Usou-se e abusou-se do nome Steven Knight e da série Peaky Blinders para promover SAS: Rogue Heroes, mas a verdade é que eu nunca vi a outra série, nem vou ter termo de comparação entre as duas, por isso espera uma review isenta e livre de qualquer influência de Thomas Shelby e do seu gangue.
SAS: Rogue Heroes é baseada no livro com o mesmo nome de Ben Macintyre, que conta a história da formação e dos feitos da afamada unidade de forças especiais SAS durante a Segunda Guerra Mundial. A história passa-se no Cairo, em 1941 e 1942, começando depois de um dos oficiais, David Stirling, ter sofrido um acidente num exercício que correu mal e ter sido hospitalizado. Isto tudo leva à criação de uma unidade radical, uma vez que não acredita que os métodos tradicionais sejam eficazes para derrotar os Alemães.
A série começa muito bem, com um episódio a um ritmo alucinante, em que somos apresentados às figuras principais da história. Este é um daqueles episódios que nos prende desde o primeiro minuto. A cena inicial deixa entrever um argumento bem escrito, com um bom sentido de humor e com desempenhos de excelência por parte de todo o elenco.
A contextualização histórica inicial ao som de AC/DC mostra que nem a banda sonora, nem a parte gráfica da série vai ser descurada. A banda sonora recheada de grandes nomes como Black Sabbath ou The Clash é um elemento imprescindível na caracterização das personagens e da brutalidade das suas ações. O design e as fontes das letras utilizadas nas imagens para a apresentação das personagens e dos títulos também não foram escolhidos ao acaso, conseguindo passar também elas a ideia de dureza e rudeza da unidade e dos seus atos.
Os cinco episódios que se seguem ao primeiro têm um ritmo mais calmo e vamos conseguindo perceber melhor as personagens e os motivos para agirem como agem, ao mesmo tempo que vamos percebendo que aquele conjunto de pessoas vai tendo uma grande transformação desde o momento em que entra para o SAS até ao seu objetivo final, o de libertar África da Alemanha Nazi.
Começamos a série a pensar que aquelas ideias absurdas e perigosas (ou mesmo fatais) de gente imprudente não poderão ter um desfecho feliz (e não o é), mas, a partir de certa altura, as suas ações começam a fazer mais sentido e a ser mais bem planeadas e o final desejado já se começa a desenhar.
É de realçar o facto de o elenco da série ser internacional. Além do grupo principal, maioritariamente britânico, foram ainda escolhidos atores alemães, franceses e italianos para desempenharem papéis de figuras das suas nacionalidades, falando as suas personagens nas respetivas línguas, contribuindo assim para a autenticidade das cenas.
Claro que nem tudo foi perfeito. Os efeitos especiais não me convenceram a 100%, mas eu sou sempre bastante crítica neste ponto, por isso este aspeto, muito provavelmente, não te irá incomodar muito. Algumas cenas que se passam durante a noite foram filmadas durante o dia, sendo utilizada uma técnica de escurecimento da imagem que se, por um lado, consegue dar a ideia de a cena ter sido filmada ao anoitecer, por outro dificulta o vida ao espectador, que tem algumas dificuldades em ver os atores com a imagem tão escurecida.
Li algumas críticas à falta de diversidade da série, por serem maioritariamente homens brancos, mas não consigo concordar com elas, uma vez que a série está a retratar acontecimentos verídicos e pessoas reais, tendo de se manter fiel aos registos da época e às figuras retratadas.
Com um argumento inteligente e desempenhos brilhantes por parte de todo o elenco, SAS: Rogue Heroes apresenta-nos “acontecimentos que parecem inacreditáveis, mas que, na sua maior parte, aconteceram mesmo assim” e que valem a pena ser vistos por quem se interessar por História e não só.
Em Portugal, a série está disponível na HBO Max.
Melhor episódio:
Episódio 1 – Esta foi uma escolha difícil, porque quase todos os episódios conseguem manter o mesmo nível de qualidade e conseguem agarrar o telespectador ao ecrã durante os quase 60 minutos que compõem cada um, mas decidi escolher o 1.º episódio, pois pareceu-me conseguir congregar nele tudo aquilo que faz desta uma série bem conseguida. O ritmo deste episódio é muito mais rápido do que o dos restantes cinco, conseguindo concentrar nele todos os ingredientes necessários para manter o telespectador colado ao ecrã.
Personagens de destaque:
David Stirling (Connor Swindells), Paddy Mayne (Jack O’Connell), Bill Fraser (Stuart Campbell) &Marc Halevy (Arthur Orcier)– Todo o elenco, quer o principal, quer o regular, quer o recorrente, faz um trabalho deveras brilhante e é praticamente impossível escolher uma personagem que se destaque das outras. Foram importantes para a série e para a história. Dito isto, não consegui escolher um só nome e optei por destacar aqui David Stirling e Paddy Mayne pelas suas personalidades e pelo que conseguiram alcançar. Contudo, não posso deixar de mencionar Bill Fraser, por ser, durante a primeira parte da série, a pessoa mais sensata de todo o grupo, nem Marc Halevy, por mostrar uma pessoa real com medos reais.
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