Legends of Tomorrow – 02×14 – Moonshot
| 18 Mar, 2017

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[Contém spoilers]

“Houston, we have a problem”

Com uma boa dose de drama, geniais momentos de comédia e ainda uma excelente caracterização histórica, Legends of Tomorrow presenteia-nos com uma memorável viagem ao passado, no lançamento da missão Apollo 13.

A busca de mais um fragmento da Lança do Destino leva a equipa a 13 de abril de 1970, ao coração do centro de comando da NASA e a mais um dos momentos históricos da Humanidade. Commander Steel teve um retorno glorioso e a sua dedicação à missão foi de louvar. Para além de Amaya, Henry Heywood foi o elemento da Sociedade da Justiça com direito a uma maior caracterização. O seu plano de se infiltrar a NASA de forma a esconder o seu fragmento num local inacessível foi uma jogada de mestre e o facto de a Legion of Doom ter conseguido arranjar maneira de chegar à Lua só realça a determinação e os meios desta equipa maligna.

Destaca-se ainda a caracterização de Eobard Thawne, numa visão do homem e do cientista e não tanto do vilão. Foi um dos pontos de excelência neste episódio, permitindo-nos perceber melhor esta personagem cujas motivações transcendem o poder ou o domínio, focando-se essencialmente na sobrevivência. Da trindade da Legion of Doom, o Reverse Flash tem-se distinguido, levando-nos até de certa forma a simpatizar por momentos com ele (pelo menos até nos lembrarmos que matou a mãe de Barry Allen). O team-up entre ele e Ray foi emocionante e, tal como nós, o Atom viu-se a simpatizar com a causa de Eobard, deixando-o escapar no final. Terá sido a melhor escolha? Ou Ray arrepender-se-á amargamente quando chegar o confronto final com a Legion of Doom ou, de certa forma, esta atitude benevolente poderá levar Reverse Flash a ajudar as legends no último momento. Acham que Eobard ainda tem algum pingo de humanidade dentro dele e poderá vir a ajudar os heróis? De qualquer forma, estando a equipa a combater um speedster desde o início da temporada, para além das armas contra eles podiam já ter desenvolvido uma cela que os conseguisse conter.

O choque entre Sara e Rip já era esperado; começou um pouco forçado, mas no final foi muito bem realizado. Chegando-se à conclusão que Rip, sendo um desajustado e exilado, só poderia mesmo pertencer às Legends. Em quem é que votariam para capitão da Waverider? Sara teve sem dúvida um melhor desempenho em unir a equipa e em transformá-los numa roda bem oleada, no entanto o conhecimento e a experiência de Rip, sem falar no seu poder tácito, são características que o tornam muito valioso. Pessoalmente, vejo Sara a continuar como capitã e Rip a assumir um papel mais de comandante. Espero que Rip não seja de todo retirado da série, pois os episódios em que ele não entrou perderam demasiado esplendor. Seja como herói ou vilão, o ator Arthur Darvill tem-se mostrado imprescindível para o sucesso da série.

A parte negativa do episódio deveu-se a um drama forçado e um sacrifício escusado e a plot holes ou explicações mal orientadas em certos enredos. Henry tinha mesmo que se sacrificar? A resposta para mim é simples e é não. Essa decisão serviu apenas para tentar dar grandiosidade à personagem e eliminá-la do elenco. Tudo bem que, não vendo opção de voltar ao seu tempo e recuperar a sua vida, a decisão foi mais de suicídio do que de sacrifício e, desse ponto de vista, é mais aceitável. Mas isso leva a debruçar-nos sobre a pouca consideração que Rip tem pelos seus companheiros, vendo-os como soldados, como peças dispensáveis a serem usadas apenas para o sucesso da missão (uma das razões porque Sara consegue ser uma capitã melhor do que ele). Outro ponto irritante são as aberrações temporais. Se Henry foi retirado da sua linha temporal, a história foi alterada nesse ponto, logo pela definição não deveria haver problema em reintroduzi-lo onde foi retirado, certo? Senão Amaya também não poderia voltar ao seu tempo. São incoerências ou uma escrita descuidada deste género que fazem o público perder certa fé na coesão da série. Será que Amaya, agora que espreitou o seu futuro, irá tentar mudá-lo? E se sim, irá isso ter efeitos na série Vixen da CW Seed? Foi um bom toque termos visto imagens da atriz Megalyn Echikunwoke a interpretar o seu papel da Vixen do presente.

Um dos meus problemas com Legends of Tomorrow é mesmo esse. Esta equipa enfrenta as ameaças mais grandiosas em todas as séries do Arrowverse, como nesta temporada temos o perigo dos vilões reescreverem a própria realidade. No entanto, é tudo encarado de forma demasiado goofy. O que não quer dizer que o estilo pateta seja mau, uma das grandes qualidades da série é o equilíbrio entre a leveza/comédia e o drama/ação. E existem outras séries que conseguiram dominar na perfeição o goofy e o drama, como Doctor Who (uma das minhas séries preferidas). No entanto, Legends of Tomorrow ainda tem que aperfeiçoar esta faceta.

Finalmente, em relação às críticas negativas: uma coisa é ignorar a teoria por detrás das coisas e focarem-se apenas no entretenimento, outra coisa bem diferente é tentarem e falharem. Os poderes dos speedsters não são afetados pelas regras normais da Física. Porquê? Porque a Speed Force é algo que transcende essas leis, ou seja, o Reverse Flash deveria poder usar os seus poderes no espaço (ainda que talvez não no seu máximo potencial).

Apesar de todos os pontos positivos do episódio nada bate a alegria de Ray a andar pela Lua e as referências ao filme The Martian (2015) – “agora sei como é que o Matt Damon se sentiu”; “I’m gonna have to science the crap out of this!”. O ex libris da semana, da temporada e quem sabe de toda a série, foi mesmo a cantoria de Stein. Nunca mais vou conseguir olhar para Victor Garber da mesma maneira. Ahahaha. “Hey, Mr. Tally Man, tally me banana” – Harry Belafonte, Banana Boat Song (Day-O).

Com apenas mais três episódios até ao final, será que esta segunda temporada se mostrará superior à primeira? O que estão a achar? O próximo episódio é imperdível para os fãs de uma das maiores sagas de sempre, “Fellowship of the Spear”. O título diz tudo num episódio em que o inigualável J.R.R. Tolkien será recrutado para ajudar as legends a reunir os últimos pedaços da Lança.

Emanuel Candeias

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