This Is Us – 04×06 – The Club
| 01 Nov, 2019

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[Contém spoilers]

Nunca considerei This Is Us como uma série com assuntos tabus, não havendo temas proibidos. Contudo, é uma série com um target de idades abrangente, sem cenas violentas ou potencialmente chocantes e por isso há tópicos que a série aborda menos, o que é natural. Sexo é um deles, mas neste episódio lá veio à baila para explorar os desígnios da atração, com Jack e Rebecca nos seus primeiros tempos e sobretudo entre Toby e Kate ao longo dos tempos e especialmente na época que se seguiu ao nascimento do bebé.

A série consegue subir a temperatura e ainda assim manter sempre o nível de classe e subtileza que permite entrar no tema sem ser necessário “tirar as crianças da sala”. Foi interessante o foco no momento de Toby e Kate que é com certeza um momento complicado para todos os casais depois de terem um filho e até recuperarem a sua vida sexual regular tal como antes de adicionar aquele elemento bem complexo à equação. Curioso como o elemento do casal que parecia mais sedento pelo reatar destes momentos a dois foi quem lidou com as maiores dificuldades. Adorei ver Kate a superar as suas inseguranças face à nova condição física de Toby e a cena do corte das calças erradas seguida pelo discurso visceral e selvagem de Toby foi para mim o momento mais divertido de todo o episódio.

Com Kevin e Cassidy, estava-se mesmo a ver onde isto ia dar… Completamente previsível, mas sabem que mais? Não me importo nada. Previsível ou não, era o desenvolvimento que queria e estou seguro que não sou o único. Ambos foram quebrados e trazem uma grande bagagem do passado, mas compreendem-se e têm uma boa química. Por outro lado, se o marido não reconhece o valor de Cassidy e não é compreensivo face a tudo o que ela viveu, então se calhar não é mesmo a pessoa certa para ela. Vejamos no que isto vai dar, já é tempo de “ser desta” para Kevin.

Paralelamente ao sexo, tivemos o golfe a acompanhar todo o episódio. Antes de dizer o que pensei sobre essas cenas, deixem-me apenas admirar o planeamento, produção e montagem da série. É óbvio que as cenas não são gravadas pela ordem que as assistimos no ecrã, temos atores no seu estado mais jovem e mais velho, mais gordo e mais magro, com e sem bigode e imagino a complexidade de gerir as gravações. É necessário ter uma visão excelente do resultado final que se pretende para gravar sequências em que as personagens “têm o mesmo aspeto”, mas que vão ser utilizadas em momentos e episódios distintos. Depois de tudo gravado, aquela sala de montagem é sem dúvida onde toda a magia acontece.

Voltando ao golfe, não sendo eu um fã deste desporto em particular, não vibrei tanto quanto se fosse um desporto que me dissesse mais, mas serviu o propósito. Sendo tipicamente um cenário da elite, foi o palco do clube de amigos do pai de Rebecca no passado, onde vimos acima de tudo a arrogância de quem se sente superior e um orgulho de um Jack ainda muito rebelde, mas sempre com uma personalidade forte. Foi também o palco de uma reunião de negócios informal, que tantas vezes são mais frutíferas do que as reuniões de escritório. E, por fim, foi o cenário de uma cena característica que já tinha saudades, Jack Pearson a falar de coração aberto para um dos seus filhos e a passar importantes lições de vida – continuam a ser das cenas que mais aprecio e que mais me tocam. E por fim, a surpresa agradável do que o campo de golfe representava para Randall. Não é que o nosso engenhoso amigo assumiu a postura humilde e trapalhona para conquistar o grupo? Afinal era um expert e o golfe era um elemento de conexão espiritual com o seu pai no presente e o sitio ideal para recordar aquelas boas memórias do passado.

This Is Us tem mantido um nível bem consistente ao longo desta temporada, e apesar de achar que ainda não voltamos a ter picos de tenção e emoção de nos deixar com a lágrima no canto do olho, como ocorria semana após semana nas primeiras duas temporadas, acho que têm mantido o interesse e um nível de qualidade claramente superior à da temporada anterior e há com certeza muito por explorar.

André Borrego

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