Legacies – 04×13 – Was This the Monster You Saw?
| 10 Abr, 2022
5.75

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Legacies regressou na passada semana de um breve hiato com o mais recente episódio da sua 4.ª temporada. Intitulado Was This the Monster You Saw?, este capítulo segue Lizzie à medida que esta continua a sua demanda, a qual produz resultados algo contraditórios. Entretanto, Ben revela mais sobre a sua família e a sua história e Jed vê os seus sentimentos a aprofundarem-se. Já Cleo preocupa-se com as suas mudanças recentes, enquanto os restantes estudantes se reúnem para celebrar um dos seus. 

Apesar de o achar marginalmente superior ao episódio que o antecede, Was This the Monster You Saw? serve como uma clara lembrança de que longe estão os dias em que acreditava que esta temporada de Legacies se viria a tornar na minha favorita. De facto, achei este capítulo da série um tanto aborrecido, incapaz de aproveitar de forma satisfatória o momentum criado pelo regresso de Hope a Mystic Falls. No entanto, não é destituído de bons momentos, proporcionando algum tempo de antena a personagens que, até à data, têm sido um pouco negligenciados. 

Um destes personagens é Jed, que, apesar de fazer parte da série desde a 1.ª temporada, vê por fim a sua backstory explorada a par e passo com a atual narrativa. Ainda que me entristeça a decisão da série em desenvolver o personagem apenas quando tal lhe é conveniente (nesta instância, pela sua relação com Ben, por quem tem vindo a desenvolver sentimentos românticos), não irei chorar sobre leite derramado… Bom, pelo menos não para já. A verdade é que estou bastante satisfeita com a dimensão que este novo episódio conferiu a Jed, não só no que diz respeito à sua sexualidade, mas também à sua dinâmica familiar e às repercussões de todos estes acontecimentos no seu presente, nomeadamente a sua relutância em encarar os sentimentos que nutre por Ben. Não esperava de todo o twist da sua primeira morte ter sido o seu pai abusivo e não Trey, o seu companheiro, e aprecio esta decisão criativa, assim como a falta de remorso ou arrependimento por parte do jovem lobisomem. Sabes já que tendo a conferir o crédito devido quando este é merecido, pelo que acredito verdadeiramente que este é um ponto narrativo que Legacies tratou de forma apropriada.

Menos positiva, no entanto, é a storyline de Hope para este episódio. De volta à Salvatore School, a nossa protagonista procura recrutar o Super Squad para uma missão que diz ser do interesse de todos. Afinal, encontrar Aurora e os deuses significa encontrar Lizzie, pelo que toda a equipa ficaria a ganhar algo com esta parceria. Ainda assim, Alaric e os seus alunos não parecem estar completamente rendidos à ideia e, em particular, à ajuda de Hope, pelo que a tríbrida resolve destruir a pulseira criada por Cleo para manter os monstros afastados de Ben – e, assim, da escola – de modo a conseguir provar o quanto os seus ex-amigos verdadeiramente necessitam de si. Assim, o formato “monstro da semana” é perpetuado pela série, levando à aparição de um palhaço que em tudo lembra uma versão barata de Pennywise. Este protoclown alimenta-se dos pecados das suas vítimas (e não dos seus medos), possuindo também um veneno capaz de as forçar a enfrentar as memórias das suas piores ações e maiores arrependimentos de forma a poderem redimir-se, caso assim o escolham. 

Agora que estamos todos contextualizados, tenho a dizer que fiquei ligeiramente frustrada em ver que a instância escolhida como sendo aquela que Hope considera a sua pior ação é a morte de Landon – não por acreditar que esta não seja uma escolha válida, mas sim por saber que a jovem Mikaelson ainda se culpabiliza pela morte dos seus pais e tio, em The Originals. Assim, e embora perceba as dificuldades em trazer Joseph Morgan ou Phoebe Tonkin até Legacies, não consegui evitar ver esta como uma oportunidade perdida, quase insignificante pela sua repetibilidade quando comparada à narrativa de Jed. Estou ciente de que a série irá retomar a exploração dos sentimentos de culpa e impotência da sua protagonista em episódios futuros e aplaudo a decisão, mas, sendo fã da família Mikaelson e tendo começado esta série graças a Hope, acabo sempre por sentir alguma desilusão derivada do desserviço que Legacies representa para a personagem.

Se há algo de que gostei no meio de tudo isto, é o facto de Hope ter agora uma manifestação física da sua humanidade a persegui-la, colocando em evidência e, de certo modo, exteriorizando a sua luta interna. Apesar de estar um tanto saturada com a tendência de Legacies em usar diversos mecanismos para um mesmo fim (como é o caso da therapy box, realidades alternativas, monstros ou cristais que permitem às personagens um momento forçoso de introspeção), não me oponho de todo à nossa protagonista ser obrigada a enfrentar a sua humanidade e todos os sentimentos que tem vindo a reprimir ao longo do tempo. Estou curiosa em ver de que forma a série irá resolver este seu conflito, em especial dadas as notícias do atempado regresso de várias personagens deste nosso universo à série. 

Também a narrativa de Cleo surge como um ponto a favor deste episódio, que procura explorar o modo como a invasão por parte de Aurora em Follow the Sound of My Voice tem vindo a influenciar a sua magia e o controlo da musa sobre a mesma. Na minha sincera opinião, a vulnerabilidade sentida pelas nossas personagens sobrenaturais aquando da perda dos seus poderes é algo que poderia facilmente ser abordada de forma mais expansiva pela série, sendo que senti algumas falhas a nível narrativo ao ver cenas como a decisão de Kaleb em manter Cleo cativa para aquilo que acreditava ser o seu próprio bem serem deixadas na mesa de edição. De forma bastante resumida, apesar de o conceito de estes personagens serem muito mais do que os seus poderes ser algo do meu agrado, sinto que a série simplesmente não se debruçou muito sobre o tópico, deixando muito a desejar.

Aquém das expectativas ficou ainda a porção de Was That the Monster You Saw? dedicada às aventuras de Lizzie e Aurora, o que me incomoda imenso, visto que tenho vindo a aderir a esta nova dinâmica muito mais do que estava à espera. O duo passa a maioria deste capítulo em busca de Jen, parte do roster de deuses para a temporada e vagamente inspirada em Vulcano, da mitologia romana (ou Hefesto, o seu equivalente grego). Os seus objetivos são ainda diferentes do que eram, há uns episódios: em vez de procurarem uma forma de matar Hope, Aurora espera conseguir ressuscitar o seu irmão com a ajuda dos deuses, enquanto Lizzie pretende recuperar a humanidade da sua colega e, com ela, assegurar o regresso de Josie e Alaric. 

Os verdadeiros pontos altos da interação entre ambas as personagens surgem, em simultâneo, como uma dura lembrança do que Legacies poderia ser, caso se comprometesse a ser mais fidedigna às suas antecessoras. Se, por um lado, adoro o sistema de apoio retorcido que ambas as personagens desenvolvem entre si; por outro, recordo que, num universo paralelo, poderíamos explorar o passado de Aurora e os horrores a que foi submetida através de flashbacks e não por diálogos a roçar o meramente expositivo. Seria ainda uma excelente oportunidade para explorar as ligações históricas entre problemas de saúde mental e acusações de bruxaria, assim como a violência daí resultante. Tendo a série o seu setting numa escola, seria de esperar que esta fosse uma possibilidade narrativa, mas estou a divagar.

Tenho ainda alguma dificuldade em entender qual o propósito de Alaric para a série. Com a quantidade de personagens verdadeiramente interessantes que têm vindo a abandonar Legacies (Josie, Rafael ou Penelope, apenas para citar algumas) e outras tantas que deslizam para segundo plano, Alaric destaca-se da pior forma. O personagem tem o mesmo plot abrangente desde a 1.ª temporada e, desde então, qualquer tipo de progresso da sua parte é, quase de imediato, esquecido. Ainda que procure proteger os seus alunos, a verdade é que o Dr. Saltzman surge com alguma frequência quer como o personagem que eles precisam de proteger ou de quem deveriam ser protegidos. Acredito que a série faria um melhor trabalho ao abrir mão deste seu elo de ligação a The Vampire Diaries, do qual nunca precisou.

Como nota final, resta-me apenas referir que apesar do meu descontentamento para com Finch enquanto personagem ser, a esta altura, conhecimento público, estou desiludida em ver as minhas suspeitas confirmadas com o afastamento da lobisomem de cena após a saída de Josie da série. Sempre acreditei que Legacies não pretendia desenvolver a personagem para além do seu elo amoroso para com a bruxa Gemini e esta falta de direção vem provar exatamente isso. Apesar da minha opinião pessoal no que diz respeito à personagem, acredito que merecia melhor que isto.

Em suma, Was That the Monster You Saw? surge como um episódio razoável para a série, que teima em não aprofundar temas de verdadeiro interesse, ao invés escolhendo repetir storylines uma e outra vez sem qualquer tipo de pay-off. Novamente, nem os raros bons momentos de Legacies me servem de algum consolo, sendo pouco mais que recordações do que esta série poderia ter sido.

Como sempre, podes acompanhar Legacies através da HBO Max.

5.75
7
Interpretação
4
Argumento
6
Realização
6.5
Banda Sonora

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