Love In the Time of Corona – Review da Minissérie
| 31 Ago, 2020

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[Pode conter ligeiros spoilers]

Minissérie

Número de Episódios: 4

Love In the Time of Corona é uma minissérie que acompanha quatro histórias que até poderiam ser consideradas banais se não se passassem durante a pandemia de COVID-19. Assim, seguimos a vida de Oscar (Tommy Dorfman) e Elle (Rainey Qualley), dois melhores amigos que partilham uma casa e que começam a ver os sentimentos um pelo outro a complicaram-se quando ambos decidem tentar, durante o tempo de confinamento, ter encontros online; a vida de Paul (Gil Bellows) e Sarah (Rya Kihlstedt), que se separaram antes da pandemia, mas que decidem passar a quarentena juntos uma vez que a filha de ambos, Sophie (Ava Bellows), regressou da universidade e ainda não sabia da separação; a vida de Nanda (L. Scott Caldwell) e Charles (Charles Robinson), que se veem separados durante a pandemia, mas isso não impede Nanda de continuar a tratar dos preparativos para a festa de aniversário de cinquenta anos de casados ou de “jantar” com o marido através de videochamadas; e, por último, a vida de James (Leslie Odom Jr.) e Sade (Nicolette Robinson), um casal que não estava habituado a estar constantemente junto e que vê a sua relação ser testada quando pensam em ter outro filho.

Antes de mais tenho-vos a dizer: não se deixem enganar pelo nome cheesy da minissérie ou até mesmo pela premissa, porque a minissérie vale bastante a pena ser vista. Quando decidi ver Love In the Time of Corona estava longe de imaginar que ia adorar tanto como adorei. Pelo contrário, deixei-me enganar pelo nome e não ia com grandes expectativas quando comecei o primeiro episódio. Quem já leu outras reviews minhas já se deve ter deparado uma ou outra vez com a minha referência ao facto de não ver trailers ou raramente ler sinopses antes de começar uma série. Aqui não foi diferente. Eu não sabia absolutamente nada da série a não ser o nome, e, erradamente, pensei que esta fosse só mais uma série romântica daquelas bem cheesy que só se iria diferenciar, talvez, por acontecer durante a pandemia.

Mas estava redondamente enganada. É verdade que num ou outro momento pode ter sido bem cliché e as histórias não são propriamente novas. Quem é que já não viu uma série/filme onde dois melhores amigos sentem dúvidas sobre os sentimentos que têm um pelo outro? Ou um casal que se separa e depois vai-se apercebendo que afinal são feitos um para o outro? Ou uma história de um casal em que um deles sofre de demência? Ou ainda um casal que vê a sua relação posta à prova quando têm ideias diferentes relativamente a ter filhos? Contudo, a maneira como eles foram contando as histórias, para além de ter um toque diferente por causa de se passar durante a pandemia, também consegue deixar-nos agarrados do início ao fim dos episódios. Estes também têm pouco mais de vinte e cinco minutos cada um, pelo que se veem num abrir e fechar de olhos (que foi o que me aconteceu, pois vi tudo numa tarde e nem dei pelo tempo passar).

Apesar de a minissérie ter poucos episódios e estes serem de curta duração, eu senti que conhecia bem os personagens, talvez porque conseguimos tão facilmente rever-nos neles, não só por causa da situação que estão a passar devido à pandemia, mas também por causa das histórias de vida. Para além de que, em alguns momentos, Love In the Time of Corona até acaba por ser divertida, sendo que, assim, consegue equilibrar assuntos sérios com um toque de leveza. É estranho, mas bastante agradável. É aquele tipo de série que uma pessoa vê só porque sim, porque quer ver algo leve e sem pensar muito, mas quando nos apercebemos já estamos demasiado embrenhados na história (e até ligeiramente tristes por ela ser tão curta) e a pensar nas questões abordadas.

Posto isso, só vos tenho a dizer, percam duas horitas a ver esta minissérie porque acredito que vão gostar. Ou pelo menos deem oportunidade ao primeiro episódio (e quem sabe não acabem por ver os restantes também). Eu mesma pensei que não fosse achar a série grande coisa ou até mesmo que não fosse gostar e no entanto acabei por me surpreender, e muito, pela positiva.

Episódio de Destaque:

Love and Protest (Episódio 4) – este é o episódio final de Love In the Time of Corona e apesar de ter gostado bastante dos outros três, não podia escolher outro episódio que não este. Para além de ter adorado o final (por mais cliché que tenha sido), é abordada neste episódio a questão do racismo (algo de que não estava nada à espera). Infelizmente, cada vez mais nos chegam notícias (e vídeos) de pessoas a serem assassinadas pura e simplesmente por causa do seu tom de pele. Quem não se lembra de George Floyd? Ou de Bruno Candé? Ou ainda de Jacob Blake, que foi baleado sete vezes nas costas? E todos estes casos (dos muitos que existem e infelizmente vão continuar a existir) aconteceram em pouco mais de três meses (George Floyd em maio, Bruno Candé em julho e Jacob Blake já em agosto). Por isso, cada vez mais se torna importante chamar a atenção para esta questão e considero que a minissérie o fez de forma sublime.

Melhor Personagem:

Nanda – Ao contrário do episódio de destaque, que foi bastante fácil de escolher, eleger a melhor personagem foi bastante mais difícil. Para além das histórias terem sido bem intercaladas entre elas, todas as personagens tinham um papel importante, o que torna difícil escolher só uma. Mas como não podia escolher todas, acabei por escolher Nanda. Primeiro, porque não consigo ficar indiferente a histórias como a dela. Ter alguém na nossa vida que sofre de demência não é fácil (neste caso específico, o marido). Ter alguém na nossa vida que não se consegue lembrar de nós (neste caso da mulher ou dos próprios filhos) não é fácil. Acima de tudo, cuidar de alguém assim não é fácil e saber que poderemos não ser capazes de o fazer custa ainda mais. Apesar de tudo, a maneira como Nanda lidava com a situação, ainda para mais estando longe do marido e só conseguindo vê-lo através de videochamadas, era simplesmente linda de se ver. Segundo, pela conversa que ela teve com o seu filho James, onde é abordada a questão do racismo. Através desta conseguimos perceber o medo que eles sentem relativamente à possibilidade de alguma atrocidade poder vir a acontecer-lhes e, particularmente, aos seus filhos, a ponto de James até considerar não ter mais nenhum filho, pois não o quer sujeitar a um mundo assim.

Cármen Silva

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