Élite – Review da 1.ª temporada
| 21 Out, 2018

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Temporada: 1

Nº de episódios: 8

Após um acidente na escola que frequentam, três alunos do ensino público recebem uma bolsa de estudo para Las Encinas, um colégio de elite espanhol. Rodeados de drogas, sexo e álcool, Samuel (Itzan Escamilla), Nadia (Mina El Hammani) e Christian (Miguel Herrán) tentam sobreviver ao choque de classes e preconceito dos colegas. Toda esta tensão culmina num homicídio e resta apenas uma questão: quem matou Marina (María Pedraza)?

Élite é a nova aposta de nuestro hermanos que, mais uma vez, acertaram no jackpot. Cada vez mais me convenço que os espanhóis não têm papas na língua e dou graças a isso. Este mistério policial repleto de dramas adolescentes podia ser um desastre, mas resulta. Élite é envolvente do primeiro ao último episódio e inovadora o suficiente para nos deixar em pulgas para uma próxima temporada.

Temas como o bullying, a xenofobia e a desigualdade social são neste momento abordados constantemente em várias séries, mas não deixam de ser relevantes e atuais. Contudo, Élite volta a pegar num assunto que deixou de estar na moda há muito tempo e cativou os espectadores pela maneira como foi tratado, o HIV.

As personagens estão quase todas bastante bem construídas, com os defeitos negativos à vista, mas com as qualidades presentes e a balançar a nossa opinião. Podemos começar a torcer por uma personagem no início do episódio e no fim querer torcer-lhe o pescoço, se bem que no episódio seguinte vamos mudar novamente de opinião.

A maneira como criaram ligações entre os adolescente também é interessante e deixa bem à mostra como as relações na juventude são imprevisíveis e fugazes, repletas de dramas e intensidade. Omar e Ander são a prova viva disso. Começaram simplesmente como traficante e comprador e rapidamente evoluíram para amantes, com tudo a perder, mas com pouca vontade de se manterem afastados.

Nadia, a muçulmana presa à religião, família e obrigações, e Guzmán, o filho perfeito, o irmão protetor e o aluno popular, também são uma das relações mais cativantes da série, pela forma como encontram um ponto em comum a uma velocidade lenta e ritmada, bem como lutam contra os sentimentos que nutrem um pelo outro.

É claro que não podemos deixar de mencionar o convidado de honra: o misterioso assassino de Marina. A maneira como Élite brinca com as nossas cabeças episódio após episódio, até ao momento em que tudo finalmente explode e somos confrontados com a verdade, é absolutamente brilhante. E não acredito por um segundo que alguém adivinhasse o verdadeiro culpado à primeira.

Mas, como tudo, Élite também tem os seus aspetos negativos. São poucos, são quase impercetíveis, mas dão uma comichão que não é possível ignorar. O primeiro, e tenho mesmo que o dizer, é Nano (Jaime Lorente). Com tanta expectativa à volta do ator de La Casa de Papel, foi impossível não ficar desiludida com a personagem. Nano é interessante e importante para a história, mas algo me diz que poderia ser mais. Talvez a 2.ª temporada traga algo de bom para ele, entretanto Lorente vai ficando pela sombra de Escamilla.

Por fim, Lucrecia (Danna Paola) e Guzmán. Ninguém retira a relevância que cada personagem, por mais pequena que seja, tem para a história. Em Élite, nem tudo que parece é. Porém, o triângulo amoroso entre Lu, Guzmán e Nadia parece-nos um pouco excessivo e nada acrescenta à história. Guzmán e Nadia ainda seriam verdadeiramente adoráveis juntos sem a contínua interrupção de Lu. É que, sejamos sinceros, a verdadeira magia da relação entre os dois não está na interferência de terceiros, mas sim na forma como as diferenças deles os separam tanto como os unem.

Élite é, sem qualquer sombra de dúvida, uma das estreias de 2018 e vai dar que falar durante os próximos meses. Em apenas oito episódio provou ser muito mais do que o drama adolescente que todos esperavam, afastando-se imediatamente de todas as comparações que lhe impuseram. Só podemos esperar que as novas temporadas não retirem a magia da série que tanto nos cativou.

 

Melhor episódio:

Episódio 7 – Apesar de não ser o episódio com todas as respostas, é aquele em que podemos sentir o aproximar das tensões finais enquanto estas se misturam de forma subtil com a apreensão do momento. Omar é finalmente obrigado a tomar uma posição em relação a Ander e ao romance dos dois. Carla (Ester Expósito) liberta-se finalmente da sua relação com Polo (Álvaro Rico) e aposta tudo em Christian, que deixa transparecer o seu lado mais sensível. Os dois lados de Guzmán entram em confronto, o lado violento e o lado mais sensível. Podemos não conseguir saber tudo o que queremos neste episódio, mas é sem dúvida a entrada perfeita para o final estrondoso.

 

Personagem de destaque:

Samuel “Samu” García Domínguez – Quando conhecemos Samuel a primeira palavra que nos vem à cabeça é vulgar. Mais um menino pobre e humilde que vai ser vítima das maldades do mundo. Contudo, oito episódios depois, Samuel ainda é pobre e humilde, mas também é uma das personagem mais interessantes da série. Com sentido de justiça apurado, perspicaz e intenso, o jovem demonstra ao longo da temporada ser capaz de esquecer as regras por aqueles que ama e de perder a cabeça, colocando os sentimentos à frente da razão.

Beatriz Pinto

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