Vampire Academy – Review da 1.ª temporada
| 11 Nov, 2022
6.45

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Após um primeiro episódio de Vampire Academy que me deixou com sentimentos contraditórios quanto à adaptação da saga literária escrita por Richelle Mead, volto, nove episódios depois, para dar o veredito final quanto a esta 1.ª temporada. Definitivamente não faz jus aos livros, nem de perto, nem de longe, e mantenho a afirmação, agora com total certeza, de que não é a adaptação que os fãs mereciam. É, nada mais, nada menos, que uma fanfic (daquelas não muito boas) de Vampire Academy, mas em formato de série.

Eu juro que tentei ver de mente aberta e, após constatar que as mudanças significativas no plot iriam continuar a acontecer, tentei separar os livros da série e visualizar esta adaptação como se fosse algo totalmente diferente e/ou até mesmo não relacionado, mas confesso que em alguns momentos foi difícil não ficar bastante frustrada com algumas das decisões tomadas, principalmente quando estas não fizeram sentido absolutamente nenhum, já para não referir que foram mudanças definitivamente para pior. Ainda que se tente separar e/ou tratar como se fossem coisas diferentes, esta série, para todos os efeitos, trata-se de uma adaptação e, por isso, sobretudo quando se conhece a história que está por detrás de Vampire Academy, é difícil não as comparar. E o certo é que se tivessem seguido mais os livros, a série teria sido muito, mas mesmo muito, melhor.

Não quero com isto dizer que deveriam ter adaptado taxativamente os livros (embora também não me importasse de todo) e que mudanças na narrativa e no mundo criado por Richelle Mead não tivessem sido bem-vindas, ou até mesmo necessárias – tanto é, que exemplos de possíveis modificações não me faltam, especialmente em questões de diversidade, que é um dos pontos onde a saga literária falha. No entanto, podiam ter sido um pouquinho mais fiéis à história dos livros, aproveitando para melhorar um ou outro ponto e, sem sombra de dúvida, que o resultado final teria sido bem diferente.

Contudo, mesmo deixando todas as mudanças de lado, não considero que a narrativa da série, por si só, tenha sido muito bem conseguida. Isso é algo que pesa ainda mais se tivermos em conta a quantidade de séries de vampiros que existem. Atrevo-me a dizer, inclusive, que se houver 2.ª temporada, a menos que melhorem diversos aspetos, especialmente na narrativa, não sei se Vampire Academy vai conseguir manter-se por muito tempo. Algo que poderia não acontecer – reforço mais uma vez – se tivessem seguido a história original. Porque apesar de Richelle Mead ter pegado num tema muito explorado como o dos vampiros, conseguiu construir um mundo extremamente rico que a fez distinguir-se. Aliado a isso, todos os plots foram extremamente bem construídos e trabalhados, sendo que tudo leva o seu tempo a ser desvendado e, no final, tudo faz sentido. A série, pelo contrário, para além de ter estragado totalmente parte dos plots com as mudanças que fez, também misturou as diversas histórias que acontecem no decorrer dos seis livros, o que fez com que algumas coisas passassem despercebidas e outras fossem desenvolvidas demasiado rápido, o que fez com que acabassem por não ter o impacto e/ou a lógica que deviam. Exemplo disso são: a ligação psíquica de Lissa (Daniela Nieves) e Rose (Sisi Stringer), que por vezes ficou meio esquecida, já para não falar da fraca representação da amizade delas; e o facto de mal terem explorado o Espiritismo, o que este permite fazer e o impacto que tem, especialmente a nível psicológico, e já estavam a falar da Rose ter sido ressuscitada pela Lissa e de ser Shadow Kissed. Isto são coisas que vão sendo exploradas e descobertas ao longo dos seis livros, pelo que, honestamente, não sei se não tendo um conhecimento base de todos estes contextos não teria ficado um pouco perdida com toda a história.

A representação dos guardiões também ficou muito aquém do que realmente deveria ser e um dos exemplos disso foi aquele treino ridículo com os Strigoi. Ainda estou para tentar perceber como é que guardiões treinados deixam uma situação daquelas acontecer. Não digo que o plot twist de Mikhail (Max Parker) se transformar em Strigoi e ter sido morto por Rose não me tenha surpreendido, mas teria outro impacto se o que levasse a isso não fosse uma estupidez. Se eles deixam algo assim acontecer num simples treino, o que fará numa situação real? Sim, é verdade que foram apanhados de surpresa, mas isso devia ter sido planeado antes e eles deviam estar preparados para todos os cenários, já para não falar que não estavam em grandes condições para se arriscarem a perder guardiões. Escusado será dizer que isto nunca aconteceu no livro, incluindo a parte de Mikhail!

Ainda sobre os guardiões: então Lissa é a última Dramogir e a sua proteção – uma vez que a morte dela implicaria a perda total de uma linhagem real – era de extrema importância e levam-na para o meio de uma discoteca, somente com dois guardiões? Guardiões esses que deviam ser os primeiros a acautelar os riscos? Não só não acautelaram os riscos, como efetivamente foram, como era expectável, atacados por Strigoi. Novamente, isto não aconteceu nos livros e foge totalmente às personagens, tanto a Rose como o Dimitri que conhecemos nos livros. Acredita, as personagens dos livros nunca, em circunstância alguma, deixariam isso acontecer! Mas mesmo que não tivéssemos em conta isso, não era preciso ser-se muito perspicaz para saber que aquilo ia correr mal.

Como se tudo isto não bastasse, tivemos uns quantos dramas desnecessários no entretanto (nem me faças falar daqueles casais!) e uma eleição de um Monarca bastante atribulada, especialmente porque esta foi sofrendo bastantes alterações ao longo dos episódios. Eles ainda tentaram aproximar-se um pouco daquilo que acontece no livro, mas sem muito sucesso, a meu ver.

Posto isto, se gostaste da série e não leste os livros, fá-lo! Se não gostaste desta série e também não leste os livros, fá-lo também! Quanto a mim, cá espero para saber se vai haver 2.ª temporada e, caso haja, ainda que não tenha ficado muito satisfeita com a primeira, quero ver o que a próxima nos reserva. Espero é que seja algo bem melhor!

Melhor Episódio:

Pilot (Episódio 1) – Fica difícil escolher um episódio de destaque quando todos eles foram simplesmente medianos e nenhum me chamou particularmente à atenção. Por essa razão, acabo por escolher o primeiro episódio pura e simplesmente porque, para além de não ter desgostado totalmente dele e de, num ponto ou noutro, acabar por ser melhor do que o filme, ainda havia esperança quanto a esta adaptação, algo que se foi perdendo à medida que os episódios iam avançando.

Personagem de Destaque:

Mia Karp (Mia McKenna-Bruce) – À semelhança do melhor episódio, também não foi fácil escolher uma personagem de destaque, pois também não houve ninguém de quem tenha gostado particularmente. Pelo contrário, muitas foram aquelas de quem não gostei. No entanto, e ainda que tenham mudado totalmente a história de Mia e ela a meio da série ter ficado um pouco esquecida entre tantos plots, a verdade é que, das mudanças que fizeram, a dela foi a que acabei por gostar mais, principalmente do facto de ser uma personagem LGBTQ+. Para além disso, também foi bom rever Mia McKenna-Bruce depois de a ter visto como Bree, uma personagem de quem também gostei muito, em Get Even.

Temporada: 1
Nº Episódios: 10
6.45
6.5
Interpretação
6
Argumento
6.5
Realização
7.5
Banda Sonora

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