Fear The Walking Dead: Entrevista a Andrew Chambliss e Ian Goldberg
| 06 Mai, 2022

Publicidade

O Séries da TV esteve à conversa com os showrunners de Fear The Walking Dead, Andrew Chambliss e Ian Goldberg, a propósito da segunda parte da 7.ª temporada, atualmente em emissão às segundas-feiras, às 22h10, no AMC Portugal. Andrew e Ian falaram, entre outros temas, sobre como é trabalhar no universo de enorme sucesso mundial que é The Walking Dead, o que podemos esperar do futuro da série e do regresso de Madison Clark ao pequeno ecrã. Fica com a tradução da entrevista na íntegra.

Enquanto fazia a pesquisa para esta entrevista, descobri que já tinham trabalhado juntos noutra série, em Once Upon a Time. Já se conheciam antes? E como é que isso ajudou ou contribuiu para a vossa parceria neste enorme sucesso que é Fear The Walking Dead e o universo de The Walking Dead?

Ian: É uma excelente pergunta. Sim, nós já nos conhecíamos antes de Once Upon a Time. Eu e o Andrew andámos na universidade em Nova Iorque, na NYU (New York University), e conhecemo-nos desde aí. Voltámos a reencontrar-nos em Once Upon a Time como argumentistas independentes que os showrunners juntaram. Eles pressentiram que tínhamos muitas coisas em comum, gostaram da forma como escrevíamos e fizemos “clique” no tipo de histórias que gostamos de contar. Além disso, os nossos estilos de escrita complementam-se um ao outro e nós gostávamos de trabalhar juntos. Depois tivemos sorte em voltar a trabalhar juntos, agora no Fear (The Walking Dead), que é uma série muito diferente em vários aspetos, mas acho que trouxemos algumas das lições que aprendemos juntos em Once Upon a Time, assim como outras ferramentas. E tem sido muito divertido.

Andrew: É uma ajuda já ter um método de escrita e uma relação prévia ao começar este trabalho tão difícil que é orientar uma série com o sucesso de Fear The Walking Dead. Isso ajudou-nos no início e pôs-nos no caminho de uma colaboração e de um trabalho conjunto bem-sucedido. Acho que nenhum de nós teria imaginado fazer este trabalho sozinho nesta altura.

Ian: Não mesmo.

Entraram na série na 4.ª temporada, quando já era um sucesso enorme. Sentiram a pressão de continuar a contar estas histórias e de manter o público interessado nas personagens?

Ian: Sim.

Andrew: Entrar no universo de The Walking Dead foi uma honra enorme, mas ao mesmo tempo uma responsabilidade também enorme. Tanto eu como o Ian somos fãs das duas séries e ficámos impressionados com o tipo de histórias que as séries conseguiram criar… Queríamos fazer aquilo bem, queríamos honrar as histórias que já tinham sido contadas e também queríamos encontrar novas áreas do apocalipse para explorar, novas formas de examinar as personagens e contar histórias que pareciam relacionadas com o que já tinha acontecido antes, mas que eram diferentes e novas e que não estavam apenas a “reacender” o que já tínhamos visto antes em The Walking Dead ou no Fear.

Agora que falas nisso, creio que foi desde a temporada anterior, a 6.ª temporada, que começaram a ter uma abordagem diferente dos episódios. Têm uma personagem principal por episódio. Foi esta a razão que vos fez tomar esta decisão? Queriam fazer algo diferente, explorar algo diferente?

Ian: Sim. Acho que estás a falar do estilo de antologia que começámos a implementar na 6.ª temporada. Isso era algo já se tinha começado a infiltrar há algum tempo. Esta é uma série com um elenco muito grande e incrível e sentimos que muitos dos episódios que tiveram mais sucesso e que gostámos mais de escrever foram episódios como “Laura”, na 4.ª temporada, “Close Your Eyes”… Ou, na 5.ª temporada, o episódio entre a Grace e o Morgan no centro comercial ou o “Humbug’s Gulch”, com o Dwight e a Sherry… Desculpa, com o Dwight, o John Dorie e a June. Estes também eram episódios de antologia. Nós gostámos de fazer estes minifilmes, que eram independentes e permitiram que as personagens tomassem um lugar de destaque. Assim podemos criar narrativas com princípio e fim, mas que continuam a contribuir para a história mais abrangente da série. Nós gostamos de trabalhar com este método, o elenco também e vamos continuar a contar histórias desta maneira.

Gosto muito desta abordagem, porque assim têm mais tempo e espaço para explorar cada personagem e cada história.

Ian: Obrigado.                                                                                   

Foi também na 4.ª temporada – voltando novamente atrás – que vemos a Madison pela última vez, mas nunca soubemos realmente se estava viva ou morta. Foi uma decisão ponderada, para poderem voltar a trazê-la de volta no futuro, como estão a fazer agora?

Andrew: Foi, sem dúvida, uma decisão deliberada não vermos a morte no ecrã, não vermos o corpo. Numa altura em que estamos a contar uma história sobre esperança e perda de esperança, sobre como as pessoas que sobreviveram reagiram ao desaparecimento da Madison e como acabaram por conseguir voltar a encontrar essa crença… O facto de não vermos a morte no ecrã foi algo que esteve sempre presente na nossa mente. À medida que íamos contando a história, cerca de uma temporada e meia depois, começámos a ter conversas e a pensar que ela podia ter sobrevivido. E, se tivesse sobrevivido, como é que seria, quem seria quando voltasse, que significaria isso para a série e as restantes personagens? Tínhamos essa pergunta em mente e sabíamos que a queríamos explorar, mas queríamos esperar até termos a história certa para o fazer. E depois, com o desenrolar da 6.ª temporada e ao começarmos a planear a sétima, percebemos que essa oportunidade poderia estar a chegar. Foi quando começámos a trabalhar a sério na narrativa, a pensar em como lá chegar e a contactar a Kim (Dickens) e a falar com ela sobre a possibilidade de um regresso.

No trailer, ela parece não ser a mesma Madison que já conhecemos, mas as tatuagens dos nomes da Alicia e do Nick parecem mostrar que eles continuam a ser a sua motivação principal. Que nos podem dizer desta nova Madison e como é que ela irá afetar a Alicia? Há a possibilidade de se começar a comportar de forma diferente ao saber que a mãe está viva. Também não sabemos se a Madison sabe se o Nick morreu ou não, nem como isso a afetou ou como a irá afetar no futuro.

Ian: São muitas perguntas excelentes. Não podemos dizer demasiado, mas as tuas observações daquela cena no trailer são interessantes, porque mencionaste que ela está muito diferente e que tem as tatuagens dos filhos nos pulsos. E acho que é seguro supor que eles continuam uma grande motivação para ela, mas não queremos revelar qual será a história da Madison, a não ser que se passou muita coisa com ela desde a última vez que a vimos e que ela vai ser uma versão muito diferente da que vimos da última vez. Vamos ficar a saber o que tem andado a fazer e como é que isso afetou a pessoa em que se tornou. E também estamos entusiasmados por a fazer chocar com outras personagens do Fear com quem nunca interagiu. Será uma reinvenção da Madison e da série, quando ela voltar.

Alycia Debnam-Carey teve a sua estreia na realização no 11.º episódio, “Ofelia”. Como é que foi trabalhar com ela como realizadora por oposição a como atriz?

Andrew: Foi uma experiência emocionante e gratificante. Já tivemos várias situações bem-sucedidas de membros do elenco a realizarem episódios. O Colman Domingo realizou alguns episódios, o Lennie James também. A Alycia, ao ter visto esta nova abordagem deles, esta nova faceta de fazer televisão, ficou entusiasmada, veio ter connosco no início da 7.ª temporada e mostrou-se interessada em realizar. Nós encorajámo-la a fazê-lo. Estávamos bastante confiantes de que ela faria um excelente trabalho, porque ela trabalha sempre de forma séria, sempre muito empenhada e tem muito talento como atriz. Quando trabalhamos com alguém no papel de realizador, temos uma relação profissional mais estreita, porque trabalhamos com eles durante todo o processo de pré-produção, de produção do episódio… Foi muito divertido trabalhar com ela além do seu desempenho como Alicia (a personagem), além da história da Alicia. Deu para ver toda a experiência que ela ganhou ao longo das sete temporadas que tem estado na série. Tornou-se adulta na série e aprendeu tanta coisa só pelo facto de estar no plateau. Ficámos muito impressionados com a forma como conseguiu manusear todas as competências que ganhou, como trabalhou com a equipa e como fez um trabalho fantástico com o episódio.

Têm algum método específico para trabalhar com os atores? Deixam-nos improvisar ou têm uma ideia e seguem-na estritamente?

Andrew: A abordagem não é assim tão diferente. Nós certificamo-nos de que sentem todo o apoio necessário… Principalmente quando é a primeira vez na realização. Rodeamo-los de uma equipa magnífica e está lá toda a gente para os apoiar, para os ajudar a concretizar a visão que têm, para dar vida ao guião.

Parece que toda a gente está a perder a fé em toda a gente e que “as pessoas são sempre pessoas”, citando Wes. O Wes, por exemplo, aliou-se ao Strand e a Luciana teve de mentir ao Daniel. Isto é um sinal de que será cada vez mais cada um por si ou será que a Alicia, por exemplo, irá conseguir reunir um exército e derrubar o Strand?

Ian: Outra excelente pergunta. Acho que isso tem sido uma das coisas que temos tido mais interesse em explorar: esta grande guerra em torno da torre e como está a afetar as pessoas. Não é algo simples do género de um lado contra o outro. Quando estamos a lutar pela sobrevivência, quer estejamos aliados a ou contra pessoas de quem gostamos, isso traz ao de cima alguns aspetos inesperados das personagens que penso que nem elas, nem as pessoas de quem gostam estão à espera. À medida que nos formos embrenhando cada vez mais neste conflito em torno da torre, vamos ver cada vez mais destas reações inesperadas provocadas pela guerra. Vamos também ver até onde é que irão aqueles que estão na torre e os que estão cá fora e como é que este conflito os está a afetar em termos emocionais.

Sim, porque há esta sensação entre a Luciana e o Daniel de que já são família, mas agora não sabemos como é que isso se vai desenrolar, nem como é que o Daniel irá reagir quando descobrir a verdade. O uso do espanhol nas conversas entre os dois é uma forma de mostrar como são próximos ou foi escolhido apenas por ambas as personagens falarem espanhol?

Andrew: É, sem dúvida, um sinal de como são próximos um do outro. Uma das razões por que decidimos usar o espanhol surgiu durante a pesquisa sobre a perda de memória que advém de traumas. Encontrámos uns estudos que mostram que quem sofre de perda de memória e fala na língua nativa tem mais facilidade em relembrar acontecimentos do passado. Isso pareceu fazer sentido e é uma forma de a Luciana ajudar o Daniel a lembrar-se de onde está, em que momento está, com quem está. Era algo emocionante de ver, porque tanto o Rubén (Blades) como a Danay (Garcia) pegaram no guião e na tradução espanhola que tínhamos feito e tornaram-na deles. Ajudaram-nos com a tradução, para garantirem que refletia de forma precisa o modo como o Daniel e a Luciana falariam. De muitas formas, também permitiu ao Rubén e à Danay trabalharem juntos no episódio de uma forma diferente da que teria sido se fosse em inglês e isso acabou por contribuir para o seu desempenho.

Ainda faltam alguns episódios, mas que nos podem dizer sobre o final da temporada e o que podemos esperar da 8.ª temporada?

Ian: Em relação aos episódios que faltam da 7.ª temporada, vamos continuar a explorar este conflito em torno da torre. É algo que temos estado a cozinhar há algum tempo e vai intensificar-se. Vamos ver o clímax dessa história. Além disso, vamos ter o regresso da Madison. Não vamos dizer quando vai ser, nem que história será, mas, como já dissemos, vai ser super entusiasmante. O seu regresso também vai começar a anunciar o caminho que vamos seguir na 8.ª temporada.

Publicidade

Populares

calendário estreias posters grid maio 2025

motorheads estreia

Recomendamos

Séries da TV
Este Site Usa Cookies

Este site usa cookies para melhorar a experiência do usuário.Cookies são pequenos arquivos de texto colocados no seu computador pelos sites que consulta. Os sites utilizam cookies para ajudar os usuários a navegar com eficiência e executar certas funções.