Outlander – 01×09 – The Reckoning
| 06 Abr, 2015

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01x09 - The Reckoning

01×09 – The Reckoning

Para quem não conhece a série, Outlander é baseada numa saga de livros da autora Diana Gabaldon. A história de Claire, uma enfermeira experiente casada de 1945, que é acidentalmente mandada para o passado e do seu marido Frank que, por sua vez, é um historiador da Escócia, consiste numa viagem curta em terras escocesas onde ambos assistem a um ritual druida que originou a suposta viagem no tempo da protagonista. Claire vê-se no tempo de quando os ingleses invadiram a Escócia para declarar supremacia e é acolhida pelo clã MacKenzie, onde encontra uma nova aventura amorosa ao lado do humilde e galã Jamie.

A Starz, produtora da série, renovou-a rapidamente mas, para descontentamento dos fãs, colocou-a em hiato assim que terminou o 8º episódio, sendo que este regresso ainda pertence à primeira temporada. Outlander é uma série artisticamente poética, que consegue reunir todos os elementos necessários para um excelente serão. Não tem ambições demasiado megalómanas nem se foca exclusivamente no romancismo aborrecido que outras obras do género acabaram por abraçar. A um primeiro contacto, a premissa parece pouco consistente e pouco interessante, assim que vemos uma mulher inexplicavelmente a ser transportada para um passado e a adaptar-se às condições deste novo ambiente, desenvolvendo uma relação furtuita quase que de imediato. De facto, o piloto de Outlander é, para quem está alheio aos livros, confuso e incompreensível.

Os fatores que a levaram ao sucesso residem no tratamento de um argumento minucioso e detalhado que encaminha o espectador a esquecer os pormenores originários da sua história-mãe. Assim que as aventuras de Claire na Escócia começam a tornar-se interessantes, o público tende a esquecer-se do recuo temporal e das personagens do tempo real que pouco foram desenvolvidas. É no passado que o futuro de Claire está em jogo, numa luta contra o próprio tempo em absorver as tradições (no mínimo enfadonhas) do clã que a acolheu e lidar com Jack Randall (antepassado do seu marido Frank) e as suas tiranias. O elenco de Outlander acaba por ser tão convincente, aliado ao guião lento e polvilhado de referências históricas, que é impossível não nos rendermos ao seu charme. Caitriona Balfe e Sam Heughan têm uma química inigualável, e a insistência por parte da equipa em realçar o seu romance, tem um resultado muito positivo no avanço narrativo. O amor que é construído gradualmente pelos dois acaba por vencer qualquer obstáculo real no seu caminho. Os pormenores paisagísticos, de linguagem, guarda-roupa e banda-sonora também não foram esquecidos e contribuem para a fluência e enriquecimento da história. Outra característica fabulosa é a narração de ambos os “pombinhos” que procura projetar o espectador para as suas perspetivas no que diz respeito aos acontecimentos que decorrem e à sua recente relação.

Agora que regressou do hiato, Outlander começa exatamente onde terminou, com Jamie a resgatar Claire das garras de Jack Randall. Portanto, se até ao 8º capítulo ouvimos Claire a narrar a sua adaptação aos costumes e pessoas do reino, agora é a vez de Jamie de contar aquilo que as suas raízes lhe ensinaram. Apesar de pertencer ao clã MacKenzie, Jamie continua à procura de aprovação por parte do seu tio Colum e do irmão Dougal; foi vítima de tortura de Randall (num episódio extraordinariamente violento) e foi forçado a casar com Claire, sendo que tudo isto foi em prole da proteção e honra do seu clã. Digamos que Jamie é o típico galã ingénuo que se insere no cliché de sofrer arduamente por uma causa nobre até encontrar um amor que console as suas mágoas. Há dois momentos em “The Reckoning” particularmente deliciosos, sendo eles a discussão entre os dois enamorados e o reatar após a mesma. A forma como Claire e Jamie se amam é de extremos e ambas as situações são tratadas com muito carinho por parte da equipa. Mesmo repleta de clichés, Outlander sobressai e conquista através das suas imagens estonteantes e elenco divinal, da sua humildade e ritmo pausado de desenvolvimento de história.

Sendo que “The Reckoning” assinala um regresso promissor, podemos esperar muitas surpresas ao longo dos muitos episódios que ainda estão por vir. Não é um episódio excelente, como é óbvio, mas é competente em manter o clima de sedução, fiel à sua linha narrativa e encantador no tratamento de uma relação amorosa que tem os pés bem assentes na terra sem recorrer à morte de personagens-chave (suck it, Nicholas Sparks!) e sem tornar os seus protagonistas aborrecidos pela constante abordagem romancista (algo que a Bella e o Edward deviam ter aprendido em Twilight.)

Nota: 8/10

Jorge Lestre

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