Dominion – 01×03 – Broken Places
| 06 Jul, 2014

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Dominion

01×03 – Broken Places

Não digo que Dominion seja ou venha a ser brilhante, mas para já, há que admirar a confiança e a consistência do seu passo.
O episódio piloto mergulhou de cabeça na sua mitologia: anjos, arcanjos, outro tipo de anjos, cidadelas, sistemas de castas, um Escolhido, etc. No segundo episódio abrandou o passo, estabelecendo melhor as características das personagens já reveladas e limitando a quantidade de informação introduzida. Agora, “Broken Places” continua esse ritmo, brando e centrado nas personagens, porém mostrando-nos mais facetas. É uma opção sensata a longo prazo, mas sobretudo corajosa, uma vez que os espectadores tendem a ser mais clementes com episódios um pouco menos estruturados, mas que expõem mitologia e avançam no enredo (e.g. grande parte da primeira época de Defiance). Pessoalmente aprecio estes episódios porque sei que trazem dividendos mais tarde, no entanto, no final deste fiquei com a distinta sensação de que o próximo episódio já seria uma boa altura para Dominion tirar o foco das personagens e mostrar um pouco mais do seu universo.

Virando-nos para o trabalho dentro de “Broken Places , o mais notório terá sido com William Whele e a suas três dimensões: o fervor religioso a Gabriel, a relação conflituosa com o pai e o amor por Claire. Com ela, vemos rasgos de um homem decente, preocupado com a mulher que ama, porém, com Gabriel e David, William torna-se algo digno de dó, desesperado por aprovação destas duas figuras masculinas. A diferença entre que Gabriel e David é que o primeiro demonstra confiança em William e no seu potencial – mesmo que dissimulada –, enquanto David não esconde que vê o seu filho como um fraco.
William teve várias cenas para ser desenvolvido desta forma. Foi ele que abriu o episódio, no seu encontro com Gabriel, que lhe demonstrou a sua confiança e aprovação, ainda que o discurso tenha envolvido matar toda a gente presente no café. Na aparição seguinte de William, vimos o seu lado terno e decente com Claire, quando afirmou a importância que coloca na amizade entre eles. Depois, tivemos a discussão em que o pai o humilhou por não ser capaz de conquistar Claire, mas que William (discutivelmente) ganhou com uma deixa emocional marcante: “[…]bom para essas crias. Certamente serão criadas pela mãe, sem conhecerem o pai. A natureza é bondosa de vez em quando, não é?”. Por fim, é-nos dado um William totalmente diferente, um líder a guiar o seu culto de forma confiante e implacável. É de destacar o momento em que ele parte as costelas ao novo membro, uma carregada pincelada a negro no seu carácter.

David e Arika continuaram nas suas trocas de ameaças e medição de forças. No resultado do suicídio das servas de Arika, o cônsul decidiu soltá-la e, ainda decido a conseguir cooperação de Evelyn e da sua força aérea, negociar. Ficou tudo suficientemente bom e bonito para prosseguir, mas, num súbito turno de eventos, Arika recebe uma caixa com a irmã cortada aos pedaços. Supostamente um aviso de Evelyn para Arika se manter na linha e guardar os segredos da cidadela de Helena. Torci o nariz a isto, em descrença. Uma atitude tão grotesca para alguém que ama? É Evelyn assim tão cruel?
Quando, como consequência desta brutalidade, Arika se oferece a Whele para eliminar Evelyn através das seguidoras que tem dentro de Helena, comecei a desconfiar que na verdade ela ficará em Vega a tentar o oposto. Ainda bem que Dominion não arrastou esta revelação e nas cenas finais do episódio vemos Arika a comunicar com alguém.
Nestas cenas ficamos também a conhecer melhor David. Vemos um lado mais empático quando ajuda Arika a lavar o corpo da irmã.

Uma das questões que me ficou no episódio passado foi acerca da capacidade de Michael reconhecer outros anjos. Estava convencido que seria um detalhe ignorado pelo enredo, mas Dominion quer mesmo ser melhor do que esperam dela e usa-o como propulsor para avançar a história. Ao concelho Michael afirma que não consegue destingir os anjos superiores dos humanos, mas mesmo a ser verdade, numa cena posterior vemo-lo a conversar com alguém em Vega que ficamos a perceber ser um anjo também. Existem mais anjos na cidadela e Michael sabe. São anjos que permaneceram neutros na guerra, mas que, dados os acontecimentos recentes, Michael ultima para lutar a seu lado e dos humanos ou abandonar Vega.

Algo que não me parece ser muito bom para Dominion é que o seu protagonista, Alex, esteja tão pouco desenvolvido. Em grande parte isto deve-se ao foco na revolta contra o seu destino como Escolhido que não dá espaço para muito mais.
O Alex está então a tentar fugir da sua própria pele (palavras do seu sonho) quando Michael, avisado da fuga pelo Ethan, se atravessa no seu caminho. Sucede-se tensão. Michael quer que ele volte, Alex quer ir para Nova Delphi e esquecer o seu “destino”, Michael decide ir com ele, Alex revolta-se e quase lhe dá um tiro, Michael negoceia. Comprometem que Alex irá com Michael a um local e, depois disso, Alex é livre de ir para onde quer.
Esse local revela-se ser a casa do flashback do episódio passado. Afinal foi mais significante do que eu o julguei. Foi nessa casa que Alex esteve com Jeep; foi lá que Jeep se levou quase à loucura na tentativa fútil de decifrar as tatuagens e foi lá, Michael revela, que a mãe de Alex morreu para o proteger de um ataque dos 8-ball. O arcanjo revela ainda, em lágrimas, que foi ele o responsável por Jeep abandonar Alex, para que ele crescesse forte. Foi um momento de exposição bastante, talvez demasiado, extenso. Flashbacks não teriam sido mais interessantes?
A luta com Furiad e os 8-ball que se seguiu foi um momento de acção necessário num episódio tão lento, mesmo que não tenha sido o melhor de Dominion. Infelizmente notam-se as restrições orçamentais nesta série. Felizmente, a série dá que chegue do resto para não ser necessário mais. Ainda.

Furiad feriu gravemente Michael e informa Gabriel do seu feito. Sem Michael no caminho Alex pode ir de encontro a Gabriel por vontade própria, algo que Gabriel acredita que tem que acontecer. Mas a reacção não é a esperada e o arcanjo fica furioso pelo ataque ao irmão. Como punição, mata um dos servos (amante? Amiga colorida?) de Furiad.
Foi outro momento de acrescento a um personagem, com Gabriel a mostrar ser mais do que o tipo que quer mesmo muito destruir a humanidade nesta demonstração de seu amor pelo irmão. Na primeira cena o seu gosto (paradoxal) pelas coisas criadas pelos humanos também foi um detalhe interessante.

O General Riesen confessou finalmente a Claire a sua insuficiência cardíaca. Ela percebe, assim, a insistência do pai no casamento com William e decide submeter-se. Mas não sem fazer valer o seu sacrifício. Mais tarde informa William que conseguiu que o pai começasse as escrever novos direitos civis para os cidadãos de Vega, em troca de ela aceitar o casamento

O episódio termina com Alex a conduzir para levar Michael a algum sítio que o socorra. É o episódio 3. Mesmo com a ameaça de uma realidade televisiva pós-Game of Thrones, não acredito que Michael morra. Pelo menos, não agora. A resolução desta situação seria um bom momento para Alex aceitar o seu destino.

Considerações:

– Caro Syfy, relembrar que o Ethan trafica álcool e revelar (de forma mal escrita) que ele é gay ,não é muito bom trabalho de personagem. Tentem outra vez. (Se bem que já é melhor que a Walker)

– A Senadora Becca não tem feito nada desde a insinuação de orgia com o Michael no primeiro episódio. Nem nesse âmbito, nem noutro. A conversa não foi muito conseguida, mas se realmente se for aliar ao Whele para desvendar os segredos da forma humana do Michael, pode ser que se desenvolva mais entretanto.

– Reitero, já chega de Alex torturado, por favor.

– Depois de ter sido cliffhanger, não avançámos nada do lado da amante do General Riesen.

Nota: 7.4/10

André Dias

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