Narcos: a ficção da realidade
| 28 Set, 2016

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Sempre me cativaram séries e filmes baseados em histórias reais. Adoro a sensação de ver uma reprodução do que aconteceu em alguma parte do nosso mundo e pensar como esses eventos mudaram a história. Séries como Vikings, American Crime Story: The People v. O.J. Simpson e Narcos fazem parte da minha lista de séries baseadas em fatos reais que realmente me prenderam ao ecrã. Mas Narcos para mim superou tudo, ao ponto de mostrar na própria série imagens e vídeos reais dos acontecimentos, desde o auge até à captura do maior traficante de drogas de todos os tempos, Pablo Escobar.

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Admito que não conhecia muito bem Pablo Escobar quando comecei a ver a série. Foi um amigo que me falou que era bastante boa e decidi assistir. Tinha uma vaga ideia de que esse Pablo tinha sido um grande traficante, mas pouco ou nada conhecia da sua história. Vi o primeiro episódio e gostei, vi o segundo, gostei ainda mais, depois terceiro, quarto, até devorar a primeira temporada toda e ficar fascinada com o poder de Pablo Escobar e o que fez a quem se metesse à sua frente.

Temos que admitir que todos gostamos de Pablo em algum ponto da história. Ele era rico, dava dinheiro aos pobres e mandou construir montes de bairros para os mais desfavorecidos. Era (e ainda é para muita gente da Colômbia) um homem amado pelo povo. Eu gostava dele, não dava como evitar, apesar de toda a droga que traficava, a corrupção que criava e as pessoas que assassinava. Porém, a minha opinião mudou de vez quando vi que mandou colocar uma bomba num avião só para matar César Gaviria Trujillo, o então Ministro da Justiça e do Interior da Colômbia (de onde mais tarde se tornou presidente). Mas, na realidade, o ministro não ia no avião e Pablo matou mais de 100 pessoas inocentes que iam naquele voo. Fiquei chocada nesse episódio, uma vez que a série mostrou fotos e vídeos reais de 1989 da altura do acidente, quando o avião caiu.

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O episódio do avião é um de muitos que me deixaram chocada com a série. Ficava nesse estado quando mostravam fotos e os vídeos reais, o próprio Pablo com o povo, os crimes e os corpos daqueles que mandava matar, espalhados pela cidade, o presidente Gaviria (verdadeiro) a aparecer na televisão e os atores a assistir. Tenho a dizer que escolheram bastante bem as personagens para a série, todos bastante parecidos às pessoas que viveram aquele pesadelo na Colômbia há 30 anos atrás. Eu arrepiava-me toda só de ver o verdadeiro agente Steve Murphy no genérico! Tenho a dizer que o que fez a série foi estes pequenos toques de realidade, de modo a acordar o telespectador para este mundo que aconteceu não há muitos anos atrás.

E o final? Não posso terminar esta crónica sem falar do belo episódio onde capturam o Pablo Escobar. Não estava nada à espera que depois de o matarem fossem tirar uma fotografia e aparecesse a foto real de quando o capturaram, a 2 de dezembro de 1993!!! Os pormenores foram perfeitos! Todos os atores estavam vestidos como na foto, pousaram como na foto, foi praticamente num local igual ao da foto! E ainda colocaram a entrevista verdadeira da mãe de Pablo quando descobriu que o tinham morto, a defendê-lo com unhas e dentes como se fosse o homem mais santo à face da terra! Incrível!

Para concluir, posso dizer que não estava à espera da renovação de Narcos. Estava naquela… Que quando Pablo morresse ia ser o final da história. Mas afinal ainda vão continuar com a história de outros cárteis de droga. Admito que para mim não vai ser a mesma coisa, já que a história de Pablo Escobar me marcou demasiado. Mas vou dar uma oportunidade, pois de certeza que vai continuar com o mesmo formato de mostrar a realidade e isso deixa-me bastante entusiasmada. Obrigada por estas duas perfeitas temporadas, Narcos!

Cristiana Silva

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