Fear the Walking Dead – Review da 5.ª Temporada
| 04 Out, 2019

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[Contém spoilers]

Mais um verão, mais uma temporada de Fear the Walking DeadAcreditam que já passaram cinco temporadas? Nem eu. Quando este spin-off surgiu pensei que nos mostraria o outro lado do apocalipse zombie, como tudo começou e porquê, se há cura, qual o alcance do vírus, entre outras questões que sempre me acompanharam desde a 1.ª temporada de The Walking Dead. Contudo, não seria nada do género. Seria um TDW 2.0, com diferentes personagens, mas com os mesmos plots.

Desta forma, desde a estreia que FtWD é um pouco uma desilusão para mim. Mas como sempre gostei deste universo decidi continuar a ver. Porque não? A primeira temporada até foi boa, mas daí para a frente foi mais do mesmo e atualmente, na 5.ª, as coisas estão piores do que nunca. As mortes de Nick e Madison na temporada passada foram um grande desfalque numa narrativa que por si só já não se estava a aguentar e nem as adições dos conhecidos Morgan e Dwight serviram para manter o mínimo do equilíbrio.

Estes 16 episódios foram uma sucessão de eventos aborrecidos que não despertaram uma ponta de interesse, com um ou outro episódio bom. Normalmente, numa série acontece ao contrário. Foram várias as vezes que dei por mim a fazer scroll no telemóvel e isso diz muito duma série. Não há um objetivo para esta storyline nem para estas personagens. Estão todos à deriva, algures pela América, em busca não se sabe muito bem do quê.

O nível de qualidade de FTWD vai descendo a olhos vistos ao longo da temporada. Até a protagonista, Alycia Debnam-Carey, a quem muitos fãs apontam a causa de continuarem a ver a série, perdeu todo o interesse que foi ganhando nas temporadas anteriores. Alicia era uma personagem forte, corajosa, interessante e que gostávamos de ver no ecrã. Agora, é simplesmente aborrecida e faz ansiar pela próxima cena em que já não estará presente. Todo este arco de redenção (pelo qual todas as personagens parecem estar a passar, sem se perceber qual a razão) já perdeu qualquer interesse que poderia ter. Já não há paciência para a lengalenga do “Temos o dever de ajudar estas pessoas”. E aquela iluminação final que ela teve de pintar árvores com a frase da mãe? Por favor…

Foram tantas as coisas más a acontecerem que vou tentar não me alongar muito. Podemos começar por Morgan e pela continuação do seu má desenvolvimento narrativo. Porquê voltar a falar na família? Porquê insistir que ainda não ultrapassou a morte da mulher e do filho? Já não tem piada todo este mopping around. Parece que Daniel simplesmente não morre. Calculo que saibam que os fãs gostam dele e, portanto, continuam a trazê-lo de volta. Ao início aquela rivalidade toda com Strand já me estava a irritar, porque pensava que já tínhamos passado à frente essa fase. Contudo, com o passar dos episódios, as aparições de Daniel foram-se tornando melhores.

Inicialmente, a história das cassetes e aquelas cenas estilo documentário até tiveram piada e foram um corte no repetitivo que tinham sido os outros episódios antes. Porém, o pessoal da produção parece não saber o que é o equilíbrio e abusaram nestas cenas, tornando-se excessivas e tendo perdido a graça. Creio que esta é uma boa síntese desta temporada: houve um abuso de tudo e a história ficou insossa.

Depois temos ainda Logan e Virginia. O que dizer destes dois que não tenha dito já antes? Foi ridícula a abordagem perante os supostos vilões. Virginia não me parece ser realmente uma ameaça, até porque o grupo encontrou sempre uma solução para tudo ao longo dos 16 episódios. Com a exceção da morte de Tom, aquela personagem que apareceu já quase no fim, que vivia no condomínio, que outras coisas más aconteceram? Não morreu ninguém, ninguém ficou desmembrado, ninguém ficou órfão, ninguém perdeu o melhor amigo. Nada. Sim, Grace parecia ter cancro, mas afinal não está doente. O que de entusiasmante aconteceu afinal nesta temporada?

Diria que foram escassos os momentos que despertaram emoções em mim. Lembro-me da cena em que John e June saltam de carro em carro com uma escada, rodeados de walkers, e de quando Grace e Morgan concretizam o último desejo do homem do centro comercial. Foram estes e poucos mais.

Poderia continuar a enumerar tudo o que de mal aconteceu, mas acho que já deu para perceber. Fear the Walking Dead está presa no mesmo loop em que TWD estava há não muito tempo. Foi preciso o protagonista sair para as coisas darem uma volta de 180.º. No spin-off, dois dos protagonistas já morreram e não me parece que tenha tido qualquer efeito na série a não ser o de piorar ainda mais a história. FtWD precisa de encontrar o rumo certo e manter-se nele. Neste momento, não dou nada pela série, mas, tal como não desisti da série-mãe na sua pior fase, também não vou desistir desta. Ainda há esperança.

 

Melhor Episódio:

Episódio 5 – No fundo, acho que não houve verdadeiramente um episódio bom. Contudo, creio que o 5.º, The End of Everything, foi diferente e é como se tivesse decorrido num universo à parte. Foca-se em Al, que nesta altura estava desaparecida do resto do grupo, e noutra mulher misteriosa e no seu helicóptero. Gostei deste episódio porque nos deu a conhecer um bocadinho de uma personagem da qual não sabemos absolutamente nada (no final da temporada continuamos com as mesmas informações sobre Al) e também sobre a conexão das pessoas dos fatos ao que acontecerá a Rick. Apesar de esta storyline não ter sido continuada, penso que voltará a aparecer na 6.ª temporada e, possivelmente, tomará o foco dessa narrativa.

 

Personagem de Destaque:

Sarah (Mo Collins) – A minha escolha não é óbvia, bem sei. E levei algum tempo para me decidir se alguém se tinha realmente destacado. Cheguei à conclusão que, apesar de não ter assim tantas falas nem de aparecer muitas vezes, gostei muito de Sarah e do seu desenvolvimento desde a temporada passada. É engraçada, sarcástica, sempre com uma resposta na ponta da língua, mas também consegue proteger os seus amigos e fazer sacrifícios, apesar de já ter errado no passado, como todos nós. E o melhor é que não se andou a queixar disso uma temporada inteira.

Beatriz Caetano

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