Young Sheldon – Review da 4.ª Temporada
| 18 Mai, 2021

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[Contém spoilers]

Temporada: 4

Número de Episódios: 18

Estreou, no passado dia 13, o último episódio da 4.ª temporada de Young Sheldon, o spin-off de The Big Bang Theory que, apesar de se focar essencialmente na infância de Sheldon Cooper (Iain Armitage), e nos desafios com os quais este tem de lidar ao longo do seu crescimento, acompanha também a dinâmica da família Cooper num todo, que não só tem de lidar com o facto de Sheldon ser um génio e um jovem bastante peculiar, mas também com os seus próprios problemas.

Confesso, desde já, que estava longe de imaginar, quando comecei a ver a série, que a dinâmica da família iria ser tão boa e importante. Erradamente, pensava que a série iria focar-se somente em Sheldon e, portanto, as interações com os restantes personagens iriam restringir-se a este, mas a verdade é que temos diversas histórias paralelas que nada têm que ver com Sheldon e isso definitivamente torna a série bem mais rica e consequentemente melhor. Por exemplo, nesta 4.ª temporada de Young Sheldon, no 2.º episódio, durante a viagem para um jogo de beisebol, veio o período a Missy (Raegan Revord) e a única pessoa que estava com ela era George Sr. (Lance Barber), pelo que este era o único que a podia ajudar; enquanto isso, Georgie (Montana Jordan) descobre que Mary (Zoe Perry) gosta de ver o filme Road House, o que o leva a brincar com ela sobre esse facto. No episódio 15, Missy pede a Georgie que a leve a um encontro “secreto” com o seu namorado Marcus, decorrente disso acabamos por ver o lado protetor de Georgie para com a irmã. Mais do que serem situações engraçadas, mostram, e excelentemente bem, como é a relação entre todos eles, especialmente perante determinadas situações.

Para além disso, devido às coisas referidas pelo Sheldon adulto em The Big Bang Theory, também não estava à espera de acabar por gostar tanto de todos os personagens, principalmente de George Sr., uma vez que esperava ver um personagem muito diferente daquele que nos é apresentado em Young Sheldon. Tendo por base o estilo da série, é compreensível que eles tenham amenizado um pouco (lê-se muito) as características menos boas de alguns dos personagens, especialmente de George Sr., porque se assim não fosse, não teríamos uma série tão leve e divertida, muito pelo contrário. Ainda que prefira a abordagem que adotaram em Young Sheldon, mesmo que não vá muito ao encontro do que nos foi sendo dito pelo Sheldon adulto, considero que nos vai custar bem mais quando tivermos que nos deparar, por exemplo, com a traição e a morte de George Sr..

No entanto, ao contrário do que Young Sheldon nos tinha vindo a habituar, esta 4.ª temporada já começou aos poucos a preparar-nos, de certa forma, para episódios mais tristes. O 15.º episódio é um excelente exemplo disso. Quem não ficou triste ao ver o quanto o abandono do pai de Billy o magoou, ainda para mais depois daquelas palavras duras de Sheldon? Ou quando Mary chora ao perceber que o seu casamento pode estar em risco? Como o próprio Sheldon diz nesse mesmo episódio: “Like a virus, heartbreak can also spread. Once it does, it’s hard to contain”. E eu acho que é exatamente isso que nos espera nas próximas temporadas (pelo menos mais três já foram confirmadas): desgostos.

Já sabemos que George Sr. vai trair Mary (é por essa razão que Sheldon bate três vezes na porta, pois apanhou o pai com a outra mulher) e apesar de alguns momentos em episódios anteriores já nos terem dado a perceber que George Sr. não é totalmente feliz com a vida que tem ou que a relação dele com Mary nem sempre é um mar de rosas, isso intensificou-se ainda mais nesta temporada, principalmente no último episódio. Neste vemos uma discussão bastante feia entre Mary e George Sr. e mais tarde vemo-lo a jogar snooker e Brenda Sparks (Melissa Peterman), mãe de Billy e recentemente deixada pelo marido, pergunta-lhe se quer companhia. É certo que não há mal nenhum nisso, mas, sabendo o que sabemos, a mim quis-me parecer que será com ela que George Sr. se envolverá. Quanto à morte deste, sabemos que foi quando Sheldon tinha 14 anos e se cada temporada corresponder a um ano, então podemos esperar que a morte dele aconteça na 7.ª temporada, que ainda não sabemos se será a última ou não.

Resumindo e concluindo (que isto já vai longo), ainda que Young Sheldon nos tenha habituado a um tipo de série de conforto, proporcionando-nos momentos divertidos e leves, mas que acima de tudo nos tentam sempre transmitir uma mensagem e que nos enchem o coração, aos poucos isso começa a mudar nesta 4.ª temporada. Apesar de se manter o estilo narrativo, de continuarmos a ter acesso a pequenas novidades sobre a vida adulta de Sheldon, de serem abordadas questões científicas e no geral a qualidade continuar a ser muito elevada, já começaram a ser abordados temas mais maduros e parece-me que já começam a ser intensificadas as bases que vão levar aos tristes acontecimentos relatados em The Big Bang Theory.

Melhor Episódio:

An Existential Crisis and a Bear That Makes Bubbles (episódio 8) – Neste episódio, após assistir a uma aula de Filosofia, Sheldon começa a colocar tudo o que acredita, especialmente as coisas relacionadas com a ciência, em causa. Foi bastante divertido não só ver Sheldon a debater-se com todas essas questões filosóficas, mas também a forma como todos ao seu redor lidaram com essa situação.

Personagem de Destaque:

Georgie Cooper – apesar de qualquer um dos personagens poder ser escolhido, dado que todos eles são importantes para a história e ao longo dos 18 episódios cada um deles ter tido momentos de destaque que realmente mereciam ser mencionados, sinto que, depois daquele último episódio, não poderia escolher outra personagem que não Georgie. De forma a confortar a mãe, após a discussão desta com George Sr., Georgie fez-lhe uma sopa, mesmo nunca tendo feito uma antes na vida. Apesar da sopa estar longe de ser comestível, a intenção é que conta e isso definitivamente proporcionou um momento bastante bonito de se ver.

Por cá, podes acompanhar a série no AXN White.

Cármen Silva

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