This is Us – 02×12 – Clooney
| 20 Jan, 2018

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Depois de uma enorme tensão dramática na reunião familiar em torno da sessão psicoterapêutica de Kevin, depois dos acontecimentos que marcaram os irmãos na trilogia de episódios que se focou em cada um deles, este foi o episódio de seguir em frente e, ainda que menos emocionante que os anteriores, foi bastante revelador, permitiu aprofundar paixões desconhecidas e aproximar personagens distantes e até incompreendidas.

E comecemos pela personagem que mais paixão revela em tudo aquilo que faz: Randall Pearson. Desde o passado, onde meticulosamente monta uma pequena engenhoca que o auxilie a convidar uma rapariga para sair com ele; até ao Randall adulto, que coloca todo o seu amor no projeto escolar da filha, e tarda e teima em não embarcar em projetos profissionais que não o entusiasmem, que não tenham o significado que procura; e, sobretudo, no seu regresso àquilo que foi parte substancial da vida de William. Randall visita o prédio de William e encontra uma caixa que despoleta uma romântica caça ao tesouro, pois na caixa estava um poema sobre “a senhora de William”, um poema que não deixou Randall indiferente e que o lançou em busca desse possível amor do pai biológico. Ao longo da busca vai batendo porta a porta e conhecendo as vizinhas e vizinhos que conviveram e guardam boas memórias de William. Sobrevalorizando essa procura em relação à entrevista de emprego que não o entusiasmava, chegou finalmente à resposta. Não era bem a resposta que procurava; afinal de contas, a senhora do poema não era mais que uma diva do jazz (Billie Holliday), que tinha um cartaz com os olhos postos na janela do apartamento de William. Convenhamos que o resultado não poderia condizer mais com a paixão de William pela música e esse resultado teve um impacto imediato em Randall, que parece ter encontrado a sua nova missão: investir naquele prédio e melhorar a vida das pessoas que ali habitam.

Também Kate decide que este é o momento de seguir em frente depois de ter perdido o bebé, é hora de se preocupar com os preparativos para o evento que se avizinha, o casamento com Toby. Para isso tem um obstáculo a superar, renunciar de novo à fast food e encontrar o vestido de noiva ideal. No passado vemos parte da relação conflituosa de Kate com o seu peso. A ida familiar ao supermercado, para Kevin e Jack comprarem fatos, para Randall convidar a miúda para sair e para Rebecca e Kate irem juntas às compras, também à procura do vestido ideal para o baile de inverno, dá-nos novos dados sobre essa relação. A frustração de Kate ao não se conseguir encaixar no tamanho de vestido que idealizara é notória, ainda que a tente sempre esconder da mãe. O que acaba por ser interessante e talvez inesperado é a reação da adolescente Kate quando finalmente consegue baixar tamanhos no vestido e sente-se desconfortável, como que desenquadrada daquilo a que se habituara. No presente vemos progressos para Kate. A outrora irritante Madison começa a tornar-se numa amizade que poderá ser benéfica para ambas, uma vez que tanto uma como outra têm desafios a superar. Madison arranja uma sessão privada de prova de vestidos para Kate e, durante essa sessão, Kate apercebe-se do real problema de Madison, que parece sofrer de bulimia. No momento em que vemos Kate no papel da pessoa amiga que estende a mão a Madison, percebemos que Kate cresceu e percebemos que aquela amizade vai durar e surge até a ideia de um possível podcast.

E Kevin, enquanto no passado a família Pearson o arranca do sofá na ressaca de lesão que terminou com a sua paixão pelo futebol para irem juntos ao centro comercial, no presente ele decide que o próximo passo da sua recuperação é justamente recuperar o tempo perdido com a mãe e vai viver uns tempos para sua casa. Mas tal como ele se achava a quinta roda da engrenagem da família Pearson, também nesta casa há uma terceira roda numa “engrenagem” que nesta fase se desejaria que fosse a dois… Miguel! É notória a desilusão de Kevin sempre que vê Miguel no lugar que outrora foi do seu pai Jack. Miguel revelou no episódio passado que aceitava bem o seu lugar fora do círculo de confiança dos Pearson, que não tentava substituir Jack, até porque isso seria impossível. Mas ele quer de alguma forma incluir-se nas rotinas familiares. E, assim, não deixa o trio tornar-se um duo mãe-filho neste episódio, acompanhando-os inclusivamente às compras de supermercado para Kevin e originando um confronto acusatório entre ele e Kevin quando Rebecca não está presente. Mas depois temos a razão por detrás desse confronto: ambos querem proteger Rebecca, querem o que for melhor para ela. Mais tarde temos uma prova de que Kevin pode estar realmente a mudar, para melhor. Kevin mostra-se arrependido das palavras menos sensatas e ambos pedem desculpa um ao outro. Acho que a resposta de Miguel sobre a questão de já amar Rebecca enquanto Jack era vivo conforta Kevin e deixa-o mais à vontade com a relação dele com a mãe: Miguel explica que seria impossível, porque Jack e Rebecca eram “um só”, um verdadeiro amor. O que aconteceu foi que ambos encontraram conforto para as suas perdas um no outro e Rebecca revela mais tarde que encontrou ali uma fonte para recuperar alguma da felicidade perdida juntamente com Jack. E, mais uma vez, Kevin mostra-se mudado ao apoiar a mãe nesta relação que a deixa feliz, ao deixá-la sem constrangimentos para estar com Miguel quando ele está por perto.

Por fim, e como este episódio se focou muito em paixões, falta apenas falar do sonho de Jack, que foi partilhado por Miguel com o Kevin adolescente, a “Construtora Big Three”. Infelizmente, e em detrimento da sua família, nunca surgiu o momento ideal para arriscar nesse sonho e Jack sempre abdicou desse risco. Kevin sugere ao pai que aquele poderia ser o momento, mas o consciente Jack sabe que vem aí a época de faculdades dos filhos e provavelmente não será de novo a altura exata. No entanto, fica de novo a pensar sobre isso e partilha esses pensamentos com Rebecca. No meio dessa conversa temos um plano focado no teto, no sensor de incêndio e a dúvida se se esqueceram de comprar alguma coisa no supermercado … Será mais uma pista sobre a morte de Jack?

André Borrego

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