Élite – Review da 3.ª Temporada
| 19 Mar, 2020

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[Contém spoilers]

Temporada: 3

Número de episódios: 8

Está de regresso ao catálogo da Netflix os Morangos com Açúcar (versão hardcore) de nuestros hermanos. Élite voltou e é uma das melhores séries para fazer maratona em tempos de quarentena.

Os criadores Darío Madrona e Carlos Montero apresentam-nos uma 3.ª temporada bastante bem conseguida. Avança e recua no tempo numa harmonia frenética que permite ao espectador ficar colado ao ecrã durante sensivelmente oito horas para saber o que vai acontecer, para depois chorar, já que o seu regresso só está previsto para 2021.

Nesta temporada cada episódio tem o nome de cada um ou dois dos personagens da série. O primeiro episódio – Carla (Ester Expósito) – começa com a cena final da temporada, e depois retrocede cinco meses: somos transportados para a cena final de cliffhanger do último episódio da 2.ª temporada, quando Polo (Álvaro Rico) retorna ao colégio Las Encinas. O ódio e o repúdio dos seus colegas perante a sua pessoa é evidente, avistando-se  um ano escolar muito difícil. Todos sabem que foi Polo que matou Marina (María Pedraza) e querem-no ver atrás das grades.

Para primeiro episódio e caso se tratasse de um piloto, não merece uma ovação de pé, ainda nos estamos a tentar familiarizar com a história e a acostumar-nos às personagens, havendo muitas questões no ar. Começamos a perceber novas amizades, conhecemos novas personagens e o enredo começa a desenrolar-se. Só no fim do segundo episódio é que descobrimos a morte da temporada. Não é uma morte que nos deixe irritados, até porque percebemos que a pessoa até queria mudar e admitir todo o mal que tinha feito, mas, a meu ver, foi merecido. Ficamos o resto da temporada a tentar escrutinar quem matou aquela pessoa, suspeitando de todos, pois todos tinham motivo. A forma como está desenhado é inteligente e não deixa muita margem para descobertas.

O que esta série tem de fantástico é que em plena 3.ª temporada continuamos com o mesmo tipo de enredo, com as mesmas personagens e com o mesmo tipo de questões: quem matou, porquê, o que aconteceu; o tipo de drama com crime à mistura está tão bem conseguido que estamos sempre à procura de respostas a todas essas questões.

Durante esta temporada descobrimos que uma das personagens mais queridas do público, Ander (Arón Piper) tem cancro. A doença faz com que tenha certas atitudes menos boas, mas compreensíveis. Claro que, para além do crime principal, de todas as outras storylines que se desenrolam, esta é a mais triste de toda a temporada.

Um dos pontos altos da temporada é o bromance de Samuel e Guzmán, pois ambos querem vingar a morte de Marina; assim como o desenrolar da personagem de Rebeca (Claudia Salas), com uma mãe daquelas ninguém diria que teria tantos valores e fosse tão boa pessoa!

Ao longo da temporada percebemos que os criadores desta vez quiseram colocar os pais como vilões. Aqui as figuras de autoridade deixam a desejar, como já tinha sido explicito nas temporadas anteriores. O que é facto é que estão cada vez piores. O pai e a mãe de Carla prostituem a filha; as mães de Polo são manipuladoras e resolvem tudo com dinheiro; o pai de Lucrecia (Danna Paola) e Valerio (Jorge López) despejou o filho de casa, vai expulsar a filha assim que essa completar os 18 anos e assim por diante.

Nesta temporada é revelado um casal de que ninguém estava à espera: Cayetana (Georgina Amorós) e Valerio. Sim, leram bem. Este casal tem um twist, Cayetana, Valerio e Polo são um throuple. É interessante ver essa realidade, porque já existem “casais de três pessoas”, mas no fim tudo é intriga e mentira, dado que a coisa não termina da melhor maneira. Cayetana continua dissimulada sem ter medo de usar qualquer meio para chegar a um fim. Valerio é aquela personagem que nunca sabes bem se gostas ou não, que tem atitudes suspeitas e muitas vezes desnecessárias, mas é inteligente e tem um grande coração; no fundo não é má pessoa, anda só numa maré de azar. Polo é cobarde.

A temporada trouxe-nos duas novas personagens: Malick (Leïti Sène), o novo interesse amoroso de Nadia (Mina El Hammani) e Omar (Omar Ayuso), sim, situação awkward! E Yeray (Sergio Momo) é um novo interesse amoroso de Carla por obrigação do pai. Comparativamente às “aquisições” da 2.ª temporada, estas tenho a dizer que ficam a desejar. Já ninguém vive sem Rebe ou Valerio, mas sem Malick e Yeray somos felizes. Malick é muçulmano e desperta o interesse de Nadia e mais tarde de Omar. É falso e não olha a meios para atingir os fins, importando-se pouco com os sentimentos dos outros. Yeray é aquele típico novo rico que passou de gordo e gozado a magro e popular. Não tem amor próprio, mas acaba por não ser má pessoa, mas em termos de interpretação do ator deixa a desejar.

A 3.ª temporada traz-nos uma nova amizade e é tudo o que nós, fãs de Élite, precisávamos e não sabíamos. Lucrecia e Nadia tornam-se amigas. Depois do rancor, a animosidade acalma-se e no fim da temporada vão juntas para Nova Iorque estudar.

Como já tinha mencionado, a storyline da doença de Ander continua e não há previsão para a sua melhoria; Omar, aquela pessoa que nós achamos que vai estar sempre a apoiar Ander, começa a ter atitudes desprezíveis. Claro que sabemos que a vida dele não é fácil, toda a situação com os pais… Ninguém está ciente do que é ter pais que não te defendem, não te apoiam, é horrível pensar que em pleno século XXI há pais que expulsam os filhos de casa apenas por causa da sua orientação sexual, mas é um dos pontos altos desta série, mostrando o que muitos jovens como nós passam e a que têm de sobreviver.

A segunda parte da temporada passou mais por responder às perguntas colocadas anteriormente e apimentar algumas relações. Em Élite não há medo de chocar ao mostrar cenas de violência, sexo ou de consumo de droga. No geral é uma boa temporada, bem conseguida do início ao fim: relações tóxicas, muitos interesses à mistura, pais exemplares, novas personagens que ficam aquém das expectativas e um cameo espetacular de Kevin McHale (Glee) no último episódio.

Apostaram em novas amizades, novos casais e novas histórias para que o enredo também não fique saturado e isso foi a lufada de ar fresco desta temporada. Apesar de, e já tinha notado nas temporadas anteriores, não darmos pelo tempo passar, percebemos que passa quando de tempo a tempo alguma das personagens o menciona, criando um certo desconforto porque parece que tudo acontece rapidamente, mas passaram meses.

Para todos os fãs que desejavam Nadia e Guzmán juntos ou Carla e Samuel, perderam a viagem pois só houve um cheirinho no episódio final, o que não é mau, mas é, ao mesmo tempo, irritante, pois sabemos que as personagens andam a enganar-se a si próprias.

Melhor Episódio:

Episódio 5: AnderTodos os fãs de Élite têm a noção que é uma série com drama, crime, sedução e muita traição à mistura. Mas quando é diagnosticado cancro a Ander, o caso muda um pouco de figura, há um apelo ao sentimento bem visível, onde o espectador quer que a qualquer momento que ele acorde do pesadelo. Há vários vilões nesta série, mas também há muitas injustiças e este episódio mostra-nos quais são, acabando por ser bombástico nesse sentido, levando o espectador a desejar “proteger” todos aqueles que estão a ser injustiçados pela trama. Relações intensificam-se e mentiras são reveladas, sendo um dos melhores episódios da temporada.

Personagem de Destaque:

Lucrecia (Danna Paola) – Sem querer dar muitos spoilers, escolhi Lu como destaque porque desde a 1.ª temporada que é a personagem que mais evoluiu em todos os sentidos. Sempre foi uma personagem forte, determinada e muito inteligente, pecando apenas por se achar superior aos outros. O facto de ter sido “deserdada” pelo pai nesta última temporada fê-la ter atitudes ainda mais inteligentes, não expectáveis e mais respeitadoras tendo em conta todo o panorama social. No último episódio descobre-se que cometeu um erro que pode comprometer todo o seu futuro. O que é facto é que a sua mudança de comportamento perante os outros permitiu que todos a ajudassem durante a crise. Temos que ser sinceros, Danna Paola é uma excelente atriz e dá um cunho muito próprio à personagem de Lucrecia, não deixando ninguém indiferente.

Margarida Rodrigues Pinhal

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