível acompanhar facilmente as suas cenas sem sequer olhar para o ecrã. Também os breves momentos em que a sua humanidade vence e escapa por entre as fendas são simplesmente deliciosos, inclusive o pequeno sorriso que esboça quando o Super Squad se junta à luta para a ajudar de forma voluntária. 

Talvez o melhor da existência de boas performances seja o facto de estas elevarem, de um modo geral, tudo em seu redor, ao incentivarem os restantes elementos a este mesmo standard. Assim, sinto-me sob a obrigação moral de destacar o desempenho de Chris Lee – que, à semelhança de Danielle, viu neste The Only Way Out is Through uma oportunidade de se distinguir pela positiva. O momento em que Kaleb perde as estribeiras e confronta a nossa protagonista por utilizar os seus amigos como carne para canhão foi, sem dúvida, dos meus favoritos do episódio, tanto pelo seu timing como execução. Trata-se do tipo de drama que antecipava em Was This the Monster You Saw? e algo que gostaria de revisitar em episódios futuros.

Entretanto, a demanda de Lizzie e Aurora conduz o duo até Jen, levando-nos a desvendar o seu passado através de flashbacks e narração. Resumidamente, a meia-irmã de Ben tem uma relação complicada com os restantes deuses – em especial Ken, o seu pai. As suas desavenças culminaram com o aprisionamento dos mesmos em sarcófagos por Jen, algo que me causa whiplash da família Mikaelson e o seu modus operandi em situações de natureza semelhante, mas tentarei não me dispersar. Através da sua história, Legacies consegue associar Malivore à sua atual narrativa, o que não é inteiramente do meu desagrado. Na verdade, o poder dos deuses está intimamente ligado à fé que os humanos neles depositam, pelo que o seu receio em serem esquecidos (por via de Malivore) é uma ideia de algum interesse. Posto isto, espero que tal não seja utilizado como um segway para introduzir Malivore novamente à série – ou será desta que perco de vez a esperança em Legacies

Continuo, no entanto, a ser surpreendida pela positiva por Lizzie e Aurora, cuja dinâmica permanece completamente cativante desde a sua primeira interação. O duo conseguiu arrancar uma ou outra risada deste meu coração sisudo, sendo também capaz de criar em mim algum tipo de emoção já no final do episódio, quando Lizzie descobre que o seu pai está de volta e, assim, se vê forçada a tomar uma decisão sobre o futuro desta sua parceria. Acredito verdadeiramente que ambas as personagens surgem como uma boa influência para a outra, pelo que espero que a sua relação não acabe em tragédia.

De igual interesse é, também, a storyline de Cleo. Como sabes, a musa tem enfrentado algumas dificuldades com a sua magia – algo que, confesso, é do meu agrado. Sempre defendi que Legacies deveria dar uso a elementos não-sobrenaturais, de modo a criar algum contraste e, assim, destacar o seu corpo sobrenatural e, apesar de acreditar que esta mudança não se trata de algo permanente, consigo, de qualquer modo, apreciar a atual jornada de Cleo. Do mesmo modo, fico feliz por ver que a personagem não é retratada como fraca por se encontrar sem os seus poderes; pelo contrário, Cleo é poderosa apesar deste seu percalço. Na verdade, descobrimos que a personagem não perdeu por completo os seus poderes, mas que estes se encontram em mutação, apesar de não sabermos ainda de que modo se irão alterar.

Esta dicotomia entre a fação humana e sobrenatural é algo que gostaria de ter visto explorado na 2.ª temporada da série, quando Hope se encontrava na secundária de Mystic Falls. Acredito verdadeiramente que a interação com humanos compreenderia uma lição valiosa para a nossa protagonista, que precisa de perceber que não precisa de salvar toda a gente e que mesmo aqueles que não possuem quaisquer poderes são, ainda assim, capazes de se defender. Em suma, gostaria que a tríbrida tivesse gozado da oportunidade de sarar do seu trauma, ao invés de estar constantemente sob a impressão que, caso não esteja sempre alerta, irá perder alguém que ama.

Por fim, resta-me apenas referir que a storyline do limbo continua a ser do mais aborrecido que Legacies já criou, continuando Landon e o Necromancer a procurar uma forma de ultrapassar este seu predicamento. Acredito que este tempo seria mais bem gasto com outras narrativas, mas sabemos que tardará até nos vermos livres deste elemento.

Em suma, The Only Way Out is Through trata-se de um episódio capaz de produzir os seus bons momentos, sem deixar, ainda assim, de ter as suas várias falhas. No entanto, acho seguro afirmar que é um episódio que consegue entreter, o que é muito mais do que o que pode ser dito sobre alguns dos outros.

Podes acompanhar Legacies através da HBO Max, que disponibiliza todos os episódios da série para streaming

6.37
7.5
Interpretação
5.5
Argumento
6
Realização
6.7
Banda Sonora

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