Legacies – 02×11 – What Cupid Problem?
| 05 Fev, 2020

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[Pode conter spoilers]

Na passada sexta-feira, Legacies trouxe-nos What Cupid Problem?. Neste episódio, Hope lidera a missão para recuperar Josie, Lizzie e Alaric, enquanto Landon mantém um olho sobre o mais recente monstro da semana. Entretanto, a tentativa de MG de ter um encontro perfeito com Kym sofre uma reviravolta desastrosa quando Hope recruta a ajuda do vampiro no seu mais recente plano.

Após um regresso de temporada bastante fraco, Legacies volta a apresentar um episódio que deixa bastante a desejar. Desde o seu posicionamento e timing no contexto geral da temporada, que vem a cortar por completo a tensão criada no episódio anterior em redor dos mundos-prisão e da situação da família Saltzman, a questões relacionadas com o próprio argumento, What Cupid Problem? simplesmente não funciona.

Acredito que, num outro contexto, What Cupid Problem? poderia ter sido um bom episódio. Afinal, dada a natureza da série, a ideia de Cupido – ou, na verdade, Pothos – aparecer como monstro da semana tem o seu quê de engraçado. Com a extraordinária quantidade de possíveis interesses amorosos que cada uma das personagens tem, em especial Hope, daria um episódio no mínimo interessante, mas, como sabemos, esta não foi a direção tomada. Em vez disso, Legacies trouxe-nos um episódio que serviu para pouco mais que “encher chouriços”. Tenho vindo a mencionar noutras reviews que não tenho propriamente problemas com episódios deste género – a não ser, é claro, quando aparecem como uma completa perda de tempo ou, como é o caso deste episódio, nem sequer são muito satisfatórios.

Entre as muitas coisas de que não gostei neste episódio, lamento dizer que o que mais me aborreceu foi, na verdade, a relação entre Hope e Landon. Ainda que esta se trate de uma relação de que realmente gosto, acredito que a série não tem vindo a desenvolvê-la de forma correta, nesta temporada. Mencionei, anteriormente, que a série pecou em apressar o regresso de Landon à Salvatore School e, de igual forma, em retomar a relação da fénix com Hope tão rapidamente. Os efeitos desse erro começam agora a sentir-se na medida em que ambas as personagens continuam a sofrer com as mesmas inseguranças sentidas na 1.ª temporada, com Hope a sentir-se obrigada a proteger Landon e o último a acreditar que esta não o vê como seu igual. Este regresso contínuo aos mesmos problemas por resolver começa a fazer com que a relação pareça estar parada no tempo, o que não faz uma história interessante (ainda para mais quando ocupa uma porção considerável dos episódios).

Também não ajuda à sua causa que a série sinta a necessidade de estar constantemente a referir que o amor entre estas duas personagens é épico e grandioso. De certa forma, começa a parecer que nem Legacies, nem as suas personagens, se sentem muito seguros daquilo que estão a transmitir, pelo que têm que o estar a referir verbalmente a cada cinco minutos para, de alguma forma, convencer quer a audiência, quer as personagens, de que estes realmente se amam. Começa a parecer algo forçado e muito pouco orgânico, o que é uma pena.

Ainda assim, os meus problemas com o estado atual desta relação não acabam aqui. Se é verdade que, durante a 1.ª temporada, fazia sentido que a narrativa de Hope estivesse tão intimamente ligada a Landon (não só por serem interesses amorosos, mas também por Landon ser o filho de Malivore), não existe, nesta 2.ª temporada, a mesma necessidade narrativa para que este seja o caso. Apesar de Hope ser a personagem principal desta série, tem-lhe sido negada uma storyline própria de modo a favorecer a sua relação com Landon. Pessoalmente, sou da opinião que uma personagem feminina pode ser forte e independente mesmo estando numa relação, mas estaria a mentir se dissesse que não sinto que Hope – que, relembremos, é a filha de Klaus Mikaelson e Hayley Marshall – está a ser mal aproveitada pela série.

É inegável que Hope e Landon apresentam uma abordagem nova à dinâmica clássica do herói e da donzela em perigo, invertendo por completo o género geralmente associado a cada um destes papéis. Infelizmente, deixa de ser assim tão inovadora quanto isso quando nos apercebemos que a personagem feminina vê a sua história ser completamente apoderada pela personagem masculina, algo que muito provavelmente não aconteceria se os papéis se mantivessem inalterados.

Sou da opinião que teria sido benéfico para Hope passar mais algum tempo com a fação humana e longe da Salvatore School, mesmo com a memória de todos restaurada. No início da temporada, Legacies abriu um novo mundo à personagem e audiência ao introduzir a componente humana, mas rapidamente regrediu na sua decisão. Vemos agora estas personagens de forma muito esporádica e pontual, algo que certamente retirou valor à série e levou consigo o potencial de expandir os horizontes de Hope.

Ainda dentro do tópico das personagens humanas, Kym tem sido uma presença agradável na série, pelo que não deveria ficar muito surpreendida com a sua partida. Afinal, Legacies parece estar a voltar atrás com todas as decisões que verdadeiramente apoiei e esta é apenas mais uma delas. A irmã de Kaleb surgiu não só como um bom reforço à faceta humorística da série, mas também como uma adição interessante por se tratar de uma humana com um fascínio pelo sobrenatural e, claro, por ser um possível interesse amoroso para MG. Resta-me apenas desejar que a sua curta estadia na escola não tenha chegado a um final permanente e que voltemos a vê-la dentro em breve.

Por fim, e talvez o único aspeto verdadeiramente positivo deste episódio (sem contar as intervenções de Kaleb, Wade e do pequeno Pedro), todas as interações entre Hope e as restantes personagens serviram, de um ou outro modo, como lição para a protagonista. No decorrer de What Cupid Problem?, Hope usa e manipula os seus amigos sem grande preocupação pelos seus sentimentos, percebendo os seus erros apenas no final do episódio, após estarem feitos os estragos. Agrada-me que, apesar da sua falta de narrativa própria, Hope continue a ser apresentada como uma personagem com falhas, que precisa de continuar a trabalhar internamente para se tornar uma melhor pessoa, apesar de ser a heroína de todos.

Inês Salvado

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